Capítulo 23

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Por mais que desejássemos ficar, não poderíamos

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Por mais que desejássemos ficar, não poderíamos. Prolongamos o nosso momento enquanto pudemos. O pirata, com a cabeça aninhada em meu colo, suspirava baixinho enquanto meus dedos se afogavam em seus cabelos.

O sol dourado acariciava com seu calor a nossa pele, agora seca, enquanto os fios úmidos do seu cabelo deslizavam entre os meus dedos. Eu separava algumas mechas com cuidado, penteando-os, enquanto Rhascourt acariciava minha perna com um toque suave. A valentia que definia o pirata em lutas de espada agora tornava-se brandura sob meu toque.

Os olhos tempestuosos de um pirata impiedoso cedendo espaço a um lugar de serenidade inabalável.

A sombra da nossa travessia cada vez mais próxima ao temível Mar Sombrio, que em outros momentos o assustava, agora parecia se desmanchar em sua própria inexistência, mas eu sabia que aquilo o assombrava.

Rhascourt era um líder — um dos mais astutos que meus olhos já havia encontrado. Embora ostentasse firmemente a postura de um líder, Rhascourt não conseguia esconder os sinais do seu cansaço. Os seus ombros estavam caídos e as tensões em seus músculos era um mapa dos perigos que tão logo enfrentaríamos quando as ameaças confidenciadas no Mar Sombrio nos espreitasse. Mesmo em meio à tormenta que se anunciava, o pirata não se esmoreceu. Eu conhecia bem aquela sensação em que o dever o impede de ceder, mesmo que por alguns segundos.

Rhascourt suspirou quando minha mão percorre eu peito.

— Área proibida?

Ele mordeu os lábios, como se hesitasse em dizer algo.

— Cada centímetro meu é seu para que faça o que quiser — proferiu baixinho. Com um gesto delicado, eu afasto uma longa mecha que recaí em seu rosto, e um sorriso nasce em seus lábios. Os cabelos de Rhascourt eram de um castanho-escuro, caindo em seus ombros largos com ondulações enfeitados com cachos delicados nas pontas. Brinquei com eles enrolando-os ao redor do meu dedo.

— O que houve, então? — indaguei, sem desviar o olhar do pirata. Com a prévia da permissão, eu levo os meus dedos a traçarem um novo caminho pelo seu peito, brincando com pelos finos e úmidos que o revestia, como se fossem fios de seda molhados pelo orvalho da manhã. — Parece estar com os pensamentos distantes.

Ele se desvencilhou do meu toque, e em seguida, se levantou.

— Todos os meus pensamentos estão bem aqui — confessou, encarando minha boca.

E, de súbito, ele me envolveu em seus braços, me aprisionando em meio a um beijo ardente. Cada novo enlace revelava uma nova ternura em seus beijos. Sua pressão contra a minha boca era firme, mas quando ambas se uniam, em um encaixe perfeito, elas surpreendentemente se transformavam em uma renda macia de carícias.

Descobri que era refém de cada uma delas.

A sua mão — tão grande quanto meu próprio rosto —, repousava morosamente sobre mim, enquanto o seu dedão percorria as maçãs do meu rosto rubro, incendiando seu calor na minha derme.

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