Capítulo 35

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Dois meses passaram depois da morte de Ezequiel e Guiseppe, como esperado ninguém da polícia atreveu-se a perguntar nada a Lorenzo.


Henrique estava em frente ao espelho passando o creme cicatrizante que havia recebido para passar na marca.



—— Os meus pais finalmente foram embora —— Disse com um certo alívio. Lorenzo pegou o pequeno recipiente, espremeu um pouco no dedo e foi aplicando delicadamente sobre os pontos que haviam sido removidos duas semanas após o parto mas Heitor havia recomendado aplicar o remédio para evitar inflamação.





—— Por falar em pais, o meu avisou que vem visitar hoje —— O moreno disse beijando o rosto do noivo, os dois oficialmente estavam noivos.


Henrique mesmo amando o trabalho que fazia acabou sendo expulso quando descobriram estar num relacionamento com Lorenzo, pelo menos era melhor que tentar provar o seu valor a quem não merecia.




—— Enzo —— O mais velho disse num tom receoso enquanto mordia o lábio inferior quando o moreno ergueu a camisa que vestia deixando a mostra a barriga inchada.

—— Você tá uma delícia —— Disse vendo as suas varizes antes abaixo do umbigo agora chegavam um pouco acima, os mamilos escuros vertiam o líquido branco.



—— Não, estou parecendo um elefante idoso —— Respondeu brincalhão porém o moreno percebeu que o namorado estava usando aquilo para fugir do assunto.

Olhou no espelho limpando o leite que saía, algo completamente novo pois quando teve a Avelina teve sérios problemas para conseguir amamentar a menina mas ter os gêmeos o faziam verter como uma cachoeira.

—— Não diz isso, amor —— Lorenzo falou indo lavar as mãos na pia logo seguido pelo noivo que fez a mesma coisa.


—— Aqueles três vão me matar  —— Resmungou mal humorado baixando a camisa para cobrir o seu peito e Lorenzo o abraçou por trás saboreando a pele exposta do seu pescoço.



—— O que acha de comprar leite para eles? O Heitor pode ajudar a conseguir o melhor para eles —— Henrique negou de imediato. Podia estar sentindo um pouco de dor mas não iria arriscar a saúde dos seus recém-nascidos.


—— Eles nasceram prematuros, temos que ter cuidado, não quero arriscar e gosto de alimentá-los —— Disse guiando o namorado para fora da casa de banho. Lorenzo sentou-se na enorme cama e o homem negro se acomodou nas suas coxas.


—— Enzo? —— Chamou ao notar o namorado pensativo. Respirou fundo cauteloso sobre como fazer aquela pergunta ao outro que esperava ansioso.

—— Alguém me contou que o Ezequiel e o Guiseppe foram encontrados mortos essa semana, aparentemente assassinados. —— Lorenzo controlou a vontade de revirar os olhos diante a declaração do seu futuro marido.


—— Fui eu que matei! —— Henrique ficou boquiaberto com a declaração demasiadamente honesta e a falta de remorso por parte dele o deixou incrédulo.




—— O que? Isso é muito sério, Lorenzo. Estamos falando de uma figura importante nesse lugar —— Falou claramente alterado com a notícia que acabara de receber. Henrique saiu do colo do moreno começando a andar de um lado para outro preocupado com a situação.



—— Porque defende o desgraçado? Você viveu o inferno por causa dele, deveria estar feliz —— O mais velho respirou fundo para não surtar com o moreno.


—— Não estou defendendo ninguém, Lorenzo. Tá, eu sei o que você faz mas não deixo de pensar que é errado e você pode ir pra cadeia por causa disso —— Disse passando a mão pela cabeça careça.

—— Tenho a certeza que fiz um favor ao matar aqueles desgraçados, eu fiz para proteger você e os nossos filhos —— Com cautela, segurou os ombros temeroso por Henrique decidir terminar com ele por causa da sua atitude impulsiva que não se arrependia de ter tomado.


—— Preciso de um tempo, Lorenzo —— Falou receoso. Lorenzo sabia que o seu namorado não reagiria bem por isso nunca contou nada sobre o assunto.



