Coronel 🍾
Encostei no muro, apoiei meu pé na parede e acendi um baseado. Tava olhando pro R10 trampando, só esperando o horário do mano sair e eu trocar uma ideia com ele. Faltava sei lá, cinco minutos e uma nega parou do lado dele.
Gostosinha, de moletom e calça jeans, com uma mochila nas costas. Ela comprou um baseado nele, pediu o bic e saiu andando depois de acender, sei nem quem é, mas me amarrei já, tá ligado? Vi o R10 vindo até mim e ajeitei a postura.
R10:Eai.
Coronel:Fala tu, trocar uma ideia contigo. -Ele balançou a cabeça e parou do meu lado. -Mas primeiro, quem era a nega?
R10:Conheci ela a pouco tempo, mas o nome é Thais, mina é daora, tem visão de futuro e essas coisas. Nós não é amigo, só conhecido mermo, arrumo a boa pra ela sempre e fica só nisso. Por que?
Coronel:Nada não. Mas aí, vou subir teu cargo e o teu salário, morô? Tava vendo uns bagulho e tu pegou plantão que nem era seu, tu se esforça e eu vejo potencial em tu, gerente da boca quatro e cinco! Tá nas tuas mãos.
R10:Po, valeu, Coronel. Tu nem sabe o quanto isso me ajuda pra carai, valeu aí, de verdade! -Fiz toque com ele e o mano subiu o morro até feliz. Repassei pra geral que ele tava como gerente e nem liguei pra picuinha de ninguém.
Dei o papo que o mano é o novo gerente e nem quero saber do resto, se eles vão discutir lá, problema é deles. Só não quero confusão no meu morro. Joguei a pontinha fora pisando em cima e meti o pé pro restaurante da Ana, maior fome.
Pedi um pf mermo, sem muita enrolação e eles nem demoraram pra trazer. Jantei ali na boa, tomando uma coquinha e quando acabei deixei cinquenta conto em cima da mesa. Avistei a Karla descer a rua e puxei o braço da novinha.
Karla:Oi, Coronel. -Falou sorrindo maliciosa e eu passei a mão pela nuca.
Coronel:Eai po, tá suave? Disponível?
Karla:Sempre! -Arrastei ela pro barraco e foi só vrau. A mina era devagar, se liga? Mas dava um caldo.
Ela queria de novo, mas meu pau não subia nem com reza braba e eu joguei cem conto em cima dela. Tranquei o barraco, e tomei a direção oposta dela. Passei por uns becos, vi uma pessoa fumando e reconheci a mina que comprou um baseado no R10 hoje.
A garota me olhou desconfiada, eu passei reto e ouvi um boa noite dela. Educadinha mané. Respondi de volta, mas nem puxei assunto, só bagulho de cumprimentar mermo e fui pra casa. Entrei na goma jogando a chave em qualquer lugar e subi direto pro meu quarto.
Tomei um banho maneiro, pra tirar o cheiro de perfume barato da Karla e depois nem consegui dormir. Pior que a maioria das minhas noites são assim, em claro. Tem dia que é foda pra dormir, penso demais na coroa e no vei, bagulho que dói. Daria de tudo pra ter os dois aqui, perderia até meu dinheiro, só pra ter eles.
Me encostei na grade da varanda só de cueca, acendi um baseado e traguei soltando a fumaça em seguida. Era foda saber que você comanda isso tudo e que qualquer deslize seu, vai tudo por água abaixo. É bagulho de bandido, mas requer responsabilidade pra carai.
O bagulho que pesa mais é contagem de carga ou quando elas chegam. Tem que fazer uma contenção foda pra não perder nada e tu já tem que começar a palmear os moleque uns seis meses antes, pra ter certeza que dá pra confiar.
Até hoje só mandei mano que não vacila comigo. Mas se vacilar eu mando pro inferno, pra dar um oi pro capeta por mim. Confiar nos cara é difícil, mas eu procuro ter pelo menos o mínimo, mas sempre ligado em quem decepciona e quem só soma.
R10 tá me conquistando, qualquer bagulho é pra ele que eu deixo ali, tenho quase certeza que o mano não vai deixar o poder subir a cabeça. Quem faz as coisas pela família, já fica ligado que qualquer erro, quem sofre é quem eles ama. Bandido bom atinge o ponto fraco do seu oponente.
