Tokyo, Japão. 5 de Janeiro de 2024
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.Eu gosto do inverno. Há quem diga que é uma época melancólica, pensamento esse que eu discordo totalmente. Consigo ver a vida em cada camada branca que cobrem as ruas, os carros e as árvores. Gosto de apreciar a nuvem que se forma a cada vez que minhas narinas fazem o trabalho de expulsar o ar para fora. E poderia passar horas e horas observando todos aqueles pisca-piscas brilhantes, em cores natalinas, na decoração do meu café preferido.
— Sô, o que foi? Vamos nos atrasar se você ficar parada aqui o dia inteiro!
Retirada dos meus pensamentos, abaixei o olhar lentamente para a garota que puxava insistentemente a manga do meu casaco. Yuina estava adorável hoje. Suas botas criavam formas irregulares na neve a cada vez que seus pés se balançavam, impacientes. Sorrindo, balancei a cabeça em concordância, voltando a olhar para o foco de outrora. Antes de acompanhar a pequena garota apressada, suspirei.
— Só estava pensando em algumas coisas. Agora.. — Deixando para trás os outdoors iluminados, os arranha-céus e todo o cenário caótico que passei a amar, apressei os passos, rapidamente alcançando Yuina. Mostrei a língua antes que voltasse a falar — Quem chegar por último vai fazer aquela dancinha maluca na frente de todo mundo!
— Não vale, Sô.. — Fazendo biquinho, Yuina disparou em seguida, falhando na tentativa de me alcançar. Enquanto corríamos, a mamãe nos chamava de longe, temendo que nós duas ganhássemos uma bela e dolorosa lembrança daquele dia gelado. — Minhas pernas são menores do que as suas!
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20 minutos depois, descemos do trem e caminhamos por mais alguns minutos até o cemitério silencioso. Abandonando o clima divertido até então, Yuina foi a primeira a se aproximar da lápide de nosso pai, fungando.
— Trouxe aquelas luvas que você adorava usar, papai.. Da cor que você gosta. — Incapaz de conter as lágrimas, a garota de cabelo castanho, um pouco mais encaracolado do que o meu, depositava a caixinha de laço vermelho, em frente à foto sorridente de Richard. — Eu fui uma boa garota esse ano.. Obedeci a mamãe e a Sô, tirei boas notas, escovei os dentes toda noite e li aquele livro que você me contava antes de dormir. — Eu também.. Também.. — Secando suas lágrimas, deslizei delicadamente os dedos pelo rosto da minha irmã, incentivando-a continuar. Sabia o quanto era doloroso para Yuina estar nesse lugar hoje. Também era doloroso para mim, sempre seria. Pensar que eu nunca teria a oportunidade de conhecer Richard, e tudo o que eu saberia sobre ele fossem apenas doces lembranças, quebrava o meu coração em mais pedaços do que eu poderia imaginar. Yuina apertava a minha mão, continuando. — Tive medo. Muito medo. Eu via as minhas colegas com os pais dela e sabia que o meu não ia mais voltar. Ele não podia voltar. — Yuina se abaixava para tocar a lápide fria. Seus dedos curtos deslizavam no mármore, enquanto os seus olhos avermelhados fitavam o sorriso do pai. Naquele momento, senti vontade de abraçá-la. Queria que ela sentisse que a irmã dela estava ali. — Eu te amo tanto, papai. Sempre vou te amar. Espero que o senhor continue me olhando por muito, muito tempo. Até que eu seja uma advogada tão boa quanto o senhor e a mamãe.
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Minha Nova Vida Sendo a Estrangeira
Fanfiction"Essa não é uma história típica dos contos de fadas. Troque a maçã envenenada por uma tentadora taça de vinho. A bruxa maléfica, por uma donzela da sociedade. E o mais importante: a mocinha não é a personagem principal. Até agora." Emilli não acorda...