Capítulo 05

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—— Enquanto estiver no Paradiso só manteremos contacto através disto —— Cross disse entregando um telemóvel preto e o homem o recebeu sem questionar.

—— Qualquer coisa mando mensagem ou ligo para esse número —— Henrique sentiu-se um pouco nervoso ao recordar de Lorenzo e o acontecido na noite que teve de tirar coragem do céu para seduzi-lo.

Henrique se dava bem quando o assunto era trabalho mas era diferente quando se tratava da sua vida amorosa.

—— Quanto a minha identidade? Tem certeza que eles não sabem nada sobre mim? —— Questionou para ter a certeza, ele temia mais pelo bem estar de Zara que a si mesmo.


—— É fácil encobrir um homem pouco conhecido, Costa. Agora vai! —— Disse dando palminhas no seu ombro.



Zara segurou o braço do amigo que parecia perdido nos seus pensamentos, os dois entraram no edifício onde vários homens vigiavam.

—— A segurança é mais apertada que as cuecas de uma freira —— Disse ganhando uma gargalhada da mulher platinada e os homens vestidos casualmente voltaram a sua atenção para os dois.

—— Essa foi óptima. Vem, vamos trocar de roupa —— O agente policial olhou para o casaco que vestia e por um momento cogitou a ideia de voltar para casa.

Assim que as luzes avermelhadas entraram apareceram no seu campo de visão, Henrique repensou a ideia de mostrar o seu corpo para um monte de pervertidos que o veriam dançando.

Poderia odiar o seu corpo mas ele estava ali para conseguir a promoção que deseja ganhar há tempos e qualquer coisa valia desde que complectasse a sua missão.

—— Relaxa, o Lorenzo não deixa nenhum pervertido se aproveitar dos seus trabalhadores —— Zara disse quando notou que o seu amigo estava demasiado pensativo, ele sempre ficava assim quando não queria fazer algo.


—— Não estou preocupado com isso —— Mentiu com uma confiança aparente porém no fundo estava pulando de alegria pela informação que recebeu.


—— Boa noite, Carlos —— Cumprimentou Zara com um sorriso enorme no rosto e Henrique estendeu a mão para saudar o homem que possuía tatuagens bem extravagantes espalhadas pelos seus braços.

—— Tu deves ser a cereja do bolo —— Falou deixando o homem negro confuso. Carlos, o homem pelo qual Zara sorria como uma boba apaixonada apontou para o outro lado do corredor.


—— O chefe pediu para ir ao escritório dele —— Henrique deixou um beijo leve no rosto da mulher negra que retribuiu antes de seguir caminho para o vestiário feminino.

Henrique entrou no vestiário masculino e por estar sozinho sentiu-se confortável em trocar de roupa. Primeiro trocou a calça que ele havia feito questão de pedir um tamanho maior que o seu para não ficar marcado.

Assim que tirou a camisa para vesti-la, tomou um susto quando a porta foi aperta abruptamente e Lorenzo entrou por ela.


—— Eu mandei vir ao… —— Lorenzo ficou num silêncio sufocante principalmente para Henrique que estava pensando na pior das coisas porque o moreno ficou encarando o seu dorso nu.

Lorenzo engoliu seco maravilhado com a visão dos deuses que os seus olhos contemplavam, a pele escura que parecia sedosa por causa do seu brilho, a cintura forte que facilmente acolheria as suas mãos e os mamilos escuros que fizeram a sua boca encher de água.

O primogénito de Francesco sentiu um leve ardor na sua bochecha antes de ser empurrado e a porta fechada na sua cara.

“Sou um homem morto!” Pensou assim que se apercebeu que havia dado uma bofetada em alguém como Lorenzo mas fazer o que? Foi uma reação impulsiva.

Ao abrir a porta deparou-se com a testa enrugada de Lorenzo e tinha os braços cruzados como se esperasse ele sair, o agente policial quase riu quando notou o vermelhidão no rosto do italiano.

—— Achou engraçado? —— Perguntou com o maxilar trincado. Henrique notou os dedos avermelhados de Lorenzo, resultado do pequeno evento do dia anterior mas o homem negro não deu importância.

—— Tu mereceste! Não se entra assim quando a outra pessoa está se vestindo, seu bruto —— Respondeu erguendo o queixo em confiança, não iria permitir que o homem o humilhasse.

—— Cada centímetro deste lugar pertence a mim e eu entro onde e quando quiser —— Lorenzo reprimiu a vontade de devolver o tapa quando Henrique o olhou com deboche.

—— Disseram que querias falar comigo, então o que queres? —— O moreno aproximou-se do homem de lábios carnudos que ele achava extremamente atraente e queria mordiscar no momento.

Henrique deu um passo para atrás quando sentiu que o homem estava perigosamente perto e o sorriso fraco que ele deu o fez sentir estranho.

Os olhos cinzentos vidrados nos seus lábios subiram para encontrar a iris acastanhada, mesmo Henrique sendo alguns centímetros mais alto sentiu-se pequeno com o olhar penetrante de Lorenzo.

—— Vem comigo —— Henrique apertou as mãos suadas em puro nervosismo antes de seguir o homem engravatado para o seu escritório.

Henrique olhou cuidadosamente ao redor tentando decorar o escritório com a decoração simples porém elegante no escritório do Rossi.

—— Então… —— Indagou quando sentou-se à frente de Lorenzo que ficou em silêncio observando o homem olhando atentamente para a decoração do seu escritório, estranhou um pouco mas não quis mencionar.

—— A partir de hoje você não irá dançar para o público mas vai ajudar no bar, você consegue trabalhar com isso, não é? ——  O homem sorriu internamente quando viu a faceta iluminada assim que as suas palavras saíram da sua boca.

—— Consigo sim —— Respondeu rapidamente e aliviado por não ter que continuar dançar na frente daqueles homens mesmo sendo bom, não estava pronto para tal coisa e assim conseguiria informações dos clientes.

—— Mas você irá somente dançar para mim —— O brilho no seu rosto morreu assim que escutou as palavras do Lorenzo, aquilo era ainda pior!

Henrique não era tão ingénuo ao ponto de  não perceber que o homem o queria na sua cama.

—— E aí, aceita? —— Henrique mordeu o interior do lábio cogitando negar porém pensou na proposta do seu chefe e a missão era conseguir algo que Lorenzo guardava, somente assim ganharia a promoção e o reconhecimento que merecia.

—— Você pensa demais —— O maior tomou um susto quando sentiu o hálito quente próximo ao seu ouvido e Lorenzo apertou os seus ombros tensos.


—— Não farei nada que não queira, relaxa —— Disse sincero. Lorenzo podia ter princípios e cometer actos moralmente questionáveis entretanto jamais forçou ou forçaria alguém a dormir consigo, consetimento era importante, mesmo numa transa de uma noite.


—— Se me tocar eu corto as suas mãos, entendeu? —— Henrique fugindo do toque de Lorenzo que achou adorável a reação do homem.

Lorenzo concordou pois sabia que teria o homem nas suas mãos e implorando para que o possuísse em questão de dias e não pouparia esforços para que isso acontecesse.

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