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CASTRO

Faz horas que todo mundo chegou aqui e há alguns minutos dormiram. Minha cabeça está a mil e não consigo pregar o olho, tantas coisas acontecem ao mesmo tempo.

Já pensei em mil possibilidades de acabar com tudo de uma vez e nenhuma me parece acabar bem. Dona Arlete já veio puxar a minha orelha e é muito difícil ela vir dar pitaco sobre as coisas que faço, então se ela veio dar é porque as coisas realmente estão feias.

não é como se não desse pra perceber antes…

Quando ela chegou aqui eu quase chorei por ver ela e principalmente por ver que ela já perdeu os cabelos dela, meu coração pesou por saber que eu não estava lá com ela nesse passo gigante do tratamento.

Eu sempre estufo o peito pra dizer que tudo que faço é pensando no melhor pro pessoal da comunidade, que é pra eles terem paz, conforto com a família deles, mas, e a minha paz e o meu conforto?

Existem lutas que devemos perder para conseguir ganhar a batalha. Eu quero continuar cuidando do pessoal da comunidade, mas quero cuidar da minha família também. Quero acompanhar o crescimento do meu pequeno, o tratamento da minha coroa e a trajetória da minha preta.

Eu quero formar uma família com a minha preta.

Sei que não é como se eu pudesse viver realmente confortável nessa vida, mas minimamente, dá sim. Única dor de cabeça grande é com o meu sogro, de resto, falta coragem até pra tentar se aproximar de mim e ficam só na promessa.

Meu telefone toca e eu saio dos meus devaneios. Apago o cigarro e puxo o celular do bolso, vejo que é a cunha e atendo.

CASTRO: Visão, cunha.

MALU: Eu encontrei a pasta com todos os documentos - me sento melhor na cadeira, ficando mais atenta - mas grande partes das coisas estão no nome da ana julia, castro. Eu pensei que eu era a laranja, mas é naju.

CASTRO: Tá de sacanagem?! Como assim essas porra tá no nome dela, Maria Luiza?

MALU: A conta no banco, equitares, contratos. Tem o nome dela em todo lugar - diz com a voz trêmula.

CASTRO: Onde você achou isso?

MALU: No..- escuto barulho de porta abrindo - puta que pariu, preciso desligar - a chamada cai e eu abro a aba de contatos, ligando para o Th rapidamente.

TH: Alô? - atende no segundo toque.

CASTRO: Onde a Maria Luiza está? - me levanto agoniada.

TH: Não sei, ela me mandou vir pá casa hoje e não me respondeu mais. Qual foi?

CASTRO: Ela encontrou os documentos e eu acho que pegaram ela - coço a cabeça - essas porra estão tudo no nome da Ana Júlia, porra.

TH: PUTA QUE PARIU, CASTRO - percebo ele ficando eufórico e escuto barulho de chaves - eu disse pra essa filha da puta não ir sozinha! teimosa da porra.

CASTRO: Onde ela está Th?

TH: Te aviso qualquer coisa - desliga também.

mas que porra?

Entro pra dentro de casa, fechando a porta da varanda e tomo um susto com a Torres no final da escada. Ela levanta uma sobrancelha e cruza os braços.

TORRES: Desembucha.

CASTRO: Alexandre passou tudo pro nome da Ana Júlia.

TORRES: O que? Do que cê tá falando? - descruza os braços.

CASTRO: A Maria Luiza achou os benditos documentos que tanto falava, só que está tudo no nome da Ana Júlia. Ele estava usando ela - a própria filha.

TORRES: Como?! A Ana Júlia sabe disso? Ela assinou os bagulho tudo??!

CASTRO: Isso não interessa agora. Tem a localização em tempo real do Th aí? - antes de resolver toda essa merda, preciso descobrir onde eles estão e como estão.

TORRES: Vou pegar meu notebook - sobe.

Ou eu faço um acordo muito bom que me ajude a ganhar tempo para um plano, ou morremos eu e ele em uma troca de tiro. Eu aceito morrer, mas ele vem junto.

Passa alguns minutos e ela desce, com o notebook e vestida com outras roupas. Ela joga roupa pra mim também e eu troco o pijama enquanto ela faz as paradas doida dela pa encontrar o Th.

Dá nem cinco minutos e ela já acha, mandando pro meu celular e pego a chave da minha moto, ela pega da dela. Deixo um bilhete escrito que já volto na bancada e saímos.

Passo o radinho enquanto piloto, avisando que é pra dobrar a vigilância na casa porque não estou. Penso em chamar reforços, mas não chamo. Sem jogos, vou resolver essa porra cara a cara, sem terceiros no meio.

TORRES: Conhece essas bandas aqui? - afirmo.

CASTRO: A última missão que o Mendes me passou foi três quadras a frente - respiro fundo.

TORRES: Que missão? - me olha de relance.

CASTRO: Queimar todo o armazenamento de cocaína e armamento dos melícia - confiro o endereço no celular.

TORRES: E queimaram?

CASTRO: Obvio que sim.

Acelero mais a moto, sentindo meu coração acelerar mais ainda e a adrenalina tomar conta de mim. Estaciono a moto no lugar que indica no mapa e saco a arma, descendo da moto. Torres faz o mesmo ao meu lado.

Olho em volta e tudo que vejo é apenas breu, as luzes do galpão em que supostamente eles estão, está toda apagada e não escuto barulho nenhum.

CASTRO: Nem a moto, nem o carro do Th está aqui - escuto um assobio baixinho, mas ainda não consigo ver nada.

XXX: Olha pra cima, minha linda - franzo a testa e olho pra cima, na direção em que escuto a voz.

Diferente do que imaginei, é a Celina, madrastra das garotas, que aparece na sacada de uma casa ao lado do galpão.

CELINA: Entrem! Estávamos esperando vocês - sorriu fraco de canto e eu e a Torres nos olhamos - vamos meninas, abaixem as armas e entrem, é só puxar a cordinha no porto - piscou e entrou para dentro de casa.

CASTRO: Quais são as chances da gente sair morta de lá de dentro?

TORRES: Muitas - respiramos fundo juntas e fizemos o toque, entrando logo depois.

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Qm é vivo sempre aparece....

MINHA DONA É VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora