capítulo XVI

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Heloísa Sampaio

Andava de um lado para o outro dentro do meu apartamento esperando ansiosa pela chegada de Stênio, já fazia mais de meia hora que ele tinha avisado que estava saindo da mansão de Olavo e Carmen, e até agora não chegou.

Olhava sem parar para o meu celular esperando um sinal de vida, uma mensagem, uma ligação... Qualquer coisa que fosse. O que me acalma é saber o quão competente ele é como policial, a ponto de conseguir se livrar com mais facilidade de situações de risco.

O ponto é que se ele tivesse sido surpreendido sem esperar por algo, totalmente desarmado, já seria tarde demais pra nós dois.

Balanço a cabeça tentando afastar esses pensamentos, tentando pensar positivo e imaginar que ele só pegou trânsito, que ele acabou demorando mais do que deveria por lá.

Qualquer coisa que me acalmasse.

O som da campainha invade o silêncio do apartamento, me obrigando a correr até a porta torcendo para que fosse ele.

— Puta merda, Stênio. Que demora foi essa? Já tava imaginando que tinham descoberto tudo. — comecei a falar sem deixar que ele desse um boa noite que fosse.

— Ou, ou. Calma! — segurou meus ombros com as duas mãos, fazendo um sinal para que eu desacelerasse. — Só tava muito trânsito no caminho e eu tive que vir de uber, já que eu bebi cerveja com o Olavo.

Revirei os olhos ao me dar conta de quão certinho ele é, ao ponto de em hipótese alguma pegar o carro depois de dar um golinho que seja em qualquer tipo de bebida alcoólica.

Típico!

— Quer uma água, alguma coisa pra beber? — perguntei, antes de me sentar na banqueta que havia no balcão da cozinha.

— Não quero, tô de boa. Só precisava conversar com você antes que a gente se meta em mais alguma furada.

Stênio estava começando a me deixar preocupada com a situação que nós dois estávamos nos metendo, principalmente estando tão no escuro como estamos, só com suposições.

— Fala logo, ô Stênio. Tá me deixando nervosa. — bati a mão na banqueta na minha frente, pedindo que ele se sentasse ali.

Em silêncio ele se aproximou, encaixando seu corpo entre as minhas pernas. Próximo... Muito próximo de mim.

— Calma, Helô. Não precisa ficar nervosa desse jeito... Tá tudo bem, eu tô bem, nada aconteceu. Eu só queria conversar com você sobre o que eu vi lá, mas ninguém tá desconfiado, ninguém tá de olho na gente. Relaxa.

Stênio colocou as mãos em meus braços, apertando levemente tentando me passar algum conforto. Sempre fui muito desesperada em algumas situações, principalmente as de perigo iminente.

Me apavora só de pensar em nos colocarmos em alguma furada e acabarmos sendo pegos por esses caras, ainda mais se meterem uma arma na minha frente. Fico toda arrepiada só de pensar nessa possibilidade.

— Tá bom, Stênio. Desculpa ter ficado apavorada, mas você sumiu e não chegava logo, achei que eles tivessem pego você.

— Pode ficar tranquila, Helôzinha. Vai ser difícil você se livrar de mim. — deu uma piscadinha cafajeste, encostando seu nariz na minha bochecha em uma carícia leve.

Fechei meus olhos aproveitando a sensação de ter seu corpo tão próximo ao meu, se unindo como se fossem dois imãs que não conseguem ficar longe.

Maldito perfume delicioso, maldita voz rouca que me deixa com as pernas bambas e maldita a lábia boa desse delegado.

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