— Desate o nó da corda e puxe-a, devagar, para baixo — Horne instruiu, passivamente.
Faço exatamente o que ele me pede, mas é um pouco complicado. O nó está firme demais e fere os meus dedos. Persistente, permaneço, até o nó finalmente se desfazer. Eu comemoro antecipadamente em minha vitória, esquecendo completamente a última parte.
Deixo a corda escorregar da minha mão, e tão rápido quando ela chega ao chão, a vela bravateia no alto do mastro, fazendo o navio reclinar perigosamente para o lado.
O pirata responsável por ficar na roda do leme direcionando o navio, me fuzila intensamente com olhos ameaçadores depois de tropeçar nos próprios pés e cair, batendo as costas na borda do navio.
Os outros piratas riem em divertimento. O meu rosto esquenta. Horne revira os olhos.
— Desculpa.
Horne me leva ao convés principal com passos rápidos. Tento acompanhá-lo ao mesmo ritmo, mas ele não parece nenhum pouco disposto a facilitar para mim. Lembro-me do que Elaena disse, dias atrás.
Nem todos seriam gentis ou pacientes. Não imaginava que ela estivesse falando tão sério. Ouvi os seus suspiros pesados e irregulares conforme caminhávamos. Ele caminhou até a borda do navio e voltou com um balde de alumínio e uma escova nas mãos.
— Comece no centro e jogue a água nos cantos — explicou. — Vai ter bem menos trabalho se começar assim.
— Começar o que, exatamente?
Horne sorriu malandramente.
A pele negra do homem contrastava com o sol ardente que beijava nossos rostos. O seu cabelo estava completamente trançado com presilhas de ouro presas nas pontas. Além da bandana vermelha que era um acessório comum entre eles, Horne estava adornado de ouro — como se estivesse acabado de encontrar um tesouro perdido com joias preciosas.
— Limpar os conveses. Primeiro as corvetas, as fragatas e os naus.
Poderia preferir não acreditar no que acabará de ouvir. Poderia culpar a pancada que eu levei na cabeça por me fazer imaginar coisas, mas não era nenhuma imaginação. Horne realmente falava sério quando repassou as ordens.
Mesmo assim, franzo o cenho.
— Você quer que eu esfregue o chão dos conveses com a mão enfaixada?
Era a coisa mais absurda que eu ouvi desde que cheguei.
— A outra mão parece muito boa.
— Eu vou demorar horas até terminar tudo.
— Então é melhor começar logo.
Fico pasmo, sem acreditar.
Se a vida dos meus homens não dependesse da minha cooperação, atiraria-me no mar na primeira oportunidade. Não me importaria de ser engolido pelas ondas ou devorado por tubarões enquanto tentava. Eu poderia limpar quantos corredores fétidos a urina de bode e galinhas Ostyn quisesse, mas o convés?
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ALGUM LUGAR DO OCEANO
RomanceQuando piratas selvagens e impiedosos o arrancaram de seu navio em meio a uma viagem que selaria seu destino para sempre, o príncipe não sabia que graças aquele encontro, o véu que escondia os segredos e mentiras sombrias sobre seu reino e sua linha...