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Não fazia sentido nenhum na cabeça da Thais. Ela olhava aqueles homens jogando terra por cima da sua mãe e se desesperava por dentro. Ela se sentia vazia e cheia de dor. Todos ali presentes à olhavam com pena.

Malditos olhares de pena.

Thais não conseguia mais chorar. Ela não falava, não comia, não tomava banho, não dormia e mal escovava os dentes, há dois dias. Ao seu lado tinha o Rodrigo, sendo seu alicerce.

Ele mantinha a garota em seus braços, sabendo da dor que ela sentia e dando o maior apoio pra ela. Ele sabia que não era fácil e que seria uma caminhada longa até ela sorrir novamente.

Colocaram uma placa de concreto e um pouco de cimento molhado, Thais sem força não foi lá colocar o nome de sua mãe sobre a placa. Valéria vendo o estado da amiga, fez isso por ela.

A morena dos cabelos lisos escreveu o nome de Danda no cimento molhado, colocou a data de nascimento e a data de óbito. Foi um processo de escrita doloroso, pois Thais acompanhava tudo, mesmo com o olhar perdido.

Ela sabia que o dia vinte e cinco de janeiro estaria marcada em sua vida para sempre e que todo ano, nesse mesmo dia, ela sentiria o peso da morte de sua mãe. As pessoas foram se despedindo aos poucos, até a Valéria teve que ir e só ficou Rodrigo e Thais por ali.

A mulher abaixou em frente ao túmulo, se sentou sobre o chão do cemitério e pegou uma foto da mãe, colocando no cimento ainda molhado. Ela estava com a blusa de frio favorita de sua mãe, com o cheiro da mãe. Tudo à lembrava de sua eterna e dolorosa saudade.

Thais:Eu amo você, e prometo que vou ser a sua Doutora. –Falou passando a mão pela foto e deixou uma flor por ali também. –Obrigada por ser a melhor mãe do mundo e por nunca desistir de mim!

Ela se levantou tirando a sujeira da calça jeans e andou até o Rodrigo, que abraçou ela com força. Thais tinha um choro entalado na garganta, mas ela havia se desesperado e chorado tanto, que não sentia mais lágrimas dentro de si, pelo contrário, se sentia desidratada.

Coronel:Vamo. –Chamou soltando a garota do abraço e eles atravessaram o cemitério, indo até o carro do Rodrigo.

Thais:Não quero carregar isso comigo. –Tirou a calça jeans e o chinelo, jogando no matagal que havia próximo ali.

Coronel:Qual foi? –Perguntou confuso tirando a camiseta e jogando pra ela, que vestiu em seguida parecendo um vestido sobre seu corpo.

Thais:Joga seu chinelo fora, não quero levar a terra daqui pra casa. –Falou entrando no carro e o Rodrigo apenas obedeceu tirando as havaianas dos pés e jogando por ali.

Rodrigo entrou no carro e dirigiu até em casa, com o carro em silêncio o caminho inteiro. Eles chegaram na casa da Thais, e ela foi logo pro quarto da mãe, ignorando seu cachorro. Rodrigo encarava ela parado na porta e ficou ali por bastante tempo.

•••

Coronel 🍾

O silêncio dela me dava maior desespero e ainda partia meu coração, tá ligado? Aquela mina era a minha vontade de viver e ela tinha acabado de perder a dela. A mãe dela era uma mulher foda e a vida foi injusta com elas.

Não desviei meu olhar da Thais por nenhum segundo se quer. Peguei o brutus no meu colo, coloquei uma cadeira na porta e me sentei ali. Ela chorava encolhida na cama, mas o choro dela nem tinha lágrima, mina tava desidratada.

Queria virar e dizer:vai ficar tudo de boa. Mas no momento não vai, só vai doer cada vez mais, ela só ia aprender a lidar com a dor e sobreviver com ela, mas ia doer sempre. Eu sei que ela também não quer ouvir que vai ficar tudo bem, porque ela mema sabe que não vai.

Ela me olhou tentando forçar um sorriso, mas nem conseguia. Eu respirei fundo tentando não chorar junto dela e abri meu melhor sorriso, tava tentando aqui só por ela. Brutus pulou do meu colo e foi até ela, deitando nos seu braços.

Thais:Oi bebezão... –Falou com a voz fraca e recebeu uma lambida no rosto.

O cachorro ajeitou ali e ficou deitado com ela. Papo que eu prometi pra Danda e vou cumprir, deixar a Thais sozinha nunca foi nem hipótese, nunca nem passou pela minha cabeça.

Deixei ela com o rei e entrei no quarto dela, pegando uma toalha e um pijama, ela tava há dois dias sem tomar um banho. Coloquei tudo no banheiro e voltei no quarto, indo até ela.

Coronel:Bora tomar banho. –Puxei ela que tentou relutar, mas tava fraca e o brutus se assustou descendo da cama. Peguei ela no colo, levei até o banheiro e tirei a roupa do corpo dela.

Liguei na água quente, coloquei ela ali apoiada em mim e me molhei mais que ela. Dei um banho maneiro nela, lavei seu cabelo e escovei os dentes dela. Ajudei ela à vestir o pijama, levei ela pro quarto dela e a Thais deitou lá na cama.

Fui na cozinha, fiz um miojo e levei pra ela lá no quarto. Ajudei ela a comer o bagulho e deixei uma garrafinha de água do lado da cama, fechei a cortina do quarto e me sentei na cama vendo ela fechar os olhos.

Só queria que ela dormisse suave, sem os pesadelo dela.  Encarei ela dormir e respirei fundo, nem colei na boca desde o meu aniversário, fiquei maior parte do tempo por perto da casa dela, vendo os bagulho tudo.

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