Capítulo 18

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Os pontos cruzados do meu braço se romperam com a força bruta do meu impacto contra o chão

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Os pontos cruzados do meu braço se romperam com a força bruta do meu impacto contra o chão. Soube que o reparo seria doloroso quando Nina, a curandeira dos piratas, soltou o ar depois de inspecioná-lo de perto. Logo a agulha deslizava queimando para dentro da minha carne, tecendo novos pontos, fechando a ferida aberta, mas eu já não me importava.

Os meus pensamentos me levavam para longe, onde a dilaceração da minha carne não era nada comparada ao tipo diferente de dor que me corroía interiormente.

Nina — sempre concentrada, tal como eu a tinha em minhas lembranças —, não tentou se aprofundar no que havia acontecido. Não era como se precisasse também. Àquela altura, todos a bordo do navio sabiam da minha tentativa de fuga; sobre o ataque na ilha e que eu estava sendo caçado.

Sabiam que Rhascourt foi cruelmente ferido enquanto lutava para me defender.

Quando havia planejado a minha fuga, a simplicidade do plano me cegou. Apenas precisava atravessar a ilha, movido pela determinação e pelo desejo de libertar os soldados arcatianos do presídio cruel. Imaginava um caminho reto, livre de obstáculo em um trajeto linear. Eu não esperava que as coisas saíssem tanto do meu controle, e o caminho tortuoso que me esperava colocasse Rhascourt e seus piratas em perigo também.

Ao aportar em suas areias prateadas, eu sabia que a Ilha de Belrealis escondia seus segredos. Todas as ilhas têm segredos. Mas, o que estava além da minha imaginação, era que algum desses segredos pudesse estar entrelaçado a mim, como fios de um bordado celestial, mas todos estavam.

A minha vida foi entregue nas mãos de usurpadores impiedosos que me mantiveram em cativeiro por três dias. Sem intenção de negociação, aqueles homens desejavam apenas explorar todo o ouro que os soldados estavam dispostos a oferecer em troca da minha captura.

Não, eles não queriam me salvar.

Com a habilidade de homens arduamente treinados para a batalha, eles urdiam teias ao redor da ilha, tramando uma armadilha perfeita para me fazer cair. A minha cabeça seria o troféu sinistro para que meu pai levasse a guerra entre os reinos adiante.

Corto o silêncio que abriga os meus pensamentos.

— Os ferimentos foram graves? — Indago, curioso. Estávamos próximos a popa do navio. Nina usava a luz do sol como lanterna para fazer uma costura precisa no meu braço. — Quero dizer, os dele.

Os seus olhos continuam atentos.

— Rhascourt tem a força do coração do mar dentro de si — ela garantiu. — Ele está se recuperando.

— Eu não deveria ter ido tão longe.

— Você buscou a verdade, abriu seus olhos para o que acontecia e estava além do seu conhecimento — Nina diz, compassiva. — Uma vida que nasce da mentira não é uma vida, é um espetáculo.

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