Ando bondosa demais...
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Juliette estava retocando o gloss de morango nos lábios em frente ao espelho.
O dia se passou arrastado e desde que a sua esposa havia chamado ela para saírem juntas, que seu coração batia em um ritmo diferente, completamente fora da sua órbita. Durante a manhã e à tarde, elas conversaram pouco. Isso porque Guilherme e Maria Júlia sempre estavam ao redor da fotógrafa, procurando por sua atenção e apoio nas peripécias que faziam.
Juliette nunca reclamaria dessa atenção que sua esposa dava aos meninos, tampouco desse carinho e amor que seus filhos davam de bandeja à ela. Mas, depois daquela conversa que tiveram no quarto do casal na noite anterior, a paraibana começou a sentir algo que ela conhecia bem.
Saudades.
Ser vista pela brasiliense era receber atenção, afeto e cuidados deliberadamente, sem mesmo pedir, como se ela soubesse exatamente do que Juliette precisava sem pronunciar uma palavra. Assim como a própria Juliette também estava disposta a entregar essa mesma atenção e carinho de graça. Ela sentia saudades. Mesmo que não assumisse abertamente, mesmo que ela não deixasse transparecer em sua totalidade.
Da cadeira, Juliette se ergueu e encarou o próprio corpo trajado pelo look escolhido à dedo e de acordo com o tempo, que ameaçava chover. Em seu íntimo, ela rezava para que não chovesse naquele instante. Ela esperou ansiosamente e durante todo o dia para o relógio marcar seis horas, era injusto que logo agora, que ambas estavam se acertando, seus planos escorressem pelo ralo.
— Isso tudo é pra mim? — A voz rouca ecoou, atraindo o olhar de Juliette.
Com um olhar de canto, Juliette encontrou uma Sarah que estava encostada à porta, com ambos os braços cruzados rente ao peito. Usava roupas inteiramente pretas, assim como a inesquecível jaqueta de couro da mesma cor.
— Não sei, é? — Ela ergueu uma sobrancelha sugestiva.
— Espero que seja.
Juliette se encarou uma última vez no espelho. Assim como a loira, ela também tinha escolhido roupas pretas, com o adendo da jaqueta jeans clara e o boné cor de creme.
— Está pronta? — A mais alta se endireitou ao ver Juliette pegar o celular e a carteira jogadas na cama.
— Estou, meu bem. Não vai me dar nenhuma dica mesmo para onde vamos?
Sarah negou em silêncio, tocando na cintura da menor quando ela se aproximou. Seus lábios encostaram suavemente na testa da morena, para só então se afastarem e dar abertura para aquele par de olhos esverdeados encontrar o turbilhão do mar castanho que vibrava, cintilava e brilhava ao vê-la.
— Você está linda.
— Obrigada. — Ela corou. — Você está ótima também.
— Só ótima?
— Não ache que eu vou cair na sua lábia. — A mais baixa tocou em seus lábios com o indicador.
— Se você se garante, quem sou eu para duvidar?
— Vamos? — Insistiu, sentindo uma das mãos da loira alcançar suas nádegas — Opa.
— Sem carteira. — Ela retirou do seu bolso, colocado novamente em cima da cama — Hoje é por minha conta.
— Uau, senhora Andrade Freire. Depois dessa, você ganhou meio ponto comigo.
— Posso saber para onde vocês vão? — Maria Júlia falou do corredor, ganhando a atenção imediata das mães — Cheirosas, bem arrumadas e inclusive, próximas demais.
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Depois do Para Sempre | Sariette
FanfictionSarah e Juliette se conheceram na infância e passaram por um emblemático processo de aceitação ao se apaixonarem, em meio à família que vivia em um ambiente conservador. Contudo, superado às adversidades, elas decidem se casar e aumentar a família...