Dois

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C.A.P.I.T.U.L.O 02
A Vida Adulta

Me senti como um prisioneiro na avalição de soltura condicional, revogada na porta de saída, eu devo ter cometido algum crime, e fui condenada por mais três anos.

O crime:

Professora de matemática me inscreveu na faculdade de nossa cidade, conversou com alguns contatos acadêmicos e me conseguiu uma vaga em administração, não contente a mesma juntamente com o corpo docente vão ao escritório do meu pai dar a notícia.

Ele sorri agradecido, se despede dos professores e volta pra casa irado, mas ainda assim mais calmo que um dia o imaginei sendo depois de ter sido pressionado por seis professores de uma escola, sendo assim eu ia fazer uma faculdade que me daria um cargo de secretaria vendo que o diretor usou dessa argumentação para o convencer, outro professor lhe disse que como esposa essa faculdade ia me ajudar a aprender a organizar as rotinas administrativas de uma residência, como se eles soubessem o porquê de eu ter sido a única a não estar em uma faculdade.

Talvez eles soubessem, talvez toda a cidade compactuasse com o que eles faziam comigo e só faziam vista grossa, ou não, ou eles quisessem me ajudar e usassem as armas a seu alcance, talvez o discurso misógino dele os tenha feito usar as táticas. Não importava agora, eu tinha novas regras a seguir.

1) não conversar com ninguém, era proibido me relacionar com pessoas que minha família não conhecia, e eu sabia o porquê, eles queriam manter o controle e esconder suas vergonhas.

2) Hora de retornar, meu limite para chegar em casa era 23:00 em ponto, se eu falhasse podia dormir na rua.

3) Trabalhar durante o dia.

4) Fazer as tarefas de casa isso era, lavar, passar, cozinhar, limpar e organizar.

5) Não namorar, era proibido namorar, meu pai estava com alguns noivos em vista, e eu não devia o envergonhar, ele podia não deixar eu terminar a faculdade caso eu não seguir as regras.

...

Meu avô morreu, e com isso meu pai ficou muito bravo, porque o velho odiava meu pai porque tinha envergonhado a família me criando, acho que meu avô era um sádico e deve ter castigado meu pai, porque eu nasci, que horror uma menina, uma fêmea em sua família.

O monstro que foi o criador do meu monstro, meus tios pelo menos não ligam para esse avô porque meu tio Hades tem uma filha ela é linda tem cinco anos e vejo ele sendo um bom pai, as vezes eles passeiam na praça em frente a biblioteca e eles brincam e riem, não tive esses momentos com meu pai.

Foram três dias de velório o velho era importante, até mesmo meu irmão deu pausa em seus estudos e depois da morte do velho descubro que meu pai perdeu parte da herança quando nasci, que recebeu uma boa soma em dinheiro quando meu irmão nasceu, o velho o premiou com dinheiro por colocar mais um macho na família, mas foi punido, banido vejo agora da vida do meu avô quando nasci menina.

Algumas pessoas tinham partido, algumas estavam indo embora, mal a última visita entrou no carro as discussões começaram a ficar mais acaloradas.

- Pelo menos eu não matei minha filha! - Diz meu pai. - Ela vai servir casando-se com alguém que eu escolha.

- Eu fiz o que nosso pai mandou! - diz meu tio Hermes, olhando pra mim com desprezo. - Aposto que a vadiazinha está fodendo a cidade nas suas costas.

- Seu pai matou três das suas irmãs... - Minha avó diz, e minha boca abre surpresa, meu tio mais novo fica quieto, o ruivo do seu cabelo é o único indício que eu pertenço a essa família, ele não existisse poderiam alegar troca de bebês na maternidade, porque para onde quer que eu olhe tem apenas loiros de diversas tonalidades, o do meu pai é um loiro escuro. - Eu odiei seu pai por ser tão cruel, vejam bem, quando me casei com seu pai ele era pobre, foi meu dote que o enriqueceu, e parte dele nunca pode ser usada por ele porque meu pai assim determinou, eu não me orgulho de ver meus filhos perpetuando o costume dele.

Obcecada por o AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora