capítulo XVIII

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Heloísa Sampaio

Minha cabeça se encontra em total confusão nas últimas semanas, como se nem eu mesma estivesse sendo capaz de manter a racionalidade das minhas ações. O que é extremamente preocupante, bom reforçar.

— Você tem certeza que vai ser rápido, Stênio? — perguntei pela milésima vez, sentindo minha respiração falhar de tanto nervoso.

Estamos na casa de Olavo e Carmen para um churrasco de aniversário de casamento dos dois, o casal havia decidido trocar o jantar chique por uma pool party devido ao calor extremo que estava na cidade.

A mudança tinha sido boa para nós dois, já que os convidados ficariam aglomerados do lado externo da mansão, deixando o espaço livre para que Stênio conseguisse entrar no escritório com mais facilidade.

O problema é que eu precisava arrumar um jeito de entreter o casal pra garantir que não iriam para o lado de dentro da casa enquanto ele estivesse lá, o que não seria uma tarefa muito difícil se Carmen não resolvesse inventar alguma loucura, como sempre fazia.

— Eu só preciso de 10 minutos lá dentro, nada mais que isso. — confirmou, me abraçando pela cintura já que estávamos no meio do restante do pessoal.

O ideal era parecer o menos suspeito possível, como se fôssemos apenas mais um casal normal. Passei os braços pelo seu pescoço, encostando minha cabeça no seu cangote para que só ele ouvisse meus sussurros.

— Precisamos de um código caso as coisas deem errado, algo rápido pra eu te falar e você sair correndo de lá. — fingi um carinho em sua nuca, abrindo um sorriso ao senti-lo arrepiar.

— Me liga. — ele sussurrou de volta, passando a mão pelo meu corpo coberto apenas por uma saída de praia transparente, parando quase no limite da minha bunda. Não fazia mal nenhum tirar uma casquinha do meu corpo quase seminu. — Se meu celular tocar eu sei que é você, saio de lá na mesma hora.

Por algum motivo que eu não consigo entender muito bem, sentia meu peito se apertar ao imaginar o risco que estávamos correndo nesse momento. Mesmo que houvesse uma equipe de policiais do lado de fora vigiando, tudo poderia acontecer rápido demais, a ponto de ninguém conseguir fazer nada.

Apertei o pescoço de Stênio com mais força em meus braços, numa forma singela de demonstrar que estava nervosa com tudo aquilo. Torcia para que, mesmo no nosso pouco tempo de convívio, ele conseguisse ler nas entrelinhas tudo que se passava na minha cabeça.

— Ei, olha pra mim. — afastou seu corpo do meu, me obrigando a olhar diretamente nos seus olhos. — Você confia em mim?

Simplesmente a pergunta mais idiota que ele já tinha me feito em todas essas semanas... