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NAJU

Já faz dois dias que a porra da Castro sumiu e ninguém não sabe de nada, e quem sabe, mente falando que não sabe.

Eu tô uma pilha de nervoso, podendo a qualquer momento explodir de ódio por ela me deixar no escuro assim. Th e Torres tem tentando disfarçar mas eu tô reparando bem em como os dois estão estranhos pra caralho, Tamires também.

odeio me sentir assim.

Hoje é sábado, são umas 17 horas mais ou menos, eu acho, estou tentando não ficar olhando o celular toda hora pra ver se tem notícias dela.

Tô passando o dia no hospital com a minha mãe, faturei bastante com as tranças esses últimos dias então estou me dando ao luxo de um dia de descanso, e momento de descanso significa aproveitar a minha mãe. Ela está dormindo, recém viemos pro quarto. Ela estava na quimio, e, falando nisso, os efeitos que isso causa estão ficando mais visíveis, não só fisicamente.

Ela não tem nem mais tentando se demonstrar bem, é perceptível o quanto ela está cansada.

A maluquinha da minha irmã veio aqui comigo ontem, elas se deram super bem, ela conseguiu arrancar uns risinhos da minha mãe e isso me deixou muito aquecida, muito.

A Maria Luiza está participando de um projeto grande que por conta de contrato, ela não pode me contar. Teoricamente ela conta um pouco. Mas só sei que é pra um empresa grande e se ela tiver os resultados esperando por eles, o que eu tenho certeza que vai ter, ela será efetivada e vai ter que ficar aqui, os pais dela só não sabem desse último detalhe...

Ainda não tivemos oportunidade de reunir geral pra conhecer ela de vez também, parte do motivo é por culpa da fodida da castro estar dando perdido.

ai que ódio, vontade de esganar essa garota.

Eu não sei se fico mais puta ou mais preocupada, eu sei que ela tem os bagulho pra fazer aqui no morro e fora dele, mas o que custa um "tô viva", ou só um "oi".

Tá, tudo bem que a última vez que a gente se viu eu me exaltei um pouco... mas eu tinha os meus motivos. Mas mesmo assim, pra encher o meu saco ela aparece rapidinho.

Escuto meu celular tocar e olho rápido pra ver quem é e vejo que é a Tamires, atende e vou andando pro lado de fora pra não acordar minha mãe.

TAMIRES: Ju, você tá no hospital? - ela fala com uma voz trêmula e eu já fico toda preocupada.

NAJU: Sim amiga, aconteceu alguma coisa? tá tudo bem? - escuto um fungo de nariz.

TAMIRES: Eu posso ficar aí com você? - meu coração se aperta.

NAJU: Claro amiga, com toda certeza, vem - ela musmurra um "tá bem" e desliga.

Eu entrego de volta pro quarto e me sento no sofá, roendo unha e olhando o celular pra ver se a Tamires vai falar mais alguma coisa. Olho pra minha mãe também e ela continua em um sono pesado.

Alguns minutos se passam e eu escuto duas batidas na porta, eu me levanto pra abrir e vejo a Tamires, com os olhos e nariz vermelho. Ela me olha meio sem jeito e eu só abraço ela sem dizer nada, ela retribui e eu faço cafuné na cabeça dela.

MINHA DONA É VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora