Capítulo 14

93 15 19
                                    

As ondas abraçaram meu corpo, envolvendo-me em sua frieza, como se desejassem me acolher em seus braços gelados

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

As ondas abraçaram meu corpo, envolvendo-me em sua frieza, como se desejassem me acolher em seus braços gelados. O gosto salgado invadiu minha boca e arranhou minha garganta, mesclando-se com a enfim, sensação de liberdade que inundava as minhas veias. Eu imediatamente havia ficado encharcado, os fios dourados caindo em minha testa.

Cada pequeno movimento batendo meus braços e pernas, logo se tornaram em passos largos. Sal em meus olhos ardiam minha retina, e dificultava o meu campo de visão para além dos dois metros a minha frente, mas eu não ousei parar. Quando as minhas botas afundaram a areia macia e molhada, eu liberto o ar que estava prendendo a partir do instante em que saltei do navio.

Eu consegui. Consegui escapar de Rhascourt, dos piratas e do inferno que tinha aprendido a suportar em razão da garantia que nada aconteceria aos meus guardas. Agora, tudo que eu preciso é descobrir onde Jeordi e os guardas estavam mantidos aprisionados para poder libertá-los.

Eu jamais me entregaria as correntes outra vez.

Não havia tempo a perder, nem espaço para hesitar. Avancei pela praia desconhecida com a coragem de um herói e a agilidade de um ladrão. Eu me mantinha à margem de uma trilha de plantas selvagens, tentando não atrair atenção de olhos curiosos. A ilha exótica era um espetáculo de cores vibrantes, mas também de perigos mortais, que revelavam o veneno letal que aquelas plantas excêntricas guardavam.

Empunhava a minha espada para abrir o caminho coberto por galhos esverdeados que se curvavam para baixo com folhas de várias formas e tamanhos, formando um túnel de flores e folhas ao meu redor. Galhos secos e caídos quebravam sob o peso dos meus passos, conforme eu me aprofundava na floresta.

Eu seguia o caminho que a trilha sinuosa me mostrava, mas congelei, de imediato, quando escutei o som de passos e de vozes estranhas um pouco mais à frente. O meu coração vacilou em meu peito. Rogava em meu próprio pânico que não fossem eles, os piratas, mas segui a diante. Eu não me acovardaria dessa vez. Com a espada empunhada, eu estava preparado para resistir até o fim.

Enquanto montanhas colossais se erguiam com uma nobreza imponente — os picos afiados rasgando as nuvens de um céu desperto —, o centro da ilha verde, cercado por uma profusão de coqueiros, acolhia uma miríade de pequenas barracas e comerciantes que vendiam tapeçarias, grãos e sementes com uma algazarra quase caótica, cada um tentando conquistar a atenção dos fregueses a sua maneira.

Deveria ser fácil me camuflar entre a multidão, mas a lâmina da minha espada reluzia com os toques do sol e alertava em um aviso claro para os olhos curiosos de que eu era alguém com quem se deve mexer. Eu me amaldiçoava por não ter arrancado um chapéu de algum pirata para cobrir meu rosto.

Mas talvez não fizesse diferença, já que a água salgada encharcava minhas vestes e meus cabelos. Qualquer um que me visse naquela situação, com os olhos baixos, aos passos rápidos e as roupas molhadas, saberia que eu não saltei no mar para apenas dar um mergulho.

ALGUM LUGAR DO OCEANOOnde histórias criam vida. Descubra agora