SETE

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As sacerdotizas chgaram em seu quarto à tempo. Ela estava jogada no chão, mas sem ferimentos e continua viva. Elas estão tentando usar suas habilidades curativas para acordar Lydia, mas tudo que tem conseguido até agora é diminuir a quantidade do veneno em seu sangue, que aumenta sozinho de tempos em tempos.

Metade do nosso grupo foi checar o estado de Zoe, que foi encontrada  sala em que foi deixada, encolhida em um dos cantos, tremendo e com marcas de lágrimas no rosto.

Ela ajudou Isaac.

Mali nos traiu.

O sangue sobe à cabeça cada vez que associo os últimos eventos com a Feiticeira nesta torre. Não estamos nos melhores termos com Zoe e não sabemos o que faremos nas atuais circunstâncias. Eu não estou nos melhores termos com todo o Círculo de Oriwest. Eles foram cegos e ignorantes e metade da destruição que causamos em Keres foi culpa deles. Eu os odeio tanto quanto odeio qualquer outro traidor no momento.

Por outro lado, Emma arquitetou um plano ao meu lado. Nós — eu, Lowan, Emma e Peter — juntos à Allerick e Darcio, voltaremos à Myliand primeiro. Norvell ficará em Vultra, porque precisamos de um informante, mas também porque Oriwest parece o respeitar mais do que qualquer um de nós após a perda de Ara. Nós devemos determinar se a situação em Oriwest já é adequada o suficiente para ter Lydia inconsciente e seu Círculo de volta ao palácio. Depois, seguiremos rumo à costa, onde devemos encontrar outro artefato. Oriwest não foi capaz de fazer objeções depois que foram completamente apunhalados nas costas pelos companheiros que tanto defenderam.

E entre tudo isso, eu não me esqueci da promessa que fiz à Delroy.

Eu devo encontrar Maara.

Cada segundo que passamos em Vultra é delicado. Podem significar milésimos em Myliand, ou meses. E acreditamos que já estamos em dívida com Keres. Todavia, contanto que não cuzemos seu caminho, a coroa — agora destruída — não será nossa maior ameaça.

Abraço meu corpo tentando conter o frio na barriga. Estamos indo para a guerra e lutando contra o tempo para sobreviver. Oriwest terá poucas chances se continuarmos fragmentados.

— Prontos? — Allerick pergunta, segurando o ombro de Emma. Darcio está com Lowan e estou encarregada de atravessar com Peter. Atravessar sempre me causa nervosismo.

— Preparem-se — aconselho —, pode fazer a terra tremer. 


Myliand é chuvoso e frio como me lembrava. Estamos no meio de Powal, e, no início, é difícil de se localizar. Emma nos guia pela maior parte do caminho. Minhas pernas doem e meus joelhos reclamam. A Floresta continua igual; húmida, arborizada, silenciosa e cheia de memórias forasteiras.  Caminhar aqui traz minhas conquistas e perdas à tona de uma forma um tanto quanto grosseira. Eu encaro cada um dos meus demônios em silêncio, no caminho à Oriwest.

Nalina. Maara. A caixa de vidro. A morte. Voltar para a Terra. O Grande Relógio. Mali. Oriwest. Ara. A escuridão. A paralisia. O poder excessivo que me deteriora à cada uso. Keres.

Lowan.

Todos eles moldaram — por bem ou por mal — a aberração que me sinto hoje.

Voltar, porém, significa que eu sobrevivi a eles.

Demoramos algumas horas para chegar em Oriwest. Mas eu paro antes de alcançarmos o Palácio. Sinto como se fizessem apenas alguns minutos desde que saímos do ataque à Syfer e sei que isso se dá pelas minhas horas nulas de descanço. Temo que talvez eu acabe por desmaiar no meio do caminho, ainda assim, eu paro.

Quebradora da MaldiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora