—— Ele sabe que você trabalha na polícia? —— Zara perguntou oferecendo um copo de água para o amigo.
—— Não e você não dirá uma palavra sobre isso a ele —— Respondeu assertivo enquanto esperava a hora para ir a casa de Lorenzo.
—— Você sabe que isso é suicídio! —— A mulher falou segurando o rosto de Henrique que fugia dos seus olhos. Zara encarou o amigo seria, ele conhecia Lorenzo há um ano e ela sabia do que ele era capaz.
—— Não posso te contar nada, Zara —— Respondeu segurando as mãos apoiadas no seu rosto e inclinou-se para deixar um beijo na testa de sua amiga.
—— E se você se apaixonar por ele ou pior, o Lorenzo se apaixonar por você, o que farás? —— Henrique riu, a incredulidade desenhada no seu rosto não passou despercebida de Zara.
—— Tenho a certeza que ele tem melhores opções e só estou fazendo isso por trabalho, nada mais —— A mulher quis intervir quando notou o tom amargurado de seu amigo mas não quis prolongar.
—— Tem cuidado, Henrique —— Falou antes de abraçar o maior que podia sentir a angústia palpável vindo de Zara e os dois passaram por momentos difíceis juntos.
Henrique afastou-se de sua amiga quando alguém bateu na sua porta e ele sabia que era um dos homens de Lorenzo que tinha vindo buscá-lo.
—— Come direitinho e nada de café para não dormir —— Advertiu a mulher negra de cabelo branco quando viu que ele ia responder, empurrou-o levemente esperando que fosse embora, ela ainda estava chateada consigo.
O caminho para a casa de Lorenzo foi em total silêncio e Henrique perdido nos seus próprios pensamentos.
Olhou-se através da tela do seu telemóvel questionando a sua beleza, trajava a roupa menos confortável dentro do seu guarda-fato, uma calça formal que Zara havia comprado para si, apertava um pouco o seu quadril entretanto tentou ao máximo fingir que aquilo não o afectava.
O seu rosto tinha a pouco barba cobrindo o queixo forte e os lábios cheios que odiava, tão macios e lisos que a ponta do seu dedo passava sem dificuldade alguma por eles.
Passou a mão pelas rugas levemente se formando pelas maçãs do rosto, marcas deixadas pela idade e símbolo de um dia fora um homem que constantemente sorria.
Assim que chegou enfrente a garagem de Lorenzo, respirou fundo antes de sair do carro se preparando para seja lá o que Lorenzo queria consigo.
—— Já vou —— Escutou do outro lado da porta assim que tocou a campainha, cruzou os braços quando o moreno demorou de sair e voltou a tocar a campainha mas desta sem parar.
—— O que é, merda? —— Lorenzo gritou ao abrir a porta. Henrique poderia ter se chateado com a gritaria desnecessária do moreno porém os seus olhos estavam presos no dorso nu do italiano.
O agente policial engoliu seco a medida que os seus olhos observavam maravilhados pela água deslizando pela pele branca com algumas cicatrizes marcando-a, o cheiro a shampoo vindo dele agradou o homem negro.
A cicatriz no peito no Lorenzo ainda o intrigava, ela era igual a marca de nascença que tinha mas no momento não pensou.
Henrique sentiu a sua boca quando percebeu o volume coberto pela toalha branca. Lorenzo sorriu orgulhoso enquanto observava Henrique olhando para si como muitos dos homens que viam o seu físico atraente.
—— Terminou? —— O mais velho sentiu o rosto esquentar com a questão provocadora de Lorenzo porém o ignorou completamente e entrou indo sentar no sofá mais próximo a ele pelo menos as suas pernas aguentaram até ali.
—— Dá para vestir alguma coisa? —— Lorenzo parou na frente de Henrique que evitava ao máximo olhar para ele.
O moreno segurou a cintura do polícia com força o fazendo endireitar a sua postura e pousou as suas mãos no peito nu de Lorenzo.
Henrique sentiu um arrepio percorrendo o seu corpo inteiro quando o homem apertou com mais força a sua cintura, o puxando para mais perto.
Lorenzo mordeu a sua boca ao se imaginar saboreando aqueles lábios carnudos que o homem negro tinha, havia beijado uma vez mas não conseguia esquecer a textura macia e viciante de mordiscar.
—— Te incomoda? —— O italiano perguntou olhando fixamente para o homem que obviamente se controlava para não ceder.
Henrique não aguentou e capturou a boca de Lorenzo que retribuiu enroscando a sua língua com o homem abaixo de si.
“É só pelo trabalho” Pensou apertando os fios molhados de Lorenzo enquanto se deixava e se deixou levar pelo prazer há muito esquecido.
Lorenzo puxou o mais alto para perto mesmo estando quase colados, ele queria mais como um viciado desejava a sua droga. Podia sentir o calor através da roupa que Henrique vestia mas parou ao lembrar da última vez que ele havia dito não estar pronto.
Os lábios carnudos húmidos e inchados pelo beijo recente e gosto de ver a dúvida naqueles olhos pedindo por mais, as íris castanhas engolidas pelo puplia negra.
Lorenzo passou delicadamente a ponta dos dedos pela boca do maior que seguiu o gesto com os olhos porém não teve coragem para dizer que queria que o moreno continuasse.
Henrique recompôs a compostura quando o moreno se afastou dele porém continuou na sua frente.
—— Não foi para isso que eu te chamei hoje —— Disse deixando o mais velho antes de desaparecer da vista do homem negro.
Henrique tocou a boca ao lembrar do beijo intenso que Lorenzo havia lhe dado, ainda podia sentir o aperto forte ao redor da sua cintura.
Balançou a cabeça se negando a acreditar que havia tomado iniciativa para beijar o Rossi. Era suposto ele estar ali só para conseguir as provas e não se deixar seduzir por Lorenzo.
Passados alguns minutos, Lorenzo regressou totalmente vestido na sua roupa formal como de costume.
O seu cabelo estava penteado num topete para trás deixando a sua testa a vista, a sua grande altura favorecia o terno azul claro que trajava, o relógio de marca no seu pulso e as mãos cobertas por veias atraiam a atenção de Henrique.
Henrique notou a vermelhidão desaparecendo aos poucos nos dedos do italiano e ergueu-se para segui-lo.
—— Problemas? —— Perguntou apontando para as mãos de Lorenzo. Os olhos cinzentos voltaram a sua atenção para as suas mãos.
—— Nada que precise se preocupar —— Disse indo abrir a porta para o homem que saiu não querendo saber mais sobre o assunto.
Ele não queria envolver Henrique na sua vida profissional questionável, era perigoso e um caminho sem volta mesmo sabendo que Lombardi e seus inimigos estariam de olho em Henrique.
O agente policial cruzou os braços quando Lorenzo abriu a porta do seu carro para que ele pudesse entrar.
—— O que você quer comigo? —— Henrique perguntou deixando o moreno com a mão estendida na porta do carro luxuoso.
—— É meio óbvio, não acha? —— O moreno respondeu com uma sobrancelha erguida, para ele pareceu a melhor resposta para dar no momento, mesmo que sincera, cutucou a insegurança de Henrique.
“O que eu esperava?” Mordeu o interior do lábio indo entrar no carro de Lorenzo em silêncio total. O moreno fechou a porta, entrou no carro.
Lorenzo notou que as suas palavras haviam afectado o homem negro mas ele somente havia sido sincero, ele não desejava se entregar para uma pessoa que claramente queria alguma coisa de si.
Porém ele sentia que alguma o conectava a Henrique e ele estava disposto a descobrir o que era aquela sensação de que o conhecia de algum lugar.
—— Come frutos do mar? —— Henrique colocou o cinto de segurança quando percebeu que o moreno ia fazê-lo e tirou o telemóvel do bolso.
—— Sim —— Respondeu seco. Henrique mandou uma mensagem a Zara avisando que voltaria um pouco tarde para casa e Lorenzo ligou o motor os levando ao novo destino.
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Pecados Do Coração
RomanceNuma cidade onde a linha entre o certo e o errado é tênue, Henrique Costa, um policial determinado a provar seu valor, se vê envolvido em um jogo perigoso ao ser designado para se infiltrar na boate do criminoso mais procurado do mundo. O que era pa...