Capítulo 35

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Sayuri ouviu alguns murmúrios quando passou pela cozinha e foi direto para seu quarto sem comer nada. Seus pais deviam estar conversando entre si e se perguntando o que havia acontecido para que a filha chegasse com tanto mau humor em casa.

Sayuri passou pelo quarto do irmão, cuja porta estava aberta, e ignorou quando ele falou com ela. Ela entrou na próprio quarto e bateu a porta com força, trancando-a logo depois de passar por ela. Ela se jogou na cama e ficou olhando para o teto, enquanto tudo que ela mais queria era gritar até perder a voz.

Algumas semanas haviam se passado desde a partida dos irmãos de Suna e muitas coisas aconteceram. Dentre elas, Sayuri havia começado a treinar com a Senhora Tsunade, Ino e Sakura. Elas estavam treinando especialmente ninjutso médico, mas era óbvio que as duas haviam avançado muito mais do que Sayuri, que não conseguia passar do básico.

Desde o início Sayuri sabia que aquele treino com a Godaime não era para ela. Ela podia ajudá-la a melhorar seu controle de chacra, mas ajudá-la a evoluir nos ninjutsos médicos era uma coisa completamente diferente. Mas quando ouviu Ino e Sakura conversando a respeito do treinamento, ela não foi capaz de resistir ao impulso de ao menos tentar avançar nos estudos médicos. Porém, ela já sabia como aquilo iria terminar: com ela jogada em cima de sua cama chorando de frustração.

Não, ela não iria chorar. Sayuri passou a mão pelos olhos secando qualquer resquício de lágrimas que pudessem ter caído por suas bochechas. Ela deitou a cabeça num travesseiro e relembrou os acontecimentos do dia mais um vez. Da vergonha que havia passado diante da Senhora Tsunade, uma das mulheres que ela mais admirava no mundo shinobi. Ela queria esquecer aquilo, mas não podia. Simplismente não conseguia.

Sayuri não viu mais um sentido em continuar sendo uma Kunoichi, pelo menos não naquele momento. Ela sempre soube que não tinha vocação para ser uma ninja médica, mas mesmo assim... ela comecara a aprender a curar os outros e começou a admirar aquela nobre vocação. Queria que ela lhe pertencesse também. Queria ser digna de tal função no mundo shinobi. Mas ela não era. Sayuri não via lugar pra ela no mundo shinobi.

Um barulho vindo da janela tirou-a de suas divagações melancólicas. Sayuri levantou-se para ver o que causara aquele barulho. Era um pombo correio e em uma de suas patas estava amarrado um pequeno pergaminho. Sayuri rapidamente abriu a janela e recolheu o pergaminho, em seguida deu algumas moedas para o pássaro antes de ele seguir viagem.

Ela abriu o pergaminho rapidamente e viu que ele era escrito por uma letra diferente de todas que já vira antes. Abaixo havia uma assinatura do Gaara e ela entendeu que aquela era a carta dele. Sayuri passou os olhos pelas palavras ali escritas, tratava-se de uma resposta a carta que Sayuri havia lhe escrito uma semana antes. Leu e releu a carta mais vezes do que poderia contar.

Cara Sayuri,

As coisas por aqui também estou bem monótonas. É o mesmo de sempre, com exceção de que a vila está um caos com a falta de um Kazekage para organizar as coisas. Você sabe que desde a invasão do Orochimaru a Konoha, o antigo Kazekage foi assassinado e Orochimaru tomou o lugar dele. O antigo Kazekage era o meu pai, acho que nunca te disse isso antes.

Não quero deixar você triste com isso, saiba que não sofri mais com a morte do meu pai do que com a ausência dele em minha vida. Como posso sentir saudades da pessoa que mais tentou me matar? Eu não sei dizer.

Mas vou mudar de assunto, meus irmãos e eu vamos ajudar no treinamento de novos gennins em breve. Temari insistiu nisso desde que voltamos de Konoha, ela diz que quer ajudar na formação de novos shinobis na vila. Que é a vocação da vida dela. Acho que ela deve ter aprendido isso com você. Na verdade, todos nós aprendemos muito com você, Sayuri. Eu pelo menos aprendi muito.

Lovely Lily #1 - Sabaku No GaaraOnde histórias criam vida. Descubra agora