VINTE E SETE

0 0 0
                                    

A CAVERNA. Este é o lugar que Emma alega que encontraremos o provedor das ditas "armas novas".

A última vez que estive lá foi quando invadimos os arquivos de Oriwest, para descobrir que o Projeto Aurora não se tratava de qualquer coisa relacionada a Syfer. Nós paramos neste lugar para comer sopa. Lowan e eu guardávamos a última noite que tivemos em Powal no coração e Ara ainda estava entre nós. Uma garota rosa curou meus ferimentos; algo me diz que estamos a sua procura agora.

Ainda estava amanhecendo quando saímos do palácio à cavalo, apenas eu e Emma. Ela disse que eu deveria ir porque sou a Quebradora da Maldição, e que mais ninguém deveria nos acompanhar porque A Caverna foi enfeitiçada para evitar certas pessoas.

Aparentemente, ela também foi enfeitiçada para aparecer em qualquer canto de Oriwest, basta precisar de seus serviços. Ainda assim, não há sinal do estabelecimento desde o momento em que deixamos o palácio.

Algo sobre Oriwest é um tanto quanto desconcertante conforme caminhamos pelas ruas de tijolos de pedra. Elas estão quase tão cinzas e desertas como as de Syfer, mas não costumavam ser assim. Há estabelecimentos fechados, estabelecimentos em ruínas, poucas luzes acesas, muitas queimadas. Neste dia da semana, deveria haver um mercadinho de rua com barracas pelas calçadas, vendendo frutas, nozes, flores e tecidos. Todavia, as ruas estão vazias. Não está tão cedo assim; não é culpa do horário.

Emma cavalga silenciosamente, destraída como nunca a vi antes.

— Por que está tão atordoada? — pergunto. Ela se volta para mim quase em um susto. É esquisito ver Emma com um comportamento tão diferete; quase preocupante.

— Syfer — responde ela, mirando nosso caminho. — Eles não atacaram Ortiz por coincidência, claro que não. Eles sabem exatamente o que estão fazendo.

— Não sei se estou entendendo — confesso, aproximando meu cavalo do seu.

— Syfer atacou Ortiz por minha causa, talvez até mesmo por causa de Zoe. Eles querem nos desestabilizar, nos fazer lembrar de eventos no passado e afetar nossa convivência como consequência.

— O que houve no passado, afinal?

— Um massacre — ela revela em tom contido, encarando a sela do cavalo. Seu olhar fica sombrio de repente. — Em Ortiz, vivia a tribo Lykaios. Eles eram os Feiticeiros de Oriwest, como os Zarvos eram de Syfer. São duas tribos diferentes, os dons predominantes são outros e eles são mais perversos; gostavam de caos e mandingas baratas que faziam você perder a cabeça.

"Os Lykaios entraram em conflito com (inventa um conflito). Em resposta, A Governadora enviou a armada mais poderosa de Syfer: os Leontaris. Todos eles. Eu ainda era uma criança quando participei do meu primeiro massacre. Ninguém da minha família sobreviveu; ninguém da minha espécie. Eu fui envenenada e me arrastei até o fundo de uma caverna até que os reforços chegassem para me encontrar a beira da morte. Meu pai era o antigo General de Syfer, até eu tomar sua posição em sua homenagem.

"Poucos Lykaios sobreviveram, mas se reconstruíram aos poucos, diferente dos Leontaris. As cicatrizes no rosto de Zoe são a prova de que ela foi uma das sobreviventes. Quem sabe tenha sido eu a rasgar seu rosto com minhas garras... não me lembro quantas vezes fiz isso naquele dia, mas sei que foram muitas para uma criança tão pequena. Mas Syfer, aquela filha da puta, fez isso com plena consciência de qual ferida estaria cravando sua adaga."

Leões.

Sinto meu estômago se embrulhar. Eu não conheço um terço do que meus aliados foram obrigados a presenciar ou fazer para estarem vivos atualmente. Não tenho ideia se eles possuem richas antigas que ignoram pelo bem comum. Não sei se quero realmente saber.

Quebradora da MaldiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora