Capítulo 27

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Rhascourt convidou o frio gélido a entrar quando abriu a porta

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Rhascourt convidou o frio gélido a entrar quando abriu a porta. Sentado a beira da cama, o meu coração está cruelmente acelerado, ameaçando escapar, mas tudo parecia estar exatamente no mesmo lugar. O quadro compondo uma perspectiva que eu apenas antes tentava não ver. Eu queria ouvir a parte da sua história, a sua parte, mas não sabia se estava preparado para mais revelações. Não depois de tudo.

As palavras de Callisto me alcançam como o vento que uiva sob as águas e agitam as ondas para longe.

Rhascourt me conhecia desde o princípio. Antes de me reconhecer pelo título que cabia a mim da monarquia, ele me conhecia como o irmão de Callisto — o irmão que eu nunca conheci. Nunca foi um sequestro. Rhascourt, Callisto e os piratas eram a prova de tudo que havia acontecido, de todas as coisas ruins que o meu pai fez cego pela promessa do poder. O meu pai havia traçado todas as rotas, desenhado com precisão o plano de sua emboscada.

Eu era uma das peças do seu jogo macabro. O meu pai aproveitou a oportunidade do ataque contra o Flor de Arcatia para acusar Lilásia de traição e agora, o reino que eu conhecia como casa não é nada mais que um campo minado. Estou sendo perseguido e caçado pelos soldados arcatianos, e eu sei que ele irá até o fim para me encontrar. Mas, ainda assim, mesmo que minha vida estivesse em constante perigo nas mãos dos rebeldes nórdicos ou dos piratas, era o meu próprio pai que eu deveria temer.

A realidade estava tomando forma diante dos meus olhos e abrindo um vazio enorme no meu peito.

— Callisto... — balbuciou — ele te contou?

O silêncio revelou o cuidado nas palavras que ele escolhia.

— Eu queria te contar. Desde o início, eu quis te contar. Mas não cabia a mim.

Engulo o nó seco que aperta a minha garganta e esfrego o rosto, em uma tentativa falha de clarear os pensamentos. Parte de mim entendia sua precaução. Eu entendia as razões que o levaram a manter segredo sobre tudo até que o momento certo chegasse; entendo que não era dever dele revelar a verdade sobre a minha família, eu o entendia. Mas não consigo não me sentir decepcionado. Com tudo, não só com ele.

Não desvio meus olhos de Rhascourt quando ele se agacha e segura delicadamente as minhas mãos.

— Estamos bem?

— Estamos, eu só... — minhas palavras se perdem. Tento outra vez. — Rhascourt, eu só queria saber o que é real.

As suas mãos apertam gentilmente as minhas.

— O que eu sinto por você é real.

Não me permitir pensar nas consequências ou no que Rhascourt era, quando inclinei o rosto e pressionei meus lábios contra os seus. Ele tremeu com a necessidade súbita em que minha boca tomava a dele em um beijo voraz, mas primitivamente o equilibrou quando abriu os meus lábios com a sua língua. Eu sentia o calor do seu corpo conforme o músculo dançava no céu da minha boca, tocando cada pequena estrela.

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