VINTE SEIS

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C.A.P.I.T.U.L.O 26
Entre Estranhos


Cinco dias depois estamos desembarcando no aeroporto particular no meio do nada, apenas floresta a nossa volta, um lugar quente e abafado, meu corpo inteiro está suando, o vestido de algodão tem manchas de suor, Cam vestindo seu terno preto é claro que nem aparenta se quer que o tempo parece o atingir... Quando me vi vestida assim, eu nem parecia comigo, mas parecida com alguma modelo de revista chique com roupas tão caras que dariam para sustentar os países pobres com joias de maior valor.

Be estava enjoada e linda ao mesmo tempo, eu vestia um vestido verde menta, meu cabelo em coque requintado, com maquiagem, minhas e unhas pintadas de tom suave de branco e dourado, eu só queria gritar ainda mais calçando aqueles saltos altos.
Milli estava sorrindo e admirando tudo a nossa volta, como era nossa dama de companhia a loba vestia um vestido mais simples, e ainda assim considerado chique, um ipad em suas mãos e uma caneta emborrachada entre seus dedos, escrevia uma ou outra coisa, tínhamos uma agenda pelo visto e ser recepcionados era um dos itens nela, depois levados para o hotel, então as fêmeas colocadas em um spar para se preparem para cerimonia a noite.

— Anote, fotografe! — Be sussurra para Milli. — Vamos fazer melhor que eles, vamos dar o nome na união do alfa supremo.

— Não sei se quero isso! — Suspiro nervosa ao ver os arcos de flores rosas e e lilases, na verdade era tudo muito tons de rosa. — Rosa eu não quero.

— Não quer rosa. — Os dedos de Cam apertam suavemente os meus que estão entrelaçados aos dele, Be tinha empurrado Noah para o lado de Cam e de Tobias, e nós ficamos à esquerda de Cam. — Anotado.

— Odeio esse momento. — Be geme quando o grande lycan aparece, encolho meus ombros, eu nunca tinha visto um lobo gordo, mas estou vendo e quero desver, não sei o que ha de errado em sua forma cheia, eu não sou gordofobica, algo nesse macho esta estranho.

— Sejam bem-vindos a Alcateia dos Devoradores de almas... É uma honra receber nosso alfa supremo. — Quem era? Acabo meio que fazendo a pergunta com o olhar e Milli sussurra.

— Beta Donato... O alfa só será visto depois na cerimônia está em purificação. — Lembro do que Cam me disse, os noivos ficam em lugares distantes um do outro o último dia separados, a purificação é iniciada na hora mais alta da lua e liberada só quando o sol se põe. 

— Esta é nossa Luna? — Ronrona o macho sorrindo de um jeito bajulador, Cam mostra os dentes pressionados algo entre um rosnar e um sorriso frio, o macho controla seu impulso de me tocar antes que sua mão chegue perto da minha pele. — Alfas posso mostrar as acomodações designadas?

— Donato?! — Um comando frio e velado. — Seguiu minhas instruções?

— Sim Alfa... Todas elas, nossa Luna está segura. — Seguimos por alguns corredores abertos, a pequena comitiva e alguns lobos como Caleb, e outros seis soldados escoltavam, Eu, Be e Milli, Tobias estava fora desse evento ficando no comando da alcateia que deixamos. As postas duplas foram abertas para revelar um ambiente todo com moveis brancos de doer os olhos, o tapete de pele de urso com cabeça e tudo me fez ter um calafrio, a grande lareira em toras de madeira pintadas com um verniz escuro, o teto sem forro, a cama grande no centro do cômodo com janelas que davam para uma vista linda da floresta.

— Não é ruim! — Diz Be olhando as estatuetas de lobo, urso, águia, arremetia a um local mais de origens de um povo nativo americano, as cabeças de alce na parede que dava acesso ao banheiro é que me deixou completamente descontente do lugar. O sofá redondo branco, os quadros de fotos de animais caçados e exibidos como prêmios, os sorrisos dos caçadores, olhei a Milli que acabava de sair do banheiro.

— Essa suíte é grande, porém não sei tem uma vibração estranha.

— Senti isso também! — Digo a tempo de Cam entrar depois de conversar com a equipe.

— João precisa de um decorador melhor. — Cam sorri sentando-se no sofá. — Pan vem aqui!

— Que horário é essa cerimonia?

— Por volta das 22.

— Então estamos presos nesse quarto a tarde toda?

— Estamos com horário marcado para o spar.

—As três... Ouviu Millian.

— Sem Alfa! — Millian mantinha sua voz doce e delicada de jovem garota para Cam, uma cordeirinha, rimos eu e Be.

— Querem comer alguma coisa? Em especial a nossa gravida?

— Cam, não fale em comida estou passando mal só de pensar.

— Vou interceptar o Noah. — Cam me beija e sai.

— Enfim sós! — Be se joga no sofá e deita sua cabeça loira em minhas pernas eu estava soltando os grampos do meu cabelo, a cabeleira tinha exagerado na quantidade deles. E automaticamente começo a fazer o mesmo no dela, a cada um que retirava a fêmea soltava um gemido de alívio. — Espero que Noah tenha achado as uvas verdes.

— Acredito que ele vai virar esse lugar atras de uvas verdes pra você! — Brinco a fazendo sorrir, ela mexe no celular, vendo coisa de recém nascidos.

— Acha que posso comprar alguma coisa, ou ainda é muito cedo!

— Compre roupas de cores neutras e então não vejo problemas.

— Pan tem razão Be! Cores neutras branco e amarelo.

— Um vestido?

— Be! — Exclamamos e ela sorri. — Estou brincando, é errado eu querer uma menina muito mais que um menino?

— Não vejo problemas... Se um menino nascer todos tiram essa tenção sobre os ombros. — Brinco distraída com um cacho loiro enquanto comento meu pensamento sincero, sem medo de que se eu tiver um filho tanta pressão de futuro alfa supremo o destrua, é muita responsabilidade.

— Deusa acima esses machos são em três e ainda tem medo de que sua linhagem não atinja as futuras gerações? — Milli finalmente se senta tirando os sapatos altos, abrindo os botões mais elevados do vestido que de gola alta, estava tão linda com seu rabo de cavalo elegante, seus cabelos negros eram como uma ceda brilhante, o delineado e o batom lhe ofereciam uma força que a Milli de todos os dias não têm, era uma guerreira em sua armadura.

— Quanto tempo até que precisemos ir para o tal spar? — Eu não estou me divertindo, uma que sempre sofri muito em eventos da família, agora eu era uma loba, mas a humana foi criada na coleira.

— Não muitos só a segurança retornar com o alfa, então vamos ter que ir.

— E nossa bagagem?

— Com certeza as malas com os vestidos foram enviadas para os nossos respectivos quartos, vestidos estes que devo dizer que estão lindos.

— E isso é o que?

— O quarto de uma de nós.

— Que não seja o nosso. — Resmungo.
— Por quê?

— Essas cabeças me dão calafrios.

— Com certeza. — Be diz soltando o celular. — Aquele vestido seu ficou lindo, digno de uma rainh,a e foi eu quem o escolheu.

— Também gostei dele... Só eu acho que Cam vai rosnar por toda a cerimônia?

— Alfa tem estado possessivo quase todo o momento.

— Verdade um minuto ele aceita, no próximo tira as mãos das pessoas de você.

Não demorou muito estávamos entrando em um espaço amplo com cheiro de sair e frutas, muitas lobas estavam deitadas de bruços recebendo uma massagem, outras estavam quase com suas maquiagens concluídas, eu fui encaminhada para uma cabine para trocar minha roupa por um roupão, começa toda uma rotina de massagens, cuidados com a pele, recebemos alguma comida, Milli está a meu lado atenta a tudo e todas, as fêmeas parecem me ignorar, Be foi levada para um banho de lama.

