Capítulo 15

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Ao despertar, um frio gélido, como um abraço cruel do inverno, dominou meu ser

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Ao despertar, um frio gélido, como um abraço cruel do inverno, dominou meu ser. Não era o frio costumeiro das noites em alto-mar, mas aquele tipo de frio que penetra nos ossos, carregando consigo a névoa da incerteza e o presságio de uma presença nefasta. Um tremor incontrolável tomava conta do meu corpo, o medo dançando em minhas veias.

O cheiro pungente da maresia e do sal ainda pairava no ar, mesclando-se ao nauseante odor do pavor que emanava de dentro de mim. Lentamente, como se cada movimento fosse uma batalha contra o próprio tempo, as lembranças de mais cedo voltaram a inundar minha mente.

Eu tinha sido arrancado do meu próprio navio pelas mãos de piratas implacáveis, que me mantiveram prisioneiro em seu navio, onde o tempo parecia congelado. Eu tinha acreditado que minha fuga me libertaria dos meus piores pesadelos, mas estava enganado. O verdadeiro horror se desenrolou diante de mim quando os meus olhos se deparam com os dele.

O brilho em sua pupila não era reflexo do mar, mas a cobiça ardente e a ganância personificada.

A sombra do medo apoderou das minhas entranhas ao notar o homem diante de mim. Seu sorriso, uma farsa cruel esculpida em carne pútrida, ostentava dentes amarelos e apodrecidos, como lápides de um cemitério esquecido. Em um reflexo de puro instinto, desvio meu rosto, trancando a mandíbula, como se a simples visão daquele homem pudesse me corromper. Mas ele avançou, implacável como a maré alta, e a sua mão esquelética, cravou em meu rosto.

Diferente de tudo que eu senti quando Rhascourt me tocou dessa mesma forma, agora eu só sinto asco.

— Sua pele parece ser feita de porcelana. Olhe para mim.

Não o faço.

— Olhe para mim — seus dedos calejados, como garras de um corvo faminto, cravaram no meu rosto. A força bruta do seu aperto estilhaçava em mil pequenos fragmentos a máscara de serenidade e coragem que eu lutava arduamente para manter, mas a pressão dos seus dedos me obriga a encarar a perversidade em seus olhos, com os meus marejados. O sorriso em seu rosto cresce. — Quanto será que você vale?

Fúria consumia meus olhos marejados, mas, ainda assim, as palavras trovejaram de dentro de mim.

— Muito mais do que o preço da sua vida quando você for capturado.

A risada que escapou dele denunciava o oposto à minha intenção de intimidá-lo.

— Não me importo. — Disse. Dois tapinhas, rápidos e brutais, ecoaram em meus ouvidos, queimando-me as bochechas como flamas incandescentes.

O tirano se sentou na cadeira de madeira com um gesto arrogante, as costas dos braços apoiadas no encosto como um trono de tirania.

— Você é bonito e valioso. O rei está oferecendo um preço alto por você. Você causou uma comoção, garoto. Todos estão à procura do príncipe desaparecido.

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