Capítulo 19

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— Quer dizer então que temos um nobre da corte a bordo do nosso humilde navio? — Disse Ace, com uma fala completamente teatral

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— Quer dizer então que temos um nobre da corte a bordo do nosso humilde navio? — Disse Ace, com uma fala completamente teatral. — Quanta honra. O que posso fazer para tornar suas acomodações mais aconchegantes, meu honorável príncipe? Por obséquio, diga-me.

Com um revirar de olhos, me deixo levar pela encenação prontificada, seguindo o roteiro improvisado na minha cabeça. Aceno em desdém com a mão, empinando o nariz.

— Afofe as almofadas e traga-me a melhor sugestão do chef. Nada de amêndoas, pois sou alérgico — fecho os meus olhos e arqueio as sobrancelhas, com um ar metido, mas abro apenas um deles ao me dar conta de que o garoto ainda estava ali. Contenho uma risada. — O que está esperando? Vamos, rápido. Ou quer que a sua cabeça seja servida no jantar?

Ace franziu os lábios curvados.

— Sim, senhor — continua, em tom brincalhão. Completamente desajeitado, ele tenta uma reverência. — Digo, não senhor. Trarei nosso melhor prato que não fira suas glândulas reais.

Só consegui suportar o riso contido por mais alguns minutos, antes de cair em gargalhadas com o ruivo.

Tinha sentido falta desses momentos de alegria repentina com ele. Assim como agora sentia falta de Miro. Eles teriam se dado bem.

— Obrigado por não mudar comigo.

— Nunca vou mudar com você. Tanto que como prova das minhas palavras, eu reservei um dia inteiro cheio de afazeres nada reais para nós dois. A começar por, vejamos, organizar os conveses e dar uma mãozinha a Fairley na cozinha. Tudo em nome dos velhos tempos.

— Em nome dos velhos tempos, é claro. Por que simplesmente não me atira no mar?

— Não me provoque — replicou Ace saltando das cordas em que estava pendurado. — Para sua sorte, eu não teria coragem de atirar ao mar o único amigo que tenho da realeza. Mas se é mesmo o que você quer, posso pedir para algum dos piratas faça isso por mim. A maioria tem razões bem válidas.

— Obrigado por me lembrar o quanto os outros piratas me adoram.

Ace dá de ombros.

— De nada.

— Mais um problema para a minha lista infindável.

Mesmo que os outros soubessem que o plano continuava o mesmo e que seguiríamos ao nosso destino de sempre — a ilha de Syphora, a que eles tanto sonhavam encontrar —, a maioria deles ainda me tratava com rispidez e impaciência. Eu já havia me convencido de que as coisas continuariam assim por um bom tempo. Não há como reparar os danos de uma confiança perdida.

Ace, Nina e Ostyn continuavam os mesmos. Horne ainda vigia meus passos enquanto leva a paciência dos outros ao limite, nas sobras de tempo em que encontrava quando não estava provocando Ace, que sempre se deixava levar pelas provocações constantes do contramestre.

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