Família Freire Andrade

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Todos os convidados aguardavam ansiosamente o início da celebração.

Os olhos corriam curiosos em busca de qualquer sinal das noivas. A cerimonialista responsável pela organização já havia deixado tudo preparado. Atrás do altar, o juiz de paz se fazia presente. Gilberto e Giuliana estavam de braços dados, assim como Washington e João, que também eram padrinhos. Logo atrás, Guilherme e Maria Júlia, que não relutaram em nada quando suas mães pediram para eles entrarem como pajem e dama de casamento.

— Respira, filha… — Abadia pediu, notando o quão Sarah estava tensa — Isso, meu amor.

— Estou bem, mãe? — Perguntou ainda receosa — Acha que a Ju vai gostar? Ela estava falando sobre eu casar com um vest-... — A maior silenciou ao Abadia colocar dois dedos em seus lábios tingidos de vermelho.

— A sua esposa vai adorar, Sarah. E não, ela não queria que você casasse de vestido, tampouco vai se decepcionar. — Abadia sorriu docemente — Ela só quer você, filha.

Sarah suspirou com aquelas palavras e acenou em concordância, sentindo um beijo ser deixado em sua testa. De longe, seus olhos visualizaram quando a cerimonialista fechou a porta e pediu para que elas se aproximassem. Os padrinhos e os meninos já haviam entrado, era chegada a hora das noivas.

— Obrigada por tudo, mãe. — Foi tudo o que Sarah disse ao erguer a postura e tocar suavemente em sua mão, se posicionando junto com ela na entrada.

Abadia não respondeu.
Não era preciso de palavras naquele momento. Ela sabia exatamente o que sua filha queria dizer com aquilo. Sabia que era o laço sendo oficialmente sendo desfeito, sabia que a dedicação da loira era exclusiva da família que construiu, sabia que não havia mais a sua menina, a sua garotinha. Sarah havia se tornado uma mulher madura e responsável, que construiu um casamento amoroso e filhos lindos, que era perdidamente apaixonada por outra mulher. Estranho ao mundo, mas abençoado e puro aos olhos da matriarca.

A música de entrada da noiva tocou. Antes da porta ser aberta, Abadia ainda lançou um olhar para a filha. Não havia mais medo, receio ou ansiedade em sua feição. Lá estava a sua mulher. Gigante, confiante, decidida, como sempre foi e sempre havia de ser.

O coração de Sarah palpitava e por pouco, não saía do peito.
Sua ansiedade não era mais com o público, Juliette havia sanado isso nela. Agora, a sua ansiedade era de vê-la, de tocá-la novamente, de beijá-la, de dizer sim em alto e bom tom. Sim, ela se casaria com uma mulher. Sim, ela viveria tudo o que tivesse de viver com uma mulher. Sim, ela seria apenas da sua mulher pelo resto da existência.

Sim, estava tudo bem ser lésbica, amar uma outra mulher e formar uma família com ela.
Sim, Sarah amava perdidamente Juliette. E por mais que tudo dissesse não, elas sabiam. Bastava ceder. E cederam. E se amaram. E tinha que ser assim.

Todos se ergueram e encaravam encantados a figura de Sarah.
O terno branco tinha caído como luva em seu corpo e seus cabelos loiros lisos, postos para trás, davam um ar tão angelical que era possível confundi-la com um ser divino. Caminhava distribuindo sorrisos a todos, ainda tocando o braço entrelaçado da mãe ao dela. Ao chegar no altar, Guilherme fez um joinha e sorriu largamente, voltando a ficar sério rapidamente. Sarah riu, negando com a cabeça, virando-se para encontrar a matriarca que deixava ela ali. Aos pés do altar, pronta para caminhar com a sua esposa.

— Seja feliz, amor. — Abadia tocou em seu rosto — E me dê mais netos! — Ordenou, arrancando uma gargalhada da maior.

— Pode deixar, general. Eu sou a mulher mais feliz do mundo.

Ela beijou ambas as mãos da filha e se afastou consideravelmente, ficando do lado esquerdo, destinado à família. Sarah, porém, subiu um degrau e apertou ambas as mãos completamente geladas e pálidas.

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⏰ Última atualização: Apr 28 ⏰

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