Capítulo 2

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Desembarcamos ao alvorecer

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Desembarcamos ao alvorecer.

A nossa chegada fora previamente declarada pela bandeira que, no alto do mastro, tremulava em uma dança silenciosa conforme o vento. O astro-rei despertava no horizonte, lançando aos céus matizes com cores de fogo e rosa. O ar era fresco e límpido, com cheiro de brisa marinha.

Inalei profundamente o ar salgado para dentro dos pulmões, ansiando enchê-los com seu sabor. O porto de Arcatia permanecia tão vívido quanto em minhas lembranças. Os sorrisos e a recepção calorosa dos povos me deixavam aquecido, como nos dias mais quentes de verão.

Por mais fascinante que fosse o cenário, contudo, Jeordi parecia aborrecido.

Ele era um das ilhas do sul, onde o sol nascia gelado mesmo nos dias mais quentes. Eu compreendia as suas razões para detestar o clima sempre quente de Arcatia, do que amá-lo, como eu amo.

— A ralé está eufórica com sua presença, alteza.

Ele secou as gotinhas de suor que acumulavam nas entradas do cabelo grisalho.

— Não fale assim — o repreendo, compassivo. — Não é educado.

— A última coisa que essa gente sabe é sobre educação ou higiene básica.

Suspiro, cansado.

— Mas eu, como príncipe e futuro rei, não aprovo tal forma de comportamento — rebato. Ajeitei meu terno azul-marinho, certificando que todos os botões dourados estavam presos. Descemos a grandiosa rampa de madeira do navio até a terra firme. — Você anda extremamente azedo, Jeordi. Mais do que o habitual.

— Desculpe se pareço indelicado, alteza. Tantas semanas em alto-mar afeta o meu humor.

Viro para ele, sorrindo.

— O mar não é nosso inimigo, Jeordi. Ele é um mundo desconhecido de maravilhas.

— O senhor é um amante do mar. Isso é inegável. Mas suas responsabilidades estão aqui, não lá.

O meu sorriso se desfaz na mesma hora. Claro que estão. O meu destino fora entregue a elas desde o primeiro instante. Mesmo que estivesse visivelmente cansado da viagem, dei o meu melhor sorriso quando nos aproximamos da multidão que nos aguardava.

— Príncipe Callox!

Uma voz que se formou no aglomeramento me chamou, perdida na euforia.

Tento buscar a origem do chamado, mas tudo que encontro são rostos felizes, sorrisos gentis e mais cheiro de sal permeando o ar. Os acenei com a mão e me inclinei para afagar com a mão as cabeças das crianças que se espremiam na frente dos adultos. Com risinhos divertidos e um profundo olhar de admiração, para elas, era como se eu fosse a espécie de uma das lendas de Arcatia.

O povo arcatiano tinham a mesma vivacidade do sol, sempre felizes e contagiantes. Cantigas populares enchiam o ar com melodias cativantes que contavam a história do nosso país como um reino, desde sua criação. Existiam tantas cores, sabores e coisas para ver e descobrir que era impossível não desejar ficar por mais algumas horas.

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