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CASTRO

CASTRO: E aí? Como foi a gira? - abro a porta coroa entrar.

ARLETE: Boa - entro no carro e ela esfrega as mãos uma na outra - como foi o jantar?

CASTRO: Não foi, naju acabou ficando ocupada e a gente desmarcou - ligo o carro e dou partida - tá com fome?

ARLETE: Filha, a cigana da neuza te mandou um recado - olho ela de relance, esperando ela dar continuidade - Ela disse que tem te guiado, que você vai precisar ter a cabeça no lugar pra resolver as coisas e não ter atitudes impulsivas. Mariazinha desceu também e reclamou da chupeta e a mamadeira que tu tava devendo ela, mas também mandou tu acender vela.

CASTRO: Eu preciso arrumar um tempo vir, tô vacilando feio.

Eu tinha o costume de frequentar bastante o terreiro com a naju, depois que ela foi embora, vinha as vezes com a tia Arlete e a força que eles me deram não tá escrito. Depois que entrei boca, parei de frequentar, vinha uma vez na vida e outra na morte.

ARLETE: Vou preparar um banho de ervas pra tu hoje e cuida de acender essa vela, Lavínia!

CASTRO: Pode deixar, coroa - estaciono o carro em frente o portão e saio do carro, fechando a minha porta e abro a dela - o que precisa senhora fazer esse banho aí?

ARLETE: Eu já tenho tudo aqui - entramos em casa e eu me sento no sofá - pode ir lá atrás da naju, quando terminar aqui te chamo - sorrio.

CASTRO: Senhora já sabe né?

ARLETE: Eu? Eu não sei de nada... - se faz de desentendida e sai andando.

Eu subo pro quarto e dou três batidas na porta da naju, abrindo a porta quando ela fala entrar. Procuro ela com olhar e vejo ela sentada na cama, limpando lágrimas do rosto.

Entro rapidamente, fechando a porta e me sento de frente ela, puxando ela deitar no meu peito e ela aceita de bom grado, me abraçando forte e eu retribuo.

CASTRO: Quer me contar o que aconteceu? - nega - tá bom. Pode botar fora vida, tô aqui contigo.

Deito ela na cama e me deito do lado dela, aconchegante ela em mim e destruio beijos carinhosos pelo rosto dela e faço cafuné.

Fico em silêncio, escutando a respiração dela se acalmar e o soluço de choro sumir. Não sei o que está acontecendo e isso me deixa aflita, neurada também, mas não quero forçar ela a falar. Mas também quero saber que porra está acontecendo.

NAJU: Vai pegar plantão que horas?

CASTRO: 1h da manhã, largo 6h só. O que tá acontecendo, preta? E o filho da puta do teu pai de novo? Ou eu fiz algo?

NAJU: Você não fez nada, paixão - faz carinho no meu rosto e me dá um selinho - fica aqui comigo até você pegar plantão, pode ser?

CASTRO: Se não sou eu, é teu pai então? Eu vou pegar esse filho da puta, Ana Júlia.

NAJU: Merda, Castro. Não quero bater boca contigo agora, hoje não - segura meu queixo olhar ela e eu permaneço com cara fechada.

MINHA DONA É VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora