Capítulo 34

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—— Não acredito que você arranjou outro homem e não nos disse! —— Henrique baixou a cabeça enquanto escutava a sua mãe reclamar.

Lorenzo ficou observando o casal com encarando o filho com julgamento que surpreendeu o moreno. Henrique nunca falou sobre os pais ou mesmo mencionou mas não iria falar sobre isso.





—— Sou um adulto com a própria vida para cuidar e ía contar para vocês. Vocês com certeza não vieram aqui saber como estou —— Respondeu tentando se levantar. A mulher tirou o telemóvel do seu bolso encarando o seu filho.





—— Isso é verdade. Eu e a sua mãe ficamos preocupados quando não recebemos a mesada deste mês —— O moreno olhou para ele incrédulo quando o pai do namorado disse aquelas palavras.





—— É sério, pai? Eu passei semanas sem dar notícias, acabei de passar por uma cesariana e vocês só querem saber de dinheiro? —— Lorenzo envolveu o corpo do namorado que tinha os olhos marejados.





—— Não precisa falar assim se não quiseres dar o dinheiro é só dizer, Henrique —— Henrique limpou o rosto quando aquelas palavras saíram da boca da sua própria mãe. Ele queria tanto o apoio dos pais naquele momento, os seus filhos eram prematuros e teriam que passar alguns dias na incubadora mas eles só se importavam com dinheiro.





—— Se eu der o dinheiro, vocês somem da minha frente? —— Lorenzo disse duro para os dois sentados em frente a eles.




—— Enzo… Deixa, eu quero ajudar. O meu tesoureiro irá entrar em contacto com vocês então se faz favor, preciso ir ver os meus filhos —— O moreno disse ajudando o namorado a sentar na cadeira de rodas.



Henrique levou as mãos ao rosto exausto, ele não gostava quando os seus pais vinham visitá-lo e não estar trabalhando estava acabando com ele.





—— Eu vou pagar tudo de volta —— O polícia disse após um longo suspiro e Lorenzo parou na frente dele, se ajoelhou para encontrar os olhos castanhos.



—— Amor, relaxa, eu gosto de ajudar e queria que visse os nosso bebés —— Henrique tocou a barriga sentindo um vazio estranho, estava acostumado com a sensação de algo se mexendo dentro dele.


Henrique ergueu as mãos para segurar o rosto do italiano que tinha olheiras fundas, a barba cheia no seu queixo e o cabelo bagunçado mostrava o seu cansaço.

—— Eu retiro o que disse sobre não querer você como marido. És perfeito, eu te amo, Lorenzo —— O mais velho deixou um beijo suave na boca do moreno que sentiu o seu coração quentinho diante a declaração de Henrique.




—— Ainda tenho o anel —— Lorenzo disse massageando o dedo onde tinha colocado o anel dourado. O moreno mantinha o anel consigo desde o dia que Henrique tinha devolvido para si.




—— Não precisas de um anel para isso, seu bobinho —— O mais alto retrucou com um sorriso enorme. O italiano levou as mãos ásperas a barriga do namorado que baixou o olhar envergonhado por estar sentindo um pouco de dor.






—— Sei mas quero que todos saibam que você é meu e de mais ninguém —— Henrique sentiu o seu coração batendo forte contra o seu peito quando viu os olhos cinzentos com um brilho que não via há muito tempo.





—— Falamos disso depois, eu quero ver os bebés —— Disse com urgência, ainda não tinha visto os seus filhos desde que tinham nascido e isso fazia algumas horas.





Lorenzo levou o namorado até a parte onde estavam os seus três filhos e Henrique choramingou quando viu eles através do vidro.


—— São tão pequenos! —— O mais velho disse limpando o rosto. Eram tão pequenos e cheio de tubos.

—— Eles estão saudáveis, só precisam ficar uns dias no neonatal por serem prematuros —— Heitor explicou parando ao lado deles. Lorenzo e Henrique se aproximaram dos bebés dentro da incubadora.


—— Posso amamentar? —— Questionou tomando a superfície gelada do vidro que os separava dos seus filhotes.

Os seus filhos dormiam tranquilamente, os três tinham um pouco de cabelo enroladinho na cabeça, as mãos por fechadas num punho próximas ao rosto.

—— Claro. O contacto com eles será muito bom para ambos —— O médico disse com um entusiasmo que intrigava Lorenzo, achava admirável o amor que Heitor tinha pela sua profissão.


—— Quanto tempo eles têm que ficar aqui, Heitor? —— O telemóvel do moreno tocou mostrando a mensagem que esteve esperando toda a noite e o seu rosto ganhou um brilho assim viu o conteúdo.




—— Eu preciso ir resolver uma coisa —— Despediu-se sem dar tempo para Henrique responder, ficou preocupado, ele sabia que alguma coisa importante iria acontecer.







Lorenzo dirigiu como se não houvesse amanhã, ele tinha que resolver aquele problema de uma vez por todas mesmo que estivesse encrencado com o seu pai, era pelo bem da sua família.





A viagem durou três longas horas, o moreno havia escolhido um lugar tranquilo e longe da cidade, onde ninguém poderia interrompê-lo ou mesmo o parar. O crepúsculo do anoitecer agradou ainda mais o moreno.


—— Já estava na hora! —— Marco exclamou ao ver o seu sobrinho saindo do carro. O seu tio estava na entrada de uma casa abandonada caindo aos pedaços e era um lugar perfeito para o que iria fazer.






—— Onde estão? —— Questionou sem rodeios dobrando a manga da sua camisa. Os seus homens guiaram o moreno sem hesitar, o conhecia muito bem para não cometer tamanha idiotice.


Lorenzo respirou profundamente quando viu a mesa recheada pelos seus brinquedos favoritos.



Os olhos cinzentos frios encararam Ezequiel que estava amarrado numa cadeira e ao seu lado estava Guiseppe que começou a tremer assim que viu o Rossi levando a arma.


—— Foda-se, o nosso acordo! —— E sem pensar duas vezes atirou contra a cabeça do loiro assustando os demais que viam a cena.

Levou uma faca que estava na mesa e caminhou em direcção a Ezequiel que lutava para fugir dali, algo totalmente inútil no momento.


—— Você é o tipo de gente que eu mais odeio —— Marco cruzou os braços somente observando o seu sobrinho agir, não tinha como pára-lo quando ficasse daquela forma.




—— O que? A culpa foi dele, quem mandou ser uma pu… ah —— Gritou de dor quando o moreno enterrou o metal aguçada na sua coxa.





—— Durante meses eu me controlei para não te matar mas cheguei no meu limite. Pode mexer comigo, eu não me importo mas a minha família é uma outra história —— Ezequiel grunhiu quando sentiu a faca saindo da sua pele e novamente o italiano enterrou na sua outra perna.



—— Sobrinho… Não me venha com essa de poupar a vida dele. Esse verme quase matou o Henrique, não vou deixar algo assim vivo —— Interrompeu tirando a faca ensanguentada.


—— Mata, seu covarde! —— O homem de meia idade provocou com a expressão de avidez que sempre tinha no rosto.



—— Mataste os teus próprios filhos e eu sou o cobarde? —— Lorenzo tirou apontou a arma para o interior da coxa de Ezequiel.

—— Podemos ir embora agora? Se isso não o matar duvido que outra coisa mate —— Marco disse segurando o ombro do sobrinho que novamente esfaqueou a lateral do seu pescoço. Lorenzo certificou-se que a morte dele fosse lenta e o mais dolorosa possível.

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