— Ora-ora se não é a ladra de companheiro? — Como estava com uma máscara tive que a tirar para ver Lunara parada a dois metros de onde estava sentada, a fêmea se recostava em um móvel com um copo de uísque parecendo relaxada, mas seus olhos eram a verdade sangrenta. — Fiquei pensando em como...

— Cuidado como fala com a nossa Luna! — interferiu uma loba alta de olhos puxados e cabelos lisos e negros como a noite, era uma das muitas fêmeas que andavam pelo lugar não fazendo os serviços, mas inspecionando os atendimentos.

— Quem? — Lunara aponta seu dedo indicador que a um segundo estava segurando o cristal do copo, apenas seu indicador elevado os outros permaneciam no copo. — Essa vadia que roubou meu noivo? — O silencio foi constrangedor, olho para ela parada com aquele sorriso arrogante que combinava com o de Cam, não sei o que me deu só aconteceu.

— Ficou pensando em como? — Pergunto descendo da cadeira e colocando Be para trás a mantendo em minhas costas, não sei de onde ela surgiu apenas estava pronta para avançar na outra. — Vamos Lunara conclua seu pensamento que desejava compartilhar com todas nós. — Os caninos pronunciados expostos em sinal de raiva, me fizeram fria, aponto a nossa volta esperando.

— Como você tem cara para vir a um evento como este? Onde eu sou convidada. — Ofendida era o que ela estava, enquanto eu apenas a esperei continuar vendo que ela apenas seguia rodando o resto do uísque no fundo do seu copo.

— E por que eu preciso não estar onde vossa graça está? — Ela abriu a boca para responder e eu a interrompo. — Vejamos por que roubei seu noivo, seu companheiro, uma pergunta ele era seu mesmo?

— Era meu.

— Seu companheiro predestinado? Porque eu estava naquela noite quando ambos ficaram frente a frente!

— Ele tinha acasalado com você! — Rosnou ela se tremendo.

— Tínhamos, eu estava marcada... Cammael não... Hoje sim, ele é um macho com minha mordida de reinvindicação... No dia que você trocou de pele, nesse mesmo dia em que ambas trocamos pela primeira vez, uma por maturidade e a outra pela primeira lua, porque todos aqui sabem que eu era humana.

— Não precisa se explicar para ninguém Luna! — Milli diz.

— Eu quero! Preciso na verdade.

— Você não entende que nada que diga vai mudar minha opinião sobre você roubar o que era meu, era meu noivo, meu futuro marido, essa posição que você ocupa a roubou de mim, e não a merece, não foi por um motivo justo.

— E qual seria o motivo que consideraria justo?

— Que fossem companheiros predestinados.

— Não somos! Essa é a verdade eu estava no lugar errado, na hora errada, fui inconsequente e egoísta, mas nada disso muda o que sinto por Cam, nem o que ele sente por mim.

— É DEVER! — Gritou Lunara. — Dever, o lobo pode ter aceitado o vinculo, mas logo quando estiver cheia de um filhote dele, essa necessidade de te agradar acaba... Vai acontecer, então vira o que todas sabemos que vem depois disso, quando um lobo caça ou é caçado em seu cio. — Engulo nervosamente surpresa pelas suas palavras, nao que não tenham me contado histórias, mas o fato de que tudo que estou vivendo pode ser perdido se Cam despertar um dia e conseguir me amar.

— Então me diga o que vira a seguir?

— Tudo que você não espera que um marido humano faça, ignorar, tratar mal.

— Já passamos dessa fase! — Lunara me olha confusa. — É? Acha que ele foi um cara gentil esses últimos meses juntos? Quase fui morta umas duas vezes pra iniciar essa conversa... E sim o Cammael que você conheceu é um deus inatingivel pra mim, sinto muito que o que fiz te afete tanto.

— Não me venha com esse falso pesar.

