Capítulo 12

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Rhascourt não pareceu surpreso quando, horas mais tarde naquele mesmo dia, me viu novamente de pé e diante da sua escrivaninha, dessa vez para dizer que havia decidido cumprir com a minha parte do acordo, e que sim, eu o ajudaria e os seus piratas...

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Rhascourt não pareceu surpreso quando, horas mais tarde naquele mesmo dia, me viu novamente de pé e diante da sua escrivaninha, dessa vez para dizer que havia decidido cumprir com a minha parte do acordo, e que sim, eu o ajudaria e os seus piratas a chegarem até a ilha.

Mas havia algo...

Havia algo por detrás dos seus olhos que me fez perder o fôlego. Esperança. Uma esperança que irradiava viva e em tons cintilantes, nos rostos do povo arcatiano quando o sol se estende no céu frio e sombrio do inverno, afastando as nuvens e beijando a neve das ruas e florestas com seu calor.

Ele tinha alívio em seus olhos e eu nunc
Agora ele se firma à certeza de que eu vou ajudá-los a atravessar o impiedoso Mar Sombrio até a ilha. Isso é, se ela ao menos existisse e não fosse apenas uma das fábulas entre tantas outras melodias conhecidas da cultura arcatiana. Eu conhecia aquelas lendas. Elas eram parte de mim tanto quanto aqueles homens pertenciam ao mar.

O mar é como um coração sombrio cheio de segredos, as palavras da mamãe sussurram no interior dos meus pensamentos.

Ela está cada vez mais perto, sua presença oblíqua alimentava-se das poucas memórias que eu tinha com ela. Nunca a senti tão perto assim.

O medo que serpenteia por minhas veias e estremece minha medula só não é maior que a determinação que me fazia levar o meu plano adiante, sem me importar com os obstáculos que pudesse encontrar durante meu caminho. Não podia permitir que a vida dos meus leais guardas fosse entregue à ira e frustração de Rhascourt e dos outros piratas quando eles enxergassem a verdade que, até então, ignoravam:

Não havia ilha alguma.

Tudo se resumia a uma dança furtiva e perigosa aos braços do destino. Abandonar meus homens a própria sorte não é algo que eu faria.

Eu não sabia quanto tempo teria até desembarcamos em Belrealis. Não tinha certeza se as notícias que anunciavam o desaparecimento de um príncipe herdeiro teriam chegado ao conhecimento do povo da ilha cujo a água cristalina cintilava como um precioso diamante.

Eu tentava me manter firme a certeza de que tudo acabaria o quanto antes, mas um lado de mim constantemente desprezava o fio de esperança que eu ainda mantinha vivo. Em todo caso, precisaria convencer Rhascourt a me deixar acompanhá-los ilha adentro. Mas essa era uma parte importante do plano que eu já considerava como perdida.

Rhascourt nunca me deixaria sair do navio.

Não que isso importasse.

Com ou sem a sua permissão, isso não impelia na segunda parte do plano: ele se chamava Horne. Horne era o grande problema. Eu precisaria encontrar alguma forma para distraí-lo enquanto coloco em prática a parte da fuga. Ou pelo menos mantê-lo a uma distância segura de mim por alguns minutos... Eu poderia me atirar no mar quando estivéssemos próximos o suficiente da ilha.

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