VINTE E OITO

0 0 0
                                    

O PALÁCIO ESTÁ SILENCIOSO DEMAIS. Não apenas vazio, mas quieto. A atmosfera parece errada aqui dentro.

Um calafrio percorre por minha espinha. Emma e eu nos entreolhamos. Ray rasteja até nós e Zoe aparece, vindo do mesmo corredor.

— Está... tudo bem? — Pris questiona, atrás de nós, ainda que sem demonstrar muita importância, ocupada olhando para todos os lados e admirando a estrutura rústica do que sobrou do Palácio de Oriwest.

— Os deuses... — Zoe começa tímida, mas é interrompida pela explosão de barulho que se inicia em um dos quartos. São risadas altas, e uma grande discussão.

— VENHA LOGO! — grita Ameer. Todos falam ao mesmo tempo, são vozes demais para entender muita coisa.

— Não tem ninguém em Vultra! — pestaneja alguém. — Vocês nunca fizeram isso, por piedade, seus bastardos!

— Pare de resistir, seu verme dramático!

Vocês não deveriam ter feito isso — argumenta Darcio, aumentando o tom de sua voz grossa como nunca antes fez. — Vamos voltar para Vultra.

NÃO! Ele vai ajudar — impõe Ameer, histérico. — Nós somos obrigados a cuidar de três dimensões, e agora estamos envolvidos em uma guerra? Perfeito! Então todos estamos.

— Não aja como se você ligasse para qualquer uma das dimensões! Você passava o dia inteiro apostando contra habitantes pobres e arrancando seus dedos antes de vir para este lugar e certamente não faz porra nenhuma aqui da mesma forma!

— EU tiro seus dedos para dar para VOCÊ, seu merda! Para fornecer os suplementos que você precisa para continuar enfornado naquele laboratório de merda pelo resto da eternidade, com o nariz empinado demais para interagir com seus imãos! Mas, adivinha? VOCÊ NÃO É SUPERIOR! — Ameer grita, completamente descontrolado.

— Como se você não sentisse prazer em arrancar membros de inocentes!

— Será que vocês podem parar de brigar?! — intervém uma voz feminina no meio da balbúrdia. Luna. Talvez seja Allerick rindo no fundo, mas há outra risada que o acompanha.

— Isso é irracional!

Você é irracional!

— Vocês trouxeram esta mulher para Vultra sem motivo nenhum! Quem diabos é ela?!

— A morta-viva queria conhecer! O que nós poderíamos fazer?!

— Dizer não, caralho!

— O que diabos está havendo lá dentro? — Emma questiona, já caminhando em direção da confusão. Eu a sigo; Pris continua admirando as paredes.

A General escancara a porta sem pensar duas vezes, encontrando uma vista um tanto quanto peculiar.

Ameer — de um metro e setenta de altura — segura a gola completamente aberta da blusa fina de Elvi, que possui no mínimo vinte centímetros a mais que seu irmão mal humorado e segura seus pulsos com força, encarando-o com desgosto. Enquanto isso, Darcio e Luna tentam separar os dois como podem.

Mas por que Elvi está aqui?

No fundo da sala, sentados em um sofá, Maara e Allerick param de rir no instante em que nossa presença é reconhecida. Em poucos segundos, todos param o que estão fazendo enquanto Emma e eu os observamos desacreditadas. Além disso, o quarto está uma grande bagunça. Uma das cortinas foi jogada no chão e há cadeiras acochoadas derrubadas para todos os lados.

Quebradora da MaldiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora