Apostas

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O relógio marcava nove horas da noite quando Sarah atravessou a porta de casa com Guilherme no colo, completamente adormecido, e suas adolescentes caindo de sono enquanto andavam.

O passeio tinha sido ótimo.

Em nenhum momento, Sarah indagou Maria Júlia e Letícia sobre o que Guilherme havia contado no quarto. Ao contrário, ela esperava ansiosamente os minutos se passarem para discutir o caso com sua esposa, que a aguardava em casa. No mais, a fotógrafa e Washington levaram-nos para comer churrasco e um lanche na hamburgueria, depois, tomaram sorvete na praça e apreciaram por alguns minutos, a pequena banda de forró que se apresentava na praça. Isto até Guilherme reclamar de sono e cansaço, tal como Letícia e Maria Júlia, colocando um ponto final no passeio.

Ao colocar Guilherme na cama, retirar seus sapatos, cobrindo o pequeno com o cobertor e deixando um beijo carinhoso em sua testa, Sarah foi diretamente para o próprio quarto, sentindo um frio na barriga se expandir em todo o seu organismo.

Seria a primeira noite que ela e a até então, sua esposa, dormiriam juntas após nove anos de ausência. E talvez fosse justamente por isso que Sarah não sabia o que dizer ou como agir em sua presença. Tudo parecia ser pequeno demais para a grandiosidade das coisas que aconteceram.

— Já? — Indagou, ao ver a fotógrafa adentrar.

— Crianças cansadas, passeios rápidos.

A brasiliense fechou a porta do quarto e deu de cara com uma artista que já estava completamente deitada e de pijama. Tinha os óculos de grau na ponta do nariz, enquanto folheava um dos livros havia trazido consigo.

— Deu tudo certo no passeio? — Perguntou sem encará-la diretamente — Zero birras?

— Zero birras e zero beijos entre adolescentes. — Ela sorriu levemente, notando que Juliette também sorria e agora sim, olhava em sua direção — Aqui, eu trouxe algumas coisas pra você. — Sarah estendeu quatro sacolas plásticas sob o olhar curioso da menor. Até então, ela só tinha pedido batatas fritas e churrasco.

— O que é isso tudo?

— Espetinho de carne, frango e ovo com bacon. Também trouxe hambúrguer e refrigerante, suas batatas fritas e aquela sobremesa de oreo que você adora.

Juliette ergueu ambas sobrancelhas, abrindo cada sacola com rapidez e ânimo.

— Não me diga que você encontrou essa sobremesa. — Ela retirou da sacola, dando um sorriso genuíno. Aquela sobremesa era como a preferida do casal. Sempre que saíam juntas, Sarah ou Juliette faziam questão de comprarem uma e dividirem. Isso porque o oreo mesclado com aquele creme branco de chocolate e biscoitos era a junção mais sublime e perfeita do universo — Fazia muito tempo que eu não comia isso. Nem sabia mais que vendia por aqui.

A fotógrafa encarava o olhar brilhante de Juliette. Ela parecia apenas uma menina empolgada ao ganhar seu doce favorito e coincidência ou não, era o que estava acontecendo.

— Era a última unidade. A moça me reconheceu na hora, acredita? — Ela sentou na beira da cama — Acho que dei sorte.

— Muito obrigada, Sarah. — Ela deu um sorriso sincero — Você não quer um pouquinho?

Sarah apenas fez uma careta, negando de modo instantâneo.

— Comi muito e quase passei mal. Vou dispensar doces por hoje.

— Ai, meu Deus! — Juliette murmurou de boca cheia — Isso está muito bom. Prova só um pouquinho, olha. — Ela recolheu um pedaço com a colher, levando até a boca da mais alta — Melhor do que eu me lembrava.

Depois do Para Sempre | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora