Back home.

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De volta pra casa.

Clementine Lincoln

08:05 AM.
San Diego, Califórnia.

Outra vez, eu passei as costas da minha mão em meu nariz. Lágrimas continuaram a cair de meus olhos e eu fungei algumas vezes, devido ao choro. Fitei a foto na minha frente e me permiti sorrir, lembrando de nossos últimos momentos juntas. Como ela era feliz e vivia sorrindo, mesmo com tão pouco. As pessoas se prendiam a ela por sua bondade e sua alegria contagiante, mesmo quando ela não tinha um dia bom. Surpreendente, essa é a palavra que resume a minha tia Rose.

As mãos de Thomas se envolveram nas minhas, me desviando dos pensamentos. O fitei e soltei um suspiro frustado vendo ele sorrir de canto, visivelmente abalado.

Escutei passos atrás de nós e olhei para trás, o cemitério está praticamente vazio, então eu já tinha uma certeza de quem era. Violet, Zoe e Damon se juntaram a nós e o silêncio continuou. Ficamos apenas os cinco fitando a foto de Rose no túmulo na nossa frente. Com os minutos passando, eu peguei o meu celular em minha bolsa, olhando as horas.

---- Está na hora de eu ir. ---- Foi tudo o que eu consegui dizer, com a voz falha e as mãos trêmulas.

Fitei um por um e eles assentiram. Voltamos para o carro de Thomas e antes de eu entrar no veículo, eu olhei uma última vez para o túmulo de minha tia. Não voltarei por um bom tempo.

O caminho até o aeroporto foi em completo silêncio e quando eu embarquei, todos me abraçaram dizendo apenas um "Boa sorte." Ninguém está sabendo lidar com tudo o que aconteceu. Violet e Zoe são minhas melhores amigas dês da infância e são as únicas amigas que eu tenho, as outras garotas nunca foram muito com a minha cara. O meu ensino médio foi todo repleto de confusão.

Damon, Thomas, eu e as meninas nos conhecemos em um bar, e depois disso eles nunca se afastaram. Rose era uma mãe para todos nós. A minha mãe morreu quando eu tinha três anos, em um acidente de carro. E com isso eu fui morar com a tia Rose, que é irmã da minha mãe. O meu pai apareceu uma vez ou outra depois disso, mas dês dos meus dez anos eu não o vi mais e por ironia do destino, agora eu tenho que morar com ele.

Atlanta - Geórgia, EUA.

13:00 PM.

Depois de longas quatro horas de vôo sem conseguir dormir, eu finalmente cheguei. Não sabia se Brian ia mandar alguém para me buscar e não vi nenhuma placa com meu nome, então fui direto para a saída. O movimento fora do aeroporto não era dos maiores e quando os meus olhos se encontraram com aqueles pares de olhos azuis me fitando, o meu corpo travou.

A única diferença em seu rosto é a barba grisalha e os cabelos longos, diferentes do que eu me lembrava. Pelo visto não só isso, já que ao invés dos jeans rasgados de tanto lavar e as blusas de botões com mangas longas, ele traja um terno preto com um relógio ao redor do pulso que brilhava devido aos diamantes. Passei minhas mãos pelo meu vestido, na tentativa de secar o suor das mesmas. Brian se afastou da sua BMW e se aproximou de mim, retirando a bolsa das minhas costas, que é a minha única bagagem.

---- É bom ter você de volta. ---- Ele sorriu sem mostrar os dentes e eu apenas assenti, sem muita emoção.

Caminhamos até a sua BMW e ele abriu a porta para mim. Tentei não demostrar uma certa animação que me deu ao observar o carro, tenho uma paixão incondicional por carros. Brian costumava consertar alguns na garagem da nossa antiga casa e eu sempre estava junto, são umas de minhas primeiras lembranças de infância. Depois disso eu só fui ter contato de novo com carros quando conheci Thomas, com 14 anos.

---- Imagino que tudo isso tem sido difícil pra você. ---- Brian disse chamando minha atenção. Só agora percebi que o carro já está em movimento, provavelmente bem longe do aeroporto.

---- Ter perdido a minha única família, incluindo os meus amigos? Não, é bem tranquilo. ---- Disse deixando clara a ironia em minhas palavras e apoiei a minha cabeça no vidro do carro.

---- Você é realmente igualzinha à sua mãe. ---- Brian riu pelo nariz e eu permaneci em silêncio.

Não quero e nem vou começar uma discussão agora. O resto do caminho foi em completo silêncio, senti seu olhar em mim algumas vezes mas ignorei. O carro reduziu a velocidade e a vista na minha frente me chamou atenção, fazendo eu me ajeitar no banco para ver melhor. Dois portões pretos enormes na nossa frente, com grades que permitiam ver a grande mansão. Os portões se abriram e o carro adentrou, indo direto para a garagem, que parecia mais uma coleção de carros.

Saí do carro sem dizer uma palavra e fitei todos aqueles carros em minha volta, eu só faltava babar. Desaprendi até a andar nesse momento.

---- Vejo que ainda tem uma paixão por carros. ---- Olhei para trás e vi Brian me fitando, com as mãos nos bolsos da calça social e minha mochila em suas costas. Sorri envergonhada e voltei para perto dele.

Entramos na mansão e eu observei a decoração moderna que ela tem. Cores claras, muitos objetos de vidros e tudo parece incrivelmente limpo. Subimos as escadas e quase no final daquele corredor enorme, Brian parou e abriu uma porta. Entrei no quarto e me surpreendi com a decoração do mesmo. As cores das paredes em um tom de cinza, quase um branco. A cama enorme de casal com cobertores e travesseiros em um tons brancos e cinzas, dois criados mudos ao lado da cama, com um abajur lindo em um tom de rosa claro. O quarto é bem iluminado por uma janela enorme.

Me aproximei da televisão que tem na parede de frente para minha cama e olhei os retratos em volta. Minha mão foi parar na minha boca quando eu vi a foto de minha mãe comigo no colo, reprimi as lágrimas que insistiam em cair e fitei Brian com os olhos marejados.

---- Se você quiser mudar qualquer coisa... ---- Ele deu de ombros.

---- Não. Está tudo bem. ---- Passei as mãos no rosto e ele assentiu, se virando para sair.

---- Brian. ---- Chamei e ele me olhou. ---- Me promete que eu não fiz a decisão errada de vir até aqui e entrar no seu mundo.

---- Eu prometo. ---- Ele disse com seriedade. ---- Nada vai acontecer com você.

---- Como pode ter tanta certeza? ---- Cruzei os braços, sentindo uma pontada de raiva me consumir.

---- Ninguém nessa cidade teria a coragem de mexer com a filha de Brian Lincoln. ---- Foi tudo o que ele disse antes de sair do quarto.

Eu sabia muito bem quem ele tinha se tornado e, de certa forma, eu achava melhor o nosso distanciamento. Senti meus ombros relaxarem quando olhei a foto na parede ao meu lado mais uma vez. Como ele ainda mantinha essas fotos, que nem eu mesma sabia da existência? Ah, mãe. Aonde é que eu fui me meter?

--------- Vanilhax0

Tia Rose na capa!
Comentem o que acharam desse início, não irei demorar com os próximos capítulos. Obrigada por ter acompanhado até aqui!

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