Fuga

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— Bom dia, mãe.

Sarah ergueu uma sobrancelha em direção à filha. Rapidamente ela foi até a mais velha e deixou um beijo estalado na bochecha. Estava completamente trajada do uniforme branco e azul marinho da escola, diferentemente de Sarah, que obviamente, trajava suas vestimentas sociais para o trabalho que lhe aguardava nos estúdios.

— Que bom humor em plena manhã. — Ela colocou a xícara na mesa, entrelaçando os dedos uns nos outros — Viu passarinho verde?

— Por que tudo pra senhora é namorico, hein? — Maju fez uma careta, abrindo uma fatia de pão em seguida — Será que não posso ser um pouquinho mais feliz?

— Se você diz. — Deu de ombros, encarando Guilherme que vinha completamente derrotado e com uma cara de sono impagável. — Bom dia, Gui! Quanta animação.

— Dia, mãe. — Resmungou, indo até a minha loira, onde lhe abraçou completamente manhoso — Queria tanto dormir mais um pouquinho.

— Olha que dia estranho. Sua irmã adolescente está aos risos e minha criança, completamente sonolenta. — Sarah sorriu, deixando um beijo nos cabelos lisos do menino.

— Acho que nem o interclasse deixa esse garoto feliz hoje.

— Opa! — Ele se endireitou, abrindo bem os olhos castanhos — Eu me sinto esplêndido para o interclasse, sua chata.

Sarah e Maju riram juntas.

— Não fala assim dela, Gui. Olha o respeito!

— Mas se ela é chata, mãe... — Ele cruzou os braços amoado.

— Mesmo assim. Modos, Guilherme.

— Ai! Tá bom. Mas fique sabendo que você é uma chata.

— Você também é, cabeça de sagui.

— Céus! Vocês estão implacáveis hoje.

— Mãe, será que eu posso ficar lá na Lelê depois da aula? — Maju pediu com os olhos suplicantes — Nós temos que fazer um trabalho de biologia.

— Sério? Quê trabalho, amor?

— Hã... Sabe aquele trabalho de montar, é... — Maju coçou a própria nuca.

— Maquetes?

— Isso! Vamos fazer uma maquete. Não é legal? Vai ser do meio ambiente.

— Muito bom, amor. Não precisam de ajuda? Eu era ótima com maquetes na minha época.

— E que época distante hein, mamãe. — Guilherme mordiscou o pão, recebendo um olhar mortal da mais velha — Ops.

— Não é necessário, mãe. Nós damos conta.

— Bom! Se você diz, por mim, tudo bem. Vai querer carona pra voltar?

— Não se preocupe, mãe. Eu volto cedo.

— Certo. Qualquer coisa, você me liga. — Sarah bateu uma mão na outra, tirando os farelos do pão grudados em sua pele — Gui, o tio Gil vai te buscar hoje. Tá bom?

— Por que, mãe? Você não vai?

— Mamãe vai estar bem ocupada com umas fotos hoje. — A mais alta fez um carinho na bochecha do menino — Vou editar, imprimir, tudo isso. Tudo bem você vir com o tio Gil?

— Sim. Posso tomar sorvete?

— É, não.

— Mas...

— Sem sorvete, Guilherme. No final de semana você toma. Combinado?

Aff! Tá. — Resmungou, mordendo mais uma fatia de pão — Posso ficar no estúdio com você?

Depois do Para Sempre | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora