Entre Luz E Trevas

Não Aguento

- Escuta, não aguento mais ficar aqui - Isabela disse se encostando na parede.
Mal tinhamos acabado de levantar e comer uma maçã que havia no esconderijo de Kaya e voltamos a caminhar. É estranho que ela tenha conseguido achar comida aqui. Penso nos outros que provavelmente não conseguiram nada para comer e estamos aqui já faz... Bem... Não sei se foram dois dias ou um. É impossivel saber.

Não me acostumei muito com a escuridão do local. Isso é ruim, pois antes estava bem claro.

- Acredite, vai ficar muito pior com o tempo - Kaya diz.

- Vamos Isabela. Anda, temos que continuar minha flor - digo e no momento sei que foi meloso e horroroso, porquê Isabela é doce, mas pode fazer coisas más, então ela seria a pessoa mais provável para representar uma planta carnívora.

Ela volta a andar.

- Se você está assim, imagine Kaya - sussurro.

Ela vira os olhos.

- Já sei Holt, já sei...

- Anda. Não espero que encontremos algo hoje, mas não podemos perder as esperanças - Kaya diz.

E como isso está acontecendo com frequência, um novo tremor se instala no local.

- Ah mas que merda louca! - Isabela xinga.

A olho abismado, não acreditando que ela disse isso.

Mas, olhando Isa e olhando as paredes, vejo que esse tremor é diferente. Não é como os outros que queriam matar a gente, mas nunca se pode confiar.

Um buraco se abre na parede rochosa ao meu lado. De repente, uma grande lasca de pedra da parte superior da caverna se solta e fica prestes a nos esmagar. Mas então tudo para. O tremor, as pedras pequenas caindo, O que me faz estranhar ainda mais a situação.

A grande lasca de pedra rochosa, Kaya, Isabela... Tudo para menos, eu.

Aparece uma luz imensa e clara no buraco escuro e assustador ao meu lado e sei que assim, ela me levará a algum lugar. Caminho até Kaya e Isabela, passando a mão na frente de seus olhos pra ver se estão acordadas... Mas não. Paralisação total.

Olho novamente para o buraco.

Uma silhueta feminina vem caminhando de longe em minha direção. Cabelos castanhos meio louros, olhos verdes, short curto, um casaco com capuz...

CARA

Ela continua a vir em minha direção até que chega as beiradas da abertura do buraco.

- Cara... - digo, indo abraça-la e me sentindo aliviado por ela estar aqui.

- Holt... Você está bem? - ela pergunta calma.

- Nao posso reclamar - suspiro e me assusto com a calma dela. - Por que não está assustada?

- Não adianta se assustar aqui querido, a caverna se alimetará disso - ela diz. - Ande vem, entre aqui, tem coisas que preciso lhe falar.

- Mas e Kaya e Isabela? - pergunto olhando as duas paralisadas.

- Elas ficarão bem. Tudo parou, e talvez essa seja sua única chance de salvar elas e a todos nós - Cara diz.

- O que? Eu salvar todo mundo? Só pode ser brincadeira - sorrio sarcasticamente. - Por que eu? Por que Cara? Nunca quis isso. Tem gente que sempre quer bancar o herói e viver coisas anormais, mas eu não. Por que sempre eu? Por que comigo? Por que eu sou escolhido pra essa loucura? - pergunto cansado, desabafando.

Ela me olha profundamente.

- Holt, sempre foi você. Só você pode fazer isso. Só você pode nos salvar - Cara diz com uma grande seriedade.