Capítulo 6

184 26 16
                                    

Encostado no mastro de madeira, adormecido, revivo os momentos de terror

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Encostado no mastro de madeira, adormecido, revivo os momentos de terror.

Estou novamente em meu quarto contemplando o sol da manhã nascendo no topo das montanhas arcatianas enquanto atravessa as altas muralhas de pedra, invadindo com calor as cortinas das janelas. Fazia um dia radiante, comum no reino arcatiano.

Eu havia navegado os mares do globo, descoberto seus mistérios e suas histórias, mas nenhuma outra beleza no mundo se comparava ao nascer do sol nas montanhas de Arcatia. Era um espetáculo magnífico e silencioso, que nunca poderia ser representado nas sardas de uma pintura eufêmica.

Gaio-áureos voam na imensidão azul, proferindo canções poesias em suas canções matinais.

Os sonhos são elementos de uma magia etérea, mas aquela mesma magia pertencia à Arcatia. E ela era pura. Não feria ou ameaçava mesmo tornando-se mais poderosa à cada nova respiração, como as ondas no horizonte que, vistas da varanda, quebravam-se pacificamente contra as rochas pontiagudas.

No meu sonho eu atravesso o enorme salão que conecta meu quarto e a incrível paisagem contemplada da varanda ao meu escritório, onde uma pena apontada para o teto está colocada ao lado do frasco de vidro com tinta preta. O pergaminho enrolado e preso com um delicado laço de cetim está a minha espera. Sinto o peso das responsabilidades em meus ombros conforme me aproximo dela.

O meu coração está tão pesado quando pedra, mas não tenho outra escolha senão esquecê-lo, deixá-lo de lado como todas as minhas vontades. Elas não são nenhum pouco importantes aqui.

Engaveto minha dor na gaveta da escrivaninha mais próxima e começo a escrever o relatório detalhando, precisamente, minha recente viagem ao reino de Estrelaris e a confirmação da minha futura união ao lado da princesa Ariella, agora, minha noiva.

Eu me sinto traído por cada palavra que escrevo; ali, eu selava conscientemente o meu próprio destino sabendo que não teria como voltar atrás em minhas escolhas. O que está feito, está feito. Não há nenhuma volta. Não poderia existir. O destino que eu sonhava não era o mesmo que o trono reservava para mim.

Esse é o preço de ser um sonhador. Sentir o mundo ruir quando os sonhos escapam das suas mãos.

Concretizo e aceito o meu destino quando assino, em uma caligrafia cursiva e elegante, o meu nome no papel.

Príncipe Eik Desjardins Callox Maxwell, de Arcatia.

A assinatura poderia ter ficado perfeita, completamente desenhada e curvada, mas no fatal encontro das vogais do nome do reino, um estrondo violento faz o chão estremecer. As minhas mãos tremem. Os meus braços apoiados na mesa de madeira maciça. Com o susto súbito, a pena cai entre meus dedos e tomba sobre a mesa, manchando meu nome com gotas pretas com formatos semelhantes a manchas de sangue, consumindo a textura do papel.

Levanto-me rápido da cadeira acolchoada e de uma maneira estranha, sem fôlego, de repente. Viro-me de costas, em direção à chegada do estrondo, tentando encontrar a causa da explosão.

ALGUM LUGAR DO OCEANOOnde histórias criam vida. Descubra agora