Plantas Não Amigáveis

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A caverna ainda me assusta. Está escuro aqui, o que não gosto nada.

Meus pés estão com energia, mas não quero caminhar. Isso é chato, você andar por uma trilha iluminada e escura logo em em frente, como se a cada centímetro que você andasse, uma nova lâmpada ligasse e iluminasse a parte escura. Parecendo que você está andando em círculos.

Mas continuo, me lembrando da música. A música que vibra em minha cabeça.

E canto ela mentalmente. E canto de novo, pois não há nada que eu possa fazer.

Mas então, meu pé é puxado.

Acho que é apenas uma pedra e o puxo para frente, o soltando.

Mas ele é puxado de novo. Olho para trás. Um ramo de árvore o segura fortemente.

O solto de novo e continuo a caminhar, mas então, o mesmo pé é puxado de novo, e com mais força, como se o ramo da árvore tivesse vida propria... Mas espera, ele tem.

Tem vida própria. E está agarrando minha perna mais fortemente.

- Mas que porra... - resmungo.

O ramo me prende com mais força e me derruba, me arrastando para trás.

- Ai! - grito.

Me seguro no chão, fincando minhas unhas no solo, me segurando no chão de terra. Pego uma pedra perto de mim e bato no ramos que estão fortes e grossos como raízes. Ele se esquiva mas não desisto, bato nele de novo, o acertando.

Ele solta um chiado, que provavelmente seria um grito de dor.

Acerto ele novamente, e de novo, até ele me soltar. Ele cai morto e imóvel no chão. Me levanto e ajeito minha calça roxa. Mas então, meu braço é pego e apertado fortemente, o que causa muita dor. Olho e vejo que a pressão causada fez pequenos cortes que deixam escorrer sangue.

Minha perna esquerda também é pega e apertada. O que dói até quando eu gemo de dor.

Com a minha mão livre, aperto o ramo grande que segura minha perna e o puxo, me livrando dele, mas só até ele vir e apertar minha coxa.

- Merda! - grito, sentindo os pequenos espinhos penetrarem em minha pele.

Eles apertam bem forte.

Seguro o que aperta meu outro braço, a arranco e a jogo no chão, na tentativa de me livrar o mais rápido possível. Piso em cima dela, a esmagando e a transformando em um monte de massa Verde.

Mas então, vem outra e se coloca ao redor de minha cintura e vejo que não consigo respirar.

Se torna torturante.

Logo vem outras e mais outras, umas maiores que as outras, se colocando ao redor de meu corpo e me apertando, o que dói demais. Elas estão me esmagando vivo.

Vão me matar.

Olho para frente, na tentativa de escapar e conseguir oxigênio, e assim, vejo uma silhueta feminina. Abro melhor os olhos e consigo ver uma menina.

Ela usa uma camisa xadrez vermelha suja e um jeans desbotado. Não consigo olhar ela, pois minha visão volta a ficar embaçada de tanto que as plantas me apertam.

Mas vejo, que em uma mão ela segura uma lança e em outra ela segura um tocha. Ela corre até mim. Ela pula para frente, dando um salto mortal que eu jamais conseguiria fazer e me sinto envergonhado, pois uma menina faz isso e eu não? Mas agora, estou morrendo e isso não importa.

Ela cai em cima da raiz do ramo que aperta minha cintura, a esmagando, o que a faz me soltar. Ela coloca a lança na planta que chia. Minha visão continua embaçada, só que já consigo respirar.

Com a tocha, ela coloca fogo nas outras que apertam minhas maos, pernas e braços. Elas gritam e concentram o seu ataque agora na garota.

Caio no chão, ofegando e recuperando melhor a visão. A menina faz o giro de uma pirueta, pisando nas que queriam pegar seus pés, enquanto agarra outras e ateiam fogo nelas, o que as faz recuarem. Ela se desvia delas, dando outros giros mortais, e usando uma faca tirada do bolso, ela corta as plantas.

Os outros ramos se afastam, como se tivessem medo dela, retornando para a escuridão. Minha visão fica melhor.

Olho para a garota. E, ela é linda. Coisa estúpida de se pensar, quando quase acabei de morrer. Mas não tem como não notar.

Seus cabelos são negros. Ela tem olhos azuis, pele Clara, rosto magro, coxas  seduzentes. Magnífica. E acabei de presenciar um show de artes marciais com essa garota sexy.

Ela me olha, e eu olho de volta.

- Obri... Obrigado - digo ofegante.

- Levanta logo. Não seja molenga. A não ser que queira ser atacado por aquilo de novo - ela diz e sinto o tom ríspido em sua voz.

Ela se vira e começa a caminhar na direção a trilha iluminada.

- Anda logo! - ela diz com a voz alta, que ecoa pela caverna.

Me levanto rapido e acompanho ela, não entendo muito o tom grosso com que ela fala. Mas não julgo. Não estou disposto a fazer isso.

- Você salvou minha vida - digo, melhor agora.

- Pois é. É assim que chamam isso hoje em dia. - Ela diz, a voz mais calma. Ela não deu muita atenção para minha pessoa, embora tenha acabado fe salvar minha vida.

- Posso pelo menos saber seu nome? - pergunto encarando ela andar, enquanto os cabelos cobrem seu rosto claro.

Ela se vira para mim e me encara.

E então, ela diz:

- Kaya.

Entre Luz E TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora