"Essa não é uma história típica dos contos de fadas.
Troque a maçã envenenada por uma tentadora taça de vinho.
A bruxa maléfica, por uma donzela da sociedade.
E o mais importante: a mocinha não é a personagem principal. Até agora."
Emilli não acorda...
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Arrumando as minhas coisas, olhei para o celular, suspirando. Uma semana havia se passado desde o festival e nesse intervalo de tempo, troquei apenas algumas palavras com Aono. Nossa interação estava restrita às conversas no grupo com Pokko e as gêmeas, onde marcamos uma ida à praia nesse final de semana. Estava nervosa e ansiosa para ver o mar e sentir a areia fofinha em meus pés. Pensando na sensação, fui pega de surpresa por Hanako, que inspecionava a bolsa.
- Não está esquecendo o protetor?
- Negativo, dona Hanako. - Brinquei, fechando a bolsa. Hanako estalava os lábios, me olhando com o canto de olho.
- Quando você for mãe, vai entender todas essas preocupações.
- Eu sei, eu sei. - Me aproximei e a abracei. Hanako cheirava a aeto e conforto, e eu amava isso nela. Nesses últimos meses, ela, Tia Miya e Yuina eram o meu significado de lar. - Vou ligar avisando que cheguei e não vou esquecer de passar o protetor, não vou entrar no mar se ele estiver agitado nem vou nadar para longe. Esqueci mais alguma coisa?
- Engraçadinha. - Hanako apertou a minha bochecha, me fazendo rir em resposta. - Aproveita bastante o seu dia, minha filha. Se divirta muito.
- Eu vou, obrigada mãe. - Sorri, recebendo um beijo na testa. Em seguida, estando pronta, beijei-a na bochecha, repetindo o ato com Tia Miya e Yuina, que choramingava por não poder ir. - A gente já vai se divertir muito na casa da vovó. Promet que vou ser só sua lá.
- Nem queria ir mesmo, chata! - Yuina murmurava, limpando o beijo. Ri e a beijei novamente, recebendo um resmungo de volta.
A praia de Zushi era linda assim como nas fotos. O vento forte nos recebia assim que pisamos na areia, e ao sentir a textura realmente macia, quase tive vontade de soltar um gritinho, mas me segurei, por ser esperado um certo costume com ocasiões como aquela. Kaori foi a primeira a correr para longe, erguendo o celular para buscar o melhor ângulo.
- Esse ângulo é maravilhoso! - A garota comentou, fazendo uma pose. Com a mão livre, ela nos chamava, e trocando um rápido olhar, corremos até ela.
Fiz sinal de "v" para as fotos e sorri. Quando Kaori cansou de tirar as fotos e Keiko a chamou para arrumar nossas coisas na areia, olhei para a imensidão do mar, deslumbrada.
As ondas iam e vinham, varrendo a areia consigo. O barulho era um relaxante natural aos ouvidos, e sem perceber, o mar me chamava, me convidando a molhar os pés. Devagar, senti a água gelada molhar o meu tornozelo e soltei um gritinho extasiado, empolgada por estar ali.
Aono me observava de longe, e quando percebi, o vi virar o rosto para o outro lado, desconcertado. Voltei a prestar atenção no mar, sentida com o súbito afastamento, mas deixei esse assunto de lado enquanto voltei e ajudei as meninas com o protetor.
Pokko foi o primeiro a entrar no mar, convidando Kaori que assentiu, tirando a blusa. Keiko os seguia depois, largando para trás a camiseta que usava, cabendo a mim a tarefa de deixar tudo em ordem.
