Capítulo 11 - Ato III: Grandes Finais também são Começos

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O labirinto do Amor, page 23.


- Eu já disse, mamãe! Essa mentirosa pegou o meu colar de esmeraldas!

De pé, no alto da escada, Lavenne olhava para mim com os olhos trêmulos. Eu sabia que tudo aquilo não passava de uma encenação, mas para Madame Millicent, minha primeira tutora, e para Lady Janett, mãe de Lavenne, eu estava errada. E merecia punição por isso.

Os olhos semicerrados de Lady Janett cuspiam as palavras não ditas. Em muitos saraus, quando eu ainda era pequena, a matriarca dos Granzia me arrastava para longe da vista dos presentes, e na forma de beliscões e palavras de desprezo, lembrava-me do meu lugar. Enquanto eu escutava, sem merecer, as reclamações do Rei, todas as palavras ditas por ela dançavam em minha mente, uma valsa solitária que se repetia sem cessar.

"Sua escória! Acha que vai permanecer naquele Castelo por muito tempo? Quando minha querida filhinha ascender ao trono, o que acontecerá em breve, você se lembrará onde é o seu lugar."


Assentindo, engolia calada cada um dos dizeres. Incapaz de mudar a realidade em que vivia, tomei para mim aquele destino que nunca me pertenceu.

- Você é tão burra! Não sabe que eu não gosto desse tipo de chá?

Em sua residência, Lavenne me moldava à sua vontade. Maldosa, a garota despejava o líquido em minhas vestes, no meu cabelo, em minha alma estilhaçada. Segundos depois, Madame Millicent, nossa tutora, cerrava os olhos para a minha falta de jeito.

- O quê aconteceu enquanto eu estava fora? Diga, Emilli.

Eu poderia dizer. Podia quebrar todos aqueles grilhões que me mantinham presa aos tratamentos deploráveis que recebia. Poderia me rebelar, gritar e ouvir a minha própria voz. Mas tudo o que saía da minha garganta, contrariava a minha vontade interior.

- Me desculpe, Madame Millicent. Acabei tropeçando, mas não se preocupe que irei limpar tudo.

Abaixada, vi o sorriso vitorioso de Lavenne, explicitando que pessoas como eu, nunca alçariam os degraus que as tornariam iguais à ela. Pessoas como eu não tinham direitos, ou voz. Não possuíam nada, além de si mesmas.

Fim da página 23.


Por 5 minutos, senti o pânico entalado na garganta, impedindo-me de respirar. Não estava contando que algo do tipo acontecesse, tampouco sabia como resolver aquela situação. Atordoada, segui para a porta, girando a maçaneta sem sucesso.

- Espera.. Se aqui é o lugar onde ficam todas as chaves, então há de ter uma reserva, certo?

Aliviada, mas não totalmente calma, refiz o caminho até a gaveta com as chaves, procurando entre tantas a que me levaria para fora daquele lugar. Achando-a, suspirei de alívio e estava pronta para dar prosseguimento ao plano, quando algo, ou melhor, alguém me impediu.

Minha Nova Vida Sendo a EstrangeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora