Descobertas

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Um mês depois...

— Deborah, preciso que você peça uma massagista pra mim. Minha coluna está um caco!

— Pode deixar. Mais alguma coisa?

— Hm... Quero um combo daquela lanchonete aqui do Rio.

— Juliette...

— Só isso, obrigada. — Ela deu um meio sorriso, deitando na cama macia do hotel.

— Licença, então. — A ruiva estava prestes a sair, quando dois seguranças entraram carregando sacolas nas mãos — Uh! Mais presentes para a doação?

— Licença, senhorita Juliette Freire. Trouxemos os recebidos do público durante os shows e aparições públicas. Separamos por data, como a senhora pediu.

— Muito obrigada. Podem deixar aí! — Ela levantou em um pulo, indo até às sacolas — Obrigada, meninos.

— À suas ordens, senhorita.

Antes mesmo que seus seguranças saíssem, ela já abria afoita cada sacola. Se tinha uma coisa que Juliette amava, era receber o carinho do público em gestos materiais. Sempre recebia muitos ursos, bonecas parecidíssimas com ela, cartas, flores e até mesmo comida. Ela admirava não só a disposição de seus fãs produzirem tudo com amor, mas, principalmente, o reconhecimento por seu trabalho, como eles se sentiam bem com tudo o que ela fazia especialmente para o próprio público.

Seus fãs eram inestimáveis e singulares.

— Coisa linda... — Ela sorriu abobalhada para a cesta de flores com chocolates — Hm... Cuiabá. Merecem um story. — Juliette riu de si mesma, umedecendo os lábios.

Sem querer, sua mente viajou. E um suspiro saiu dos seus lábios. Fazia um mês que a imagem de uma garota não saía da sua cabeça. Na verdade, fazia um mês que um par de olhos esverdeados e brilhantes não saía das suas lembranças. Foi impossível não recordar da sua ex-esposa.

Recordava bem de quando Sarah chegou para morar na Paraíba. A viu de longe, no mesmo corredor da escola que Juliette estudava há cinco anos. De cara, viraram melhores amigas e dificilmente conseguiam ser ou viver separadas. Porém, muito mais que isso. Juliette se lembrava perfeitamente daquelas orbes. No escuro, assumia um tom cor de mel. Mas na luz, ficavam verdes. Juliette amava aqueles olhos. E sempre ressaltou isso durante o período da amizade, do namoro, do noivado e do casamento.

Dificilmente se encontra alguém assim, Juliette pensava consigo mesma.

E agora, ela refletia.

Sua filha ainda teria os mesmos olhos brilhantes da sua mãe? Ainda se parecia tanto com ela? Como estaria aos quinze anos? Como uma verdadeira adolescente rebelde ou incrivelmente quieta?

Juliette riu. Sarah deve estar de cabelos brancos e completamente pirada, pensou. Principalmente porque Maju sempre foi sapeca e altamente astuta na arte de enganar suas mães.

Da sacola menor, retirou um embrulho vermelho com listras douradas. Não se recordava bem quem tinha entregado, tampouco o dia, mas pela forma, parecia ser um animal de pelúcia — aquilo que ela mais recebia. Estava prestes a abrir quando ouviu batidas rítmicas na porta, o que a fez jogar o embrulho novamente na sacola.

— Surpresa! — A voz galante ecoou assim que ela abriu a porta, dando de cara com um buquê de rosas vermelhas e brancas.

— Boa noite pra você também. — Juliette encostou na porta, sorrindo de canto — E essas flores?

— Apenas para a artista mais gata do mundo inteiro. — O homem estendeu o buquê — E mais talentosa também.

— Uau! Muito obrigada. Sabe, eu estava pensando em você nesses dias...

Depois do Para Sempre | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora