Capítulo 8

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Rhascourt é o pirata mais maldito que meus olhos tiveram o desprazer de encontrar

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Rhascourt é o pirata mais maldito que meus olhos tiveram o desprazer de encontrar.

O ranço que sobe em minhas narinas faz minha cabeça revirar, em enjoo. Eu me agacho dentro da cela minúscula, segurando um balde vazio com a mão saudável. Recolho a palha úmida com toda a porcaria feita pelos animais. Suor escorre pela curva das minhas costas, mas o desconforto não chega nem perto de ter que fazer a limpeza das celas em meio ao cheiro fétido que impregna o ar.

Abano o rosto, afastando as moscas que zunem nos meus ouvidos.

Quando ofereci meus serviços para Rhascourt, eu imaginava tudo, menos ficar responsável de cuidar de toda a sujeira feita pelos animais em suas celas. A única aproximação que eu tinha com algum animal do palácio, era com os lindos e robustos cavalos do estábulo. E eu não precisava limpá-los depois de um passeio. O máximo que eu fazia era escovar seu pelo, e só.

Sinto vontade de enterrar minha cabeça no balde cheio de palha e gritar com toda a força dos meus pulmões, mas (1) ainda havia muito trabalho pela frente e ele não terminaria sozinho; (2) Ostyn não me ajudaria com isso, e (3) céus, isso seria muito nojento.

Ostyn, sim tem a melhor parte do serviço. Ele apenas inspeciona as galinhas e os bodes, enche tigelas de água e ração e vai embora simplesmente, deixando todo o resto do trabalho para mim. Tentei com que ele me ajudasse a convencer o capitão a me designar uma nova tarefa, mas sua resposta veio com um enorme esfregão empurrado contra o meu peito. Conseguindo ou não sua ajuda, não faria a menor diferença. Eu descobriria mais tarde quando passasse por outro pirata.

Ostyn era apenas o meu primeiro instrutor do dia.

Maldito Rhascourt.

— Esfregue o corredor e não deixe que as galinhas fujam — ele disse caminhando até as travas para me mostrar como fechá-las. As celas eram construídas com uma cerca de arame enrolado, cada uma adaptada para cada animal. — Termine tudo, depois recolha os ovos com a cesta e coloque ela em cima do barril perto da porta.

Assimilo as instruções. Esfregar; manter os olhos nas galinhas, conferir as travas e recolher os ovos.

— E quanto as galinhas? Elas são dóceis?

— Se não forem, as ordene para que o deixem tirar os ovos — Ostyn ri da própria piada, balançando a cabeça e dando batidinhas na perna. Sua risada cessou quando ele encontrou minha cara fechada. — O que? Foi engraçada. Se elas te obedecerem, ao menos você vai ter alguém para ordenar e desordenar, como no palácio.

Não tem como ficar pior.

Ostyn era tão caricato que parecia um personagem de histórias infantis sobre piratas. Com uma barriga arredondada que entregava o amor por chopp, o homem era tão pequeno quanto largo. A barba grande e cinza se confundia ao cabelo liso e grisalho. Ele tinha o olho direito coberto por um tapa-olho. Um dente de ouro cintila na sua boca, substituindo um dos caninos.

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