Bandeira Branca

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03 semanas depois...
Sexta-feira, dia anterior à viagem.

Então quer dizer que vocês ergueram uma bandeira de paz?

Maria Júlia e Guilherme tinham uma sobrancelha erguida em direção à Sarah e a Juliette, que estavam sentadas no sofá da frente.

Após a discussão calorosa entre elas, foi necessário um tempo para que ambas pudessem esfriar a cabeça e sentarem civilizadamente para decidirem o que fariam em relação aos seus filhos. Durante longas três semanas, Guilherme e Maria Júlia fizeram um trato de silêncio. Permaneciam em posse de poucas palavras, com poucos olhares para suas mães e nenhum afeto era dado. Estavam magoados e principalmente, com raiva daquela situação.

Foi o gelo bem dado às mães que fizeram com que elas sentassem e conversassem. Não sobre o que passaram, mas sobre como lidariam para reconquistar seus filhos de volta.

— Sim. Inclusive, nós queremos nos desculpar por ter feito vocês escutarem toda a nossa discussão. Nós erramos muito feio com vocês dois.

— Eu não sei se acredito em vocês. — Guilherme uniu os dedos uns nos outros — Quem me garante que vocês não estão mentindo pra gente voltar a gostar de vocês?

Guilherme parecia ter a exímia capacidade de enxergar entrelinhas e isso ele havia puxado à Juliette, sem sombras de dúvidas. Inclusive, era algo que Sarah havia argumentado no dia em que ela e a paraibana conversaram sobre o caso. Porém, Juliette era perspicaz no assunto.

Se Sarah e Juliette quisessem mesmo provar que estava tudo bem, mesmo em um período de tempo, elas teriam que mostrar veracidade em suas ações.

Foi justamente por isso que elas estabeleceram algumas regras chaves, tais como: discutirem sempre em um lugar à parte e nunca à vista deles; demonstrar respeito e afeto enquanto estivessem com eles e, sobretudo, conversarem definitivamente sobre o assunto quando estiverem mais calmas e com tempo.

Em relação ao divórcio, Juliette fez seu advogado estender o prazo. Isso porque antes de assinarem, ela não queria fazer às escondidas. Sarah e Juliette desejavam conversar da melhor forma possível sobre isso com seus filhos, a fim que suas férias em família nem fossem estragadas, nem mesmo houvesse mais choro e confusão.

— Apesar das nossas questões de casal, eu e a mãe de vocês nos respeitamos muito e não iríamos mentir para vocês. Somos suas mães, entenderam? Se estamos dizendo que nós nos entendemos e queremos o melhor para a nossa família, é isso que está acontecendo.

— Então, vocês estão juntas. — Maria Júlia titubeou os dedos na mesa — Como um casal de verdade.

— Como suas mães. — Juliette retificou — Que engloba afeto e respeito mútuo.

— Ah! Afeto... — Ela meneou a cabeça — Não acredito em vocês.

— Muito menos eu. — Guilherme cruzou os braços — Vocês dizem que se adoram, mas na primeira oportunidade, chegam gritando em casa.

— Nós erramos e reconhecemos, carinha. E a primeira atitude que tomamos, foi vir conversar com vocês dois. — Sarah pontuou, enquanto gesticulava — Mas algumas coisas, só o tempo vai curar. Tudo bem?

— Disse bem, mãe. Só o tempo cura alguma coisa, da mesma forma que só com o tempo, nós vamos acreditar nessa falácia toda. — A primogênita se ergueu, alinhando a cadeira à mesa — Vou terminar de arrumar minhas coisas.

— E eu vou brincar.

— Só uma coisa, Maria Júlia. — Sarah também levantou, estendendo um pacote em sua direção — Bom, isso é seu. São as cartas que a sua mãe enviou nesses nove anos. Eu só quero pedir desculpas a você por nunca ter entregado.

Depois do Para Sempre | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora