Capítulo 20

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—— Não aguento mais isso —— Christine tomou um susto quando Henrique entrou no escritório do Cross, os dois tomavam café enquanto colocavam a conversa em dia.



—— O Rossi está te fazendo bem, você engordou —— Comentou Ezequiel com veneno na voz antes de começar a rir e a mulher loira o acompanhou.



—— Eu quero sair do caso —— Disse com firmeza interrompendo os dois que riam zombando de si.


—— Nos deixe a sós, Bright —— Ezequiel disse com a cara trancada e não desviou os olhos castanhos penetrantes de Henrique enquanto a mulher loira saía do seu escritório. A porta fechou indicando que estavam sozinhos.


Ezequiel ergueu a sua grande altura e caminhou até parar na frente do polícia que manteve a postura erecta para não mostrar o leve medo que sentiu ao ver aquele olhar.



—— Repete —— Henrique olhou para o punho cerrado do seu chefe, engoliu seco antes de repetir que queria sair do caso.


Sentiu a mão firme apertando o seu queixo assim que as palavras abandonaram a sua garganta.



—— Enquanto não me trouxer aqueles malditos papéis você está nas minhas mãos, não se esqueça que eu sou o superior e posso tornar a sua vida um inferno em qualquer lugar que for procurar emprego —— Ameaçou com o tom autoritário que assustou Henrique porém se manteve firme e removeu a mão do seu queixo.




—— Estamos em um país livre, não pode me obrigar a trabalhar —— Respondeu com convicção.




—— Obedece-me ou faço a mesma coisa que fiz àquelas aberrações que você carregava mas desta vez com os seus pais, fui claro? —— O polícia engoliu as lágrimas quando as recordações dos tempos que Cross era gentil consigo e parecia ser uma boa pessoa porém descobriu estar enganado da pior maneira.





—— Quero àquelas porcarias na minha mesa o quanto antes e não me teste, Henrique, sabes que cumpro sempre com as minhas palavras —— Henrique saiu do escritório de Cross às pressas que mal percebeu que Christine estava na porta.





Lorenzo andava de um lado para o outro esperando a ligação de Henrique, já haviam passado horas desde o encontro que teve com o seu pai mas não tinha nenhuma notícia dele.



—— Tenho a certeza que ele vem —— Anaya disse guiando o filho para sentar-se no sofá. Lorenzo correu para a porta assim que escutou a campainha tocando, o seu coração estava a mil enquanto abria a porta.

Lorenzo sentiu um aperto no peito assim que se deparou com os olhos inchados de Henrique e pelos soluços baixos ainda estava chorando.

O homem negro abraçava o próprio corpo por causa do frio da noite e ele apenas trajava um calção moletom com chinelos e um camisa de mangas longas.

O moreno ajudou o mais velho a entrar e Anaya veio imediatamente acudir o namorado do seu filho.

—— Coitadinho, você está gelado —— Anaya disse entregando uma manta para aquecer o homem negro que chorava sem parar.

Henrique estava tentando se controlar porém não conseguia parar de chorar e Lorenzo olhou para a sua mãe pedindo ajuda pois ele se afastou quando tentou tocá-lo.

Lorenzo ficou magoado com a reacção do homem mais velho e Henrique não queria fazer aquilo porém foi um gesto inconsciente.

—— Eu não devia ter vindo, sinto muito pelo incomodo, Anaya —— Disse levantando porém a mulher de idade impediu Henrique de sair quando percebeu o seu estado frágil.

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