Capítulo 3

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Naquele mesmo dia, Jeordi estava à minha espera nos jardins do palácio

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Naquele mesmo dia, Jeordi estava à minha espera nos jardins do palácio. Eu não tinha certeza se ele sabia que logo estaríamos em alto-mar novamente, mas, em todo caso, soube disfarçar enquanto entregava-me as flechas.

Praticamos todas as tardes a arte do arco e flecha. Eu tinha uma coletânea honráveis de insígnias douradas prendidas em meu terno por um broche.

Cada um representava minha aspiração em diferentes áreas: esgrima, pontaria, luta e dentre outras artes cujo intuito de combate representa a defesa do corpo.

Além de tudo que naturalmente esperavam de mim como um príncipe, como solucionar problemas com a burocracia, eu não precisava dominar arduamente tais atividades braçais que se incluíam como parte do treinamento dos novos recrutas à guarda, mas eu sentia que se passasse mais tempo trancado em meu escritório, encarando tantos papéis, enlouqueceria.

Por mais tentador que pudesse parecer.

Ergo o arco à altura do meu queixo, concentrado e disparo-a.

Ela corta o vento, mas voa em direção contrária ao alvo.

Contenho um resmungo. Jeordi dá de ombros.

— Talvez seja o vento — tenta algum consolo. Mas não há nenhum vento.

O restante do dia correu de maneira estranha, pesada. A atmosfera estava sobrecarregada. Não consegui deixar meus pensamentos de soslaio por um instante sequer. Eu poderia jurar que meu sucesso na excussão faria o meu pai sentir-se orgulhoso, satisfeito. Estava completamente enganado. Talvez ele nunca enxergasse os meus esforços por além apenas do dever, e isso me desmoronava.

Sempre estava tentando me provar.

Assumia missões que muitas das vezes eram designadas apenas aos comandantes e todas as noites, eu estudava arduamente a fim de fortificar meus argumentos sobre as questões do reino e da corte para estar tão firme e convicto das minhas palavras quanto os lordes e conselheiros reais.

Eu me esforçava. Fazia por onde conquistar sua confiança, seu reconhecimento.

Mesmo que o preço por isso fosse alto demais.

Estrelaris sempre foi uma assombração constante em meus pensamentos, como monstros marinhos que cercam grandes navegações são para os navegantes. O reino era o mais próximo que tínhamos de um parceiro comercial, e também nosso aliado há mais de décadas.

Ele estava situado no encontro tênue entre duas pontes atrás de uma colina tomada por fortes nevascas e florestas antigas. Pude visitá-lo uma ou duas vezes e conhecer a cultura de um povo tão diferente dos costumes arcatianos. Em minha última viagem ao reino dos flocos de neve de formato estelar, dias atrás, eu e a princesa Ariella fomos apresentados formalmente.

Claro, já nos conhecíamos há muito mais tempo do que os rumores sussurrava. Brincávamos nos jardins do palácio de Estrelaris, e ela me apresentou as flores mais exóticas que cultivavam.

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