— O Cammael que você conheceu o gentil e cheio de gentilezas, eu o conheço agora, mas você não conhece o Cammael cruel e frio, você não sabe quem ele é, nem em seus sonhos chegaria perto, então não me venha dizer que é falso o meu pesar... Porque eu sei o que passei!

— Se fosse verdade o que diz, por que não foi embora? Deve ser por todo o poder que ele tem... Riqueza, como a ratazana que você nasceu deve ter ficado muito feliz por ter conseguido prender o alfa supremo.

— Algumas vezes eu pensei que tinha que haver uma forma de romper esse vínculo, para o bem dos dois, mais por você do que por mim, por ele inclusive, porque claramente ele tinha sentimentos por você... E se te faz feliz, isso machuca sempre que me lembro que eu não sou a escolha verdadeira dele, companheira sim porque cometemos erros, sei que em algum momento eu posso realmente ser colocada de lado, não ser amada eu sei que não sou.

— Eu odeio você! A odeio como jamais pensei odiar.

— Cam está esperando a lua azul... — Respiro fundo antes de falar em voz alta o que descobri certa vez lendo alguns relatórios por alto... Os cálculos e anotações no rodapé de sua agenda. — Eles acham que sou sua companheira predestinada, uma Lunar e um alfa Supremo... — Be aperta meu braço. — Me odeie se isso te faz suportar, me culpe, me amaldiçoe, ainda assim não pode mudar o que sinto... Eu o amo, se ele me ama? Essa é a pergunta.

— Não ama! ELE NÃO TE AMA E NUNCA VAI AMAR PORQUE ELE ME AMA. — A lycan joga o copo contra a parede. — Quantas vezes vai ser preciso te dizer isso? Não sei como ou quem te plantou naquele lugar, Cam e eu tínhamos algo especial, somos iguais, foda-se se você é uma lunar, uma loba branca pra mim... Ninguém te viu em sua glória que eu saiba.

— Quem não há viu foram vocês, que estão duvidando. — Be rosna incapaz de conter a própria loba.

— Ela não tem olhos prateados como minha avó tinha... É só pelagem branca. — Luna rosnou no fundo da minha mente, estávamos vivendo esse tempo sendo uma só, mas hoje logo hoje estamos separadas pelo que vejo, o lado humano em conflito com o Lycan. — Ele pode ter quantas luas azuis quiser.

— Ele pode mesmo porque o que foi feito não pode ser desfeito, com amor ou sem amor, ele é de Pandora... Marcado com sua mordida, Pandora é de Cammael, marcada com sua mordida na primeira noite que tiveram juntos, se o filhote os separar que a deusa os ajude a serem bons pais, mas isso não muda que o lobo é fiel a sua companheira... Dez podem o cobiçar e nenhuma o terá. — Milli com uma voz de aço entrou no meio da discussão. — Agora saia ou vamos ver quem é só uma loba branca.

As fêmeas voltaram para seus lugares, Lunara me encarou uma segunda vez e saiu, Be estava ofegante, me viro para ela tremendo, respirando com dificuldade Luna queria rasgar a garganta de Lunara, ofendida de tal forma que me fazia ter espasmos.

— Você não devia estar aqui sob esse estress? — Reclamo com ela, a loira mostra os dentes para o grupo de lobas ao lado de Lunara então seus olhos se voltam pra mim.

— Não deixe que tudo que ela disse te afete.

— Não vai.

— Tem certeza?

— Podemos cheirar sua dor.

— Porque ouvir que Cam mentiu pra mim é de certa forma doloroso, é evidente que não era só um compromisso e flerte, eles tinham alguma coisa... Eram íntimos.

— Não... Não íntimos sexualmente, Cam fez a corte! — Sua mão quente subia e descia por minhas costas. Assinto me sentando em minha cadeira.

— Quer tomar alguma coisa? — Milli como uma taça de champanhe em mãos pergunta, me entregando em seguida, olho para o líquido borbulhante e solto um suspiro.

— Um brinde aos confrontos inevitáveis. E as verdades cruéis.

Obcecada por o AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora