A mão repleta de anéis prateados pousava na coxa desnuda da morena.
Seus olhos esverdeados estavam fixos na estrada, mas, vez ou outra, se encontrava com os da esposa. Os castanhos pareciam atentos, preocupados e realmente estavam. O clima no banco de trás do carro não era o mais agradável.
A discussão de Maria Júlia e Letícia havia sido fatal a ponto de nem mesmo ambas mulheres mais velhas conseguirem reverter ou simplesmente conversar. Se Maria Júlia estava em uma ponta, Letícia estava na outra. E as lufadas de ar tornavam-se audíveis para Guilherme, que precisou ficar no meio delas durante a volta da viagem.
Elas já haviam voltado para a capital paulista e agora, se encaminhavam para deixar Letícia em casa, antes de ir para a própria residência Andrade Freire. Sim, agora, oficialmente, Sarah e Juliette pareciam ter acertado seu casamento e decidido com convicção não se separarem mais. Elas não aguentariam outra separação. Não com tanto amor e tanta saudade que transbordava.
— Chegamos. — Sarah anunciou, estacionando o carro em frente à casa da sua quase nora.
Letícia nada respondeu.
Apenas saiu do carro junto com Sarah, que a ajudou com as bagagens e Juliette, que fazia questão de conversar com os pais da menina.— Será que vocês poderiam nã-... Não, bem, não contar nada sobre eu e a Maria Júlia? — Letícia perguntou sem jeito, coçando levemente a nuca. — Não quero mesmo ter essa conversa com os meus pais agora.
Juliette trocou um olhar cúmplice com a esposa e sorriu ternamente, passando um braço pelos ombros da menina.
— Não vamos contar nada, Letícia. Fica bem tranquila, visse? — A mais velha deixou um beijo carinhoso em seus cabelos e recebeu um abraço apertado — Mas, saiba que adoramos muito você e caso vocês duas se acertem, seria bom tê-la como nora. — Cochichou.
— Adoraria ter você como sogra também, tia. — Retorquiu, observando uma sobrancelha de Sarah se erguer — Você é muito ciumenta, tia Sarah. Não dá.
— Eu não sou ciumenta, garota. — Retrucou, cerrando os olhos na direção da menina. — Só gosto de lim-...
— Ela é muito ciumenta mesmo, mas é um amor. Não é, Sarah? — Juliette deu um empurrão com o cotovelo na esposa.
— Um doce… você não imagina o quanto.
Elas riram juntas e simultaneamente, balançaram a cabeça em negação com a ironia vinda da fotógrafa. Aguardaram juntas pelos pais de Letícia e fizeram um rápido resumo, elogiando o quanto ela se comportou durante a viagem e, claro, agradecendo pela confiança.
Maria Júlia, porém, observava tudo da janela. A feição entristecida e pensativa, de braços cruzados rente ao peito e a cabeça deitada no banco.
— É, Majuzinha… O amor não é fácil. — Guilherme falou de repente e suspirou.
A primogênita soltou uma risada anasalada e o encarou com uma ironia no olhar.
— E o que você sabe sobre isso, moleque?
— Se fosse fácil, nossas mamães não teriam brigado tanto. — Ele divagou, observando Sarah e Juliette voltarem abraçadas até o carro — Nem você, né?
— Eu não amo ela. — Maria Júlia virou o rosto, perdendo-se nos próprios pensamentos.
— Relaxa, maninha. Ninguém vai te julgar por isso, tá legal?
— O que estão aprontando aí? — Juliette perguntou ao entrar e colocar o cinto. — Quem vai julgar quem aí?
— Nadica de nada, mamãe Ju.
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Depois do Para Sempre | Sariette
FanfictionSarah e Juliette se conheceram na infância e passaram por um emblemático processo de aceitação ao se apaixonarem, em meio à família que vivia em um ambiente conservador. Contudo, superado às adversidades, elas decidem se casar e aumentar a família...