—— Senhor Rossi —— O moreno resmungou insatisfeito quando escutou Maria chamando do outro lado da porta.





Henrique voltou a sala de estar onde o Alesso, o mais velho dos gêmeos chorava em plenos pulmões, provavelmente com fome.

—— Troquei a fralda mas o menino não pára de chorar —— Maria justificou entregando o bebê que tinha as bochechas gordinhas rosadas de tanto chorar.


Henrique tirou o mamilo para o seu filho que o chupou com força, ainda achava estranho a sensação mas era estranhamente reconfortante saber que mais uma vez alimentava um filho seu.

Henrique sentia-se angustiado e talvez um pouco de medo por Lorenzo, perdeu todos que amava. Os seus pais que mal se importavam com ele, a sua filha Avelina que morreu por motivos que desconhecia mas ainda o corríam.



Descobrir que o moreno havia matado o Ezequiel o preocupava, temia que Lorenzo fosse preso e acabasse por perder o único homem que havia mostrado o amar.



Baixou o olhar para encontrar os olhos castanhos como os seus lhe encaravam sem piscar, tirando a cor dos olhos, Alesso era uma cópia perfeito de Lorenzo, o cabelo moreno liso, a expressão nos olhos, o nariz fino e a pele alva.




—— Não acredito que sofri tanto para você sair uma cópia dele —— Comentou quando viu o seu noivo vindo em direcção a eles com um copo de vinho tinto na mão.




—— A Francesca e o Davide são a tua cara, eu ficaria ofendido se nenhum tivesse levado a minha cara —— O mais novo disse degustando o seu vinho naquela maravilhosa manhã.



—— Vinho? Tu pelo menos comeste o matabicho? —— Lorenzo enrugou a testa confuso com a pergunta de Henrique que estava sério, fazia tanto tempo que não o via daquele jeito.



—— Pequeno almoço —— Continuou fazendo o moreno assentir. Lorenzo vivia em Moçambique há quase dois anos mas ainda tinha dificuldades para perceber algumas palavras.




—— Não, estou esperando por você —— Respondeu olhando fixamente para os seus olhos que o mais alto desviou tímido mas não era hora para isso.


—— Então, deixa essa merda de vinho e  come —— Falou tirando a taça das mãos pálidas do moreno que estendeu as mãos para o alto em sinal de rendição.



—— Maria, traz o pequeno almoço, por favor! —— Henrique pediu voltando a sua atenção para o pequeno nos seus braços. Lorenzo sentou ao seu lado e ofereceu o seu indicador para o pequeno Alesso.


Voltou o olhar para os dois que dormiam tranquilamente no sofá. A sua filha, Francesca os longos cílios quase tocavam as suas bochechas coradas, o nariz meio aberto e os lábios carnudos entreabertos a tornavam tão inocente.



Davide tinha poucos os fios encaracolados, mexeu os pequenos braços com os punhos fechados próximos ao rosto se esticando. O peito de Lorenzo ficou quentinho ao contemplar tamanha beldade.


—— São tão pequenos —— Comentou ao sentir os dedos minúsculos envolver o seu dedo indicador, beijou a testa do bebê que fechou os olhos e tentou selar um beijo com Henrique que desviou o fazendo beijar a sua bochecha, aquilo magoou o moreno.





—— Eu vou passar uns dias na minha casa —— O moreno trincou o maxilar tentando se controlar para não iniciar uma discussão desnecessária.




—— Não é preciso, eu saio —— Disse levando as chaves do seu carro e o seu celular que estavam na mesa do centro. Henrique notou a frustração quando escutou a porta batendo forte contra a parede quando o moreno saiu de casa.

Zara, assustada, levou a mão ao peito quando se deparou com Lorenzo que murmurava claramente irritado. Curiosa, entrou na casa e foi procurar o seu melhor amigo que estava tinha a mão no rosto.


—— O que foi isso? —— Henrique olhou para a sua amiga fazendo a mulher vir as pressas até ele quando notou os seus olhos marejados.

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