Capítulo 23

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Henrique respirou profundamente antes de entrar na lanchonete onde encontraria com o seu chefe e finalmente daria um fim aquela missão que havia custado tanto a concluir.

—— Não és totalmente inútil ao todo, Costa —— Cross comentou recebendo a caixa que Henrique segurava nas mãos e mal se importou em esperá-lo sentar.

Ezequiel sorriu eufórico quando abriu a caixa e viu os documentos e fotos que procurava a tanto tempo, ele finalmente levaria Francesco a cadeia.


—— Cumpri a minha parte do acordo —— Ezequiel ergueu uma sobrancelha olhando para Henrique de cima para baixo surpreso, ele conhecia o polícia há muito tempo para perceber que algo estava diferente.




—— Você engravidou daquele filho da puta? —— Henrique manteve uma expressão neutra diante a afirmação de seu chefe. A vida era sua e podia muito bem fazer o que quisse com ela.



—— Vim falar sobre trabalho e não dá minha pessoal, senhor Cross —— O homem enrugou a testa não gostando da resposta de Henrique e aproximou ao outro e passou a sua mão na nuca de Henrique o impedindo de se afastar.




—— A sua promoção é uma garantia, Costa —— Disse olhando fixamente para Henrique que manteve a postura firme, não iria permitir que Cross voltasse a fazer o que quisse consigo, não era mais aquele jovem tolo.




—— Eu sabia que você era idiota mas engravidar dele é burrice. Aguarde a minha ligação enquanto isso não volte para a delegacia até segunda ordem —— Falou soltando Henrique que massageou o local pois Cross havia apertado com muita força.



Henrique saiu dali sem mais demoras, ele teria um almoço com Lorenzo em uma hora então não tinha tempo a perder.


—— Tirou as fotos? —— Ezequiel sorriu virando-se para o homem loiro que vinha em sua direcção. Lombardi balançou a câmera que tinha nas mãos e Cross voltou a sua atenção para Henrique que entrava num carro luxuoso certamente de Lorenzo.


—— Se conheço bem o Lorenzo, ele será um homem morto ao fim desta noite —— O chefe de Henrique somente voltou a comer para disfarçar o seu desconforto com a gravidez.





Lorenzo esperava ansioso por Henrique, estava suando frio e mal sabia que palavras usar para declarar o seu amor e tamanha alegria por descobrir que seria pai.


Tirou a caixinha vermelha onde tinha o anel que iria entregar a Henrique. Havia conhecido o homem há seis meses mas não sabia explicar o motivo de sentir que o conhecia há anos e querer cuidar dele principalmente depois que foi o conhecendo.

Henrique revelado um lado que Lorenzo desconhecia porém estava realizando o seu desejo de ter um parceiro que realmente o amasse e agora estava prestes a construir uma família.



O moreno levantou-se quando percebeu que Henrique vinha em sua direcção. Ele estava radiante apesar da escolha modesta da roupa, uma calça jeans que o servia perfeitamente, nem apertada nem muito larga e a camisa preta de mangas compridas junto do casaco que vestia por cima.





Lorenzo ficou confuso ao deparar-se com a visão de Henrique, vestido de forma elegante, em um salão iluminado apenas por velas, criando uma atmosfera que remetia a tempos que lembravam a era vitoriana.

As paredes de pedra maciça, cobertas por tapeçarias ricas em tons profundos, estendiam-se até o teto abobadado. No centro do salão, um grande candelabro pendia do alto, emitindo uma luz dourada que dançava nas superfícies polidas das mesas e talheres.


Cada mesa era adornada com toalhas de linho bordadas à mão e arranjos de flores campestres, proporcionando um contraste delicado com a robustez das paredes de pedra. As cadeiras eram esculpidas em madeira escura, refletindo a habilidade artesanal da época.


O aroma de especiarias e carnes grelhadas pairava no ar, evocando um banquete preparado com esmero. Servos trajados em vestes de época circulavam pelo salão, atendendo às necessidades dos presentes, enquanto músicos tocavam violino e piano, adicionando uma trilha sonora sutil.

Henrique, com seu traje elegante, destacava-se entre os convivas. Um manto ricamente bordado caía sobre seus ombros, complementando sua vestimenta repleta de detalhes. Seus sapatos de couro polido ecoavam os passos sobre o chão de pedra.

A luz das velas criava sombras dançantes nas paredes, contribuindo para uma atmosfera de mistério e romance. Cada vela em seu suporte de ferro forjado emitia uma luz quente, criando um ambiente intimista que enfatizava a grandiosidade do salão.

A confusão de Lorenzo ao ver Henrique nesse contexto vitoriano era palpável, uma fusão inusitada entre o passado e o presente, criando um cenário único.



Balançou a cabeça levemente para ver se estava sonhando, porém a pontada que sentiu no peito o provou que não estava sonhando.


—— Está tudo bem? —— Henrique perguntou preocupado quando notou que o moreno estava um pouco aéreo e Lorenzo segurou o rosto do homem negro que ficou tímido com o gesto.


—— Tem pessoas aqui, Lorenzo —— Murmurou fintando as pessoas ao redor e mordeu o lábio inferior nervoso fazendo Lorenzo o soltar. O Rossi particularmente gostava do facto de Henrique não ser vulgar e somente mostrar um lado mais atrevido quando estavam sozinhos.


—— Usou perfume? —— Henrique perguntou tapando o nariz e a boca para segurar a vontade de vomitar. Lorenzo riu baixo antes de assentir e puxar a cadeira para o namorado que tomou um pouco de água.


—— Babe —— Chamou ao agente policial que olhou para si com antecipação pairando no ar e Henrique gritou alto quando viu a caixinha vermelha na mão de Lorenzo.


Lorenzo ajoelhou-se na frente de Henrique que estava ansioso esperando que o moreno começasse a falar. O mais velho estava tão eufórico, durante os seus trinta e dois anos de vida aquela era a primeira vez que o pediam em casamento por estendeu a mão e disse:




—— Eu aceito! —— O primogénito dos Rossi ficou surpreso com a declaração de Henrique, ele sequer havia feito o pedido porém ficou feliz com a resposta do mais alto.

Os olhos castanhos brilhavam com tanto amor quando o anel dourado entrava no seu dedo anelar e Lorenzo deu um beijo suave no noivo. Lorenzo sabia que Henrique corria perigo e estar com ele possivelmente era a pior das ideias mas decidiu fazer parte da vida dele.


—— Bom apetite , senhores —— Disse o garçom quando serviram o almoço e Henrique comeu como se não houvesse amanhã algo que agradou bastante o moreno.


—— O que foi? —— Lorenzo perguntou ao perceber que o seu noivo tinha a mão na boca e correu as pressas até a casa de banho onde desejou tudo que havia comido.



—— Acho melhor voltarmos, você não me parece nada bem —— Henrique lavou o rosto para tentar espantar o enjoo. Lorenzo olhou para preocupado para o homem negro quando notou que estava um pouco pálido.


—— Quero chupar limão —— Falou assim que entrou no carro. Henrique estava desejoso por chupar limão, a água encheu na sua boca só de imaginar o sabor amargo em contacto com a sua língua.

Lorenzo riu ao lembrar que aquele seria o seu cotidiano pelos próximos meses, um destino que estava mais que disposto a seguir.

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