Capítulo 4

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Arregalo meus olhos em completo horror ao caos que nascia nas labaredas

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Arregalo meus olhos em completo horror ao caos que nascia nas labaredas. Era cru. Violento. Chamas de fogo lambem as grandes velas, consumindo-as com fome feroz e insaciável, transformando-as como cortinas para um espetáculo regido pelo encontro brutal entre as espadas erguidas para o céu. Encontro meus homens brandindo suas espadas e resistindo, enfrentando as sombras que se agitam em uma dança mortal sobre as chamas que devoram a madeira.

Eu estava petrificado, sentindo meu coração bater tão forte que a qualquer momento parecia que ele iria escapar de dentro do meu peito. O pavor corre em minhas estranhas como água do oceano. Respiro com força, o ar quente esfumaçado feria minhas narinas como navalhas afiadas.

Tento engolir o nó que me sufocava, sentindo-o cada vez mais apertar minha garganta e me pus de pé, depois de longos minutos buscando equilibrar o peso do meu corpo cambaleante com as ondas que balançavam o navio. Arrasto-me até Jeordi, que vacilava aos tropeços ao meu lado, sem dominar os movimentos.

Afasto-me do terror que se intensifica a cada instante, guiado pelo ruído da madeira consumida com estalos incessantes e apoio seu braço em meu ombro, segurando forte sua cintura e seguindo nossos passos com cautela, mesmo que esperar fosse um luxo que não podíamos ter. Precisávamos ir para um lugar seguro. Trago o seu corpo para perto do meu, desviando dos pequenos obstáculos que dificultavam nosso caminho. O mundo inteiro parecia girar sem parar.

Jeordi tenta acompanhar as minhas passadas ao seu ritmo, mas em algum momento, as nossas pernas se entrelaçam e vamos ao chão novamente.

Minha mão esquerda torce com o meu peso quando tento amortecer o impacto brusco da queda. O som do meu osso se deslocando é abafado pelo meu grito de agonia. Uma onda poderosa de choque percorre o meu corpo, marejando meus olhos com lágrimas que resistem em cair.

— Nós t-temos... — o aperto intensifica. — T-temos que continuar, Jeordi.

Retomamos os passos, oscilantes, e percorremos o navio em fuga. Da parte dianteira até o ponto onde o mastro se erguia como uma lança incandescente que cortava as nuvens e escurecia os céus com brasas. Entrego Jeordi desmaiado nos braços de um dos guardas. Ordeno que o leve para um lugar seguro.

Observo a testa do homem se enrugar com uma expressão confusa, enquanto tem o meu amigo em seus braços. Seu olhar é de puro temor e reverência. Sei que ele não compreende a minha escolha;

— Alteza. O senhor precisa se proteger. Venha comigo.

— Não! — bravejo, o calor da raiva me fez esquecer a dor. — Eu vou ficar e lutar. Esses vermes não irão nos derrotar. Agora, leve-o para longe daqui! — Ordeno, apontando em direção a escotilha que direciona ao porão, onde Jeordi estará a salvo.

ALGUM LUGAR DO OCEANOOnde histórias criam vida. Descubra agora