Capítulo 21

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O refeitório estava como sempre — caótico e inundado de risadas e conversas aleatórias

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O refeitório estava como sempre — caótico e inundado de risadas e conversas aleatórias. O aroma do peixe assado pairava no ar, misturando-se ao maravilhoso cheiro de pão e legumes cozidos. Talheres tilintavam, vozes se misturavam em um zumbido indistinto, e a onda de burburinhos da conversa era pontuada por gargalhadas ocasionais.

Eu estava sentado ao lado de Ostyn, que não me poupou do seu julgamento silencioso enquanto ele estreita os olhos em meu prato intocado. Cinco minutos, contei, desde que ele começou a me observar, os seus olhos como brasas flamejantes me fazendo encolher os ombros.

— Se você não comer, eu vou contar a Nina.

A bandeja à minha frente era um lembrete da minha falta de apetite. A salada, antes verde e vibrante, agora tinha as folhas murchas e quase marrom. O pão estava se despedaçando, esquecido. O meu prato parecia delicioso enquanto ainda estava quente, mas agora, frio e esmaecido, fazia meu nariz torcer.

Por alguma razão, sentia um enjoo insuportável desde cedo.

Curvei o corpo para frente, apoiando a cabeça nas mãos.

— Não quero comer — eu me defendo. — É sério. Não tenho fome.

— Você está pálido, rapaz — rebateu para em seguida levar a mão à minha testa. — Pelo menos não está com febre.

— Viu? Eu estou bem. Só preciso me deitar um pouco.

Ostyn me encara mais uma vez e beberica seu suco.

— Não sem antes da Nina te ver.

Um resmungo baixinho escapa de meus lábios, e eu entrelaço meus dedos nos meus cabelos, levando-os para trás da orelha. Ele estava significantemente maior desde a última vez que cortei. Agora, algumas das mechas recaíam um pouco antes dos ombros.

Eu era incapaz de convencê-lo de que, apesar do enjoo repentino, eu me sentia bem — perfeitamente bem —, e que só precisava de um pouco mais de tempo para descansar.

Não estava acostumado a lidar com tanta insistência, então, acabo cedendo.

— Estou liberado para descansar depois que ela me ver?

— Não sou eu quem vai decidir isso — ele diz. Ostyn não tinha terminado de comer quando se levantou e me estendeu a mão. A seguro com firmeza e impulsionei o meu corpo para cima. Apesar da teimosia, eu me sentia grato pelo seu cuidado. — Mas eu posso convencê-la a te liberar mais cedo.

Seguimos em direção ao convés, deixando o refeitório para trás. O mar de tinta preta está adornado por estrelas que piscam como diamantes em um céu de veludo. Acima de nossas cabeças, luzes distantes, sóis em miniaturas, cintilam em um respirar condensado, fraco.

Embora a noite pareça perfeita para observar as estrelas pelo telescópio que Rhascourt me deu, o meu estômago protesta contra a ideia. O balanço do navio, mesmo que calmo, me faz sentir nauseado e tonto. Tento me convencer de que o cenário poderia ser pior — e, de fato, poderia, se não estivéssemos navegando rumo à terra firme. Mas a indisposição continua ofuscando a beleza da noite, e a única coisa que eu desejo é me refugiar o quão antes na minha cama.

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