16

809 58 4
                                    

Coronel 🍾

Hoje é Natal. Pra mim é uma data foda, tá ligado? Desde que perdi meus pais ficou horrível, aí quando o cara lá morreu, passei a ficar sozinho. E um negócio que me deixava pilhado era estar sozinho.

As vezes tu se acostuma, se liga? Mas numa data como o natal é foda, pique aniversário e o meu já era dia dez de janeiro. O bagulho que mais pega nessas datas é a família né? Eu nem queria falar o bagulho lá com a Thais, mas acabei falando e ela me chamou, por vontade própria.

Quando eu ouvi ela pedir, eu ia negar, mas vi ali uma chance de não ficar sozinho. Angustiado. Drogado. Bêbado. Maluco. Vi a chance de não me perder de novo. Ela não tinha me falado nada, além de pedir pra eu ir às oito pra lá. Mas eu mandei mensagem memo assim, perguntando se precisava de algo.

"Thais gatinha:Não precisa de nada, sério."

Ela me respondeu, mas eu nem botei fé. Sai de casa trancando os bagulho, subi na moto e desci pra casa dela. Falta pouco pra chegar, aí eu vi a mãe dela subindo. Nunca tinha falado com a coroa, só vi ela poucas vezes e a Thais me mostrou ela um dia desses também.

Coronel:Eai, precisa de ajuda? –Parei a moto do lado dela e cocei a nuca.

Danda:Oi filho, precisa não, eu consigo. –Negou e eu peguei as sacolas da mão dela. –Não precisa mesmo, Coronel.

Coronel:Pode me chamar de Rodrigo memo. E eu já tô indo pra tua casa de qualquer forma. –Ela assentiu e eu fui com a moto devagarinho do lado dela. Dona Danda não quis subir na moto, disse que tem medo de cair.

Parei a moto do lado da casa dela, peguei as sacolas e nós entrou junto. Thais tava na cozinha cantando alguma música, deixei as sacolas em cima da mesa e encarei ela, que estava de costas pra mim. Danda foi pro quarto dela e eu me aproximei da mina.

Coronel:Fazendo o que? –Perguntei e ela deu maior pulo pra trás, me fazendo rir. –Tá devendo?

Thais:Não, só não esperava você aí. Cadê a minha mãe? Achei que ela que tivesse entrado.

Coronel:Encontrei ela no meio do caminho e viemo junto, ela só não subiu na moto, aí eu vim andando devagarin. –Ela balançou a cabeça e eu deixei um selinho nos seus lábios. –Fala aí o que tá faltando, po. Nunca fiz essa parada de natal, mas se tu disser, eu ajudo!

Thais:Não preci... –Interrompi ela.

Coronel:Nem vem com essa, Thais. Eu vou comer aqui também e quero ajudar, só fala.

Thais:Tá. –Revirou os olhos e eu ri dela. –Falta comprar batata palha, peito frango, maionese e coca-cola, minha mãe não ia conseguir trazer tudo, aí pedi à ela só o básico.

Coronel:Jaé. Já volto. –Falei saindo e peguei minha moto de novo, descendo pro açougue. –Me vê dois quilo de peito de frango aí.

Não sei quanto elas queriam, não me falaram. O cara lá me atendeu, e foi pegar o frango. Olhei ao redor, vi coca-cola e maionese num canto. Peguei três pote de maionese, seis litros de coca-cola e achei o saquinho de batata palha também. Peguei dois.

Coronel:Valeu. –Agradeci pegando a sacola do frango e passei no caixa. –É no débito. –Respondi antes do cara falar quanto foi e só passei o cartão.

Peguei as sacolas, subi na moto e vi que o bar do Carioca tava aberto. Passei lá e peguei uma caixinha de cerveja, junto de dez espeto. Subi pra casa da Thais e entrei vendo a mãe dela arrumando o cabelo cacheado na sala. Mãe e filha linda, daora.

Coronel:Trouxe teus bagulho. –Mostrei as sacolas e coloquei na mesa em seguida. Thais olhou sacola por sacola e riu chamando a Danda. –Qual foi, cuzão?

Danda:Menino. –Brigou comigo e eu pedi desculpa.

Thais:Pra que isso tudo, Rodrigo? Três potes de maionese? Seis litros de coca? 2 quilos e meio de peito de frango? Gente.

Coronel:Tu não especificou. –Cocei a nuca e ela riu me dando um beijo na bochecha. –É muito, dona Danda?

Danda:É, mas é melhor sobrar do que faltar, e então tá tudo certo! –Sorri e me sentei na cadeira vendo a Thais me entregar uma vasilha com alho e cebola dentro.

Peguei a faca da mão dela e comecei a descascar. Dona Danda saiu da cozinha dizendo que iria terminar de arrumar o cabelo e eu continuei descascando as coisas. Fiquei meio pá de ter trazido os negócio errado, mas não foi menos e sim mais.

Thais toda hora me olhava e ria um pouco, mas eu tava nervosão já. Sei lá, primeiro natal e eu já erro assim? Deveria ter perguntando também. Maior burrão.

AmanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora