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CASTRO

CASTRO: Dona Arlete, tenho uma missão pra senhora hoje - fala entrando na cozinha.

ARLETE: Lá vem...

CASTRO: Presta atenção. A senhora vai largar essa louça aí, vai por um chinelo nesse chão frio e vai ralar pro teu quarto, deitar na tua caminha. Fechou? - me olha indignada.

ARLETE: Vem cá Lavínia, eu estou doente e não morta. Tenho força suficiente pra te dar uma bela coça, menina - rio fraco.

CASTRO: Deixa de papo furado e vai se deitar, teimosa, eu lavo isso aí - me aproximo da pia e ela revira os olhos.

ARLETE: Vocês são umas chatas, não me deixam fazer nada! - resmunga - eu tô bem, ora!

CASTRO: Você que parece que tá com formiga na cama, não para quieta um segundo lá - começo a lavar o restante da louça.

ARLETE: Babá bocuda... não fui com a cara dessa garota não hein - faz rabo de olho - vigia, dona Lavínia.

CASTRO: Isso é implicância, só porque pedi pra ela ficar na contenção mim.

ARLETE: Isso se chama pressentimento, Lavínia Castro - cruza os braços - a leucemia não me deixou cega não - faz "hm" nasal e sai andando pro quarto.

A babá não apresenta perigo, ela foi selecionada a dedo. Não botaria qualquer um dentro de casa mas é nunca, principalmente nessa casa.

Dona Arlete bateu boca comigo de que não precisa de enfermeira nenhuma cuidar dela porque ela está bem o suficiente se cuidar no momento, que se achar necessário alguma hora, ela vai me falar. Óbvio que não levei fé, pedi babá ficar de olho nela e me passar a visão.

A garota pelo visto não sabe disfarçar um nada, tudo bem que não é a função dela isso, mas porra né.

Termino de lavar a louça e deixo ela secando. Pego meu celular e mando mensagem pro cara do lava jato, perguntando se meu carro já está pronto e guardo o celular.

ARLETE: Escuta, ana me avisou que vocês vão jantar hoje, eu também vou sair - fala voltando pra cozinha - podem me buscar na volta? Vou pro terreiro.

CASTRO: Claro, a gira vai acabar que horas? Outra, vê se não faz muito esforço coroa.

ARLETE: Não me faça pergunta difícil, me dêem um toque quando estiverem subindo.

CASTRO: Já é. Débora vai também? Nunca mais vi ela indo - nega.

ARLETE: Ela vai sair com o Arthur mais o pai do menino... - fecho a cara.

CASTRO: Quero saber quem é esse otário, some e aparece do nada como se a porra da vida fosse um morango.

ARLETE: Não me pergunte quem é, eu também não sei e não vou ficar perguntando pra garota - estalo a língua - bom, vou me deitar. Quando sair bate a porta - sai andando novamente.

Não é de hoje que eu tô só de olho esse pai misterioso do muleke. Não sobe aqui, aparece quando quer. O jeito vai ser eu mandar algum vapor ficar de olho mim, não gosto de ficar no escuro.

Meu celular toca e eu olho a tela, vendo o contato do lavo a jato brilhante e eu atendo.

CASTRO: Visão.

MINHA DONA É VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora