CASTRO
Não tenho conseguido fazer nada direito desde o primeiro diagnóstico da tia Arlete, fazia muito tempo que eu não sentia essas paradas, como se tudo travasse, inclusive eu, é estranho, eu não consigo respirar, minha mão começa a tremer e cria um bolo na garganta.
Sentia esses bagulho estranho só quando meus pais morreram, depois foi parando, tia Arlete que me ajudava com essas coisas, mas dessa vez não tinha como, eu que tinha que ajudar ela agora.
Eu precisava ser forte porque essa doença aí é fudida demais, eu tô mal por toda essa situação, mas é ela quem vai ter que fazer aquelas paradinhas lá e ficar mal pá caralho, eu andei pesquisando e vi o que isso faz com as pessoas.
A Proximidade da naju tem me desnorteado pá caralho também, meu corpo não me obedece nessa porra e com um simples toque dela ele desmonta, eu senti falta sim, tá ligado? mas minha mente fica falando um monte de merda pá mim. Eu tô aqui abraçada com ela ainda, não consegui pregar o olho, mas ela apagou a um tempinho, eu já tentei me mexer pá sair, mas ela colou mais os nossos corpos e enroscou a minha mão na dela e nossas mãos de baixo dela.
Ela sempre teve essa mania de me prender quando a gente dormia juntas, a gente via muito filme de terror e ela ficava com medo de alguém me levar no meio da noite, no final das contas levaram ela.
Eu já tinha esquecido essa parada, tinha esquecido tudo já, mas a maldita tinha que voltar, me sinto com 15 anos de novo e eu não gosto nem um pouco disso.
Tudo isso é confuso pá porra, puta que pariu, tem o estresse que o Mendes tá me causando com essa porra de invadir morro também, ele não quer desistir, então quase todo santo dia a gente bate de frente.
Eu não quero saber, foda-se, tô pouco me fudendo pro caralho que ele é, em respeito a Tamires eu tô mantendo o controle, mas papo reto, tô ficando cansada dessa porra, se quer ir pá uma missão suicida e que tem a cara do golpe, vai, mas vai sozinho.
Autoridade aqui sou, não tem fulano, não tem ciclano, não tem porra nenhuma, a dona desse caralho todo sou e ele não passa de um braço direito, braço esse que agora não tá servindo pá porra nenhuma.
Tá decidido, ela bota a porra desse pé pá fora do morro em direção o morro o do batuca e ele nunca mais volta porque eu irie tomar o lugar que eu já deveria ter tomado a muito tempo
Uns podem enxergar como falsidade, mas novamente, estou pouco me fudendo, porque quem é de verdade, sabe que tudo o que eu faço é pensando no melhor pros moradores daqui, diferente do filho da puta que só ta pensando em dinheiro.
Nem tive cabeça pra olhar aquela pasta ainda, não sei porque mas algo me diz que eu não vou gostar nada do que tem nela, pode ser coisa de doido, mas sei lá. Mas depois cuido dessa porra aí, primeiro eu preciso resolver essa confusão que o morro está.
Naju se remexe na came e se vira, deitando o rosto entre o meu meu pescoço e deixa o braço todo torto, mas não solta a minha mão, tento tirar pra ela não acabar de machucando e ela resmunga algo em uma língua indecifrável.
Respiro fundo e faço cafuné nela, sinto o inferno das lágrimas querendo voltar e a minha vista pesar, fecho os olhos pá impedir o choro e acabo dormindo.
[...]
Acordo sentindo um peso em cima de mim se mexendo e abro os olhos, vendo a naju tentando desenroscar o corpo do meu e ela toma um susto quando me vê de olho aberto.

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MINHA DONA É VOCÊ
Fanfiction📍 VIDIGAL, RJ Seis anos se passaram, e Ana Júlia retorna ao Morro do Vidigal com dois objetivos claros: concluir o curso de enfermagem e cuidar de sua mãe, Dona Arlete. O que ela não esperava era reencontrar um antigo amor da adolescência, que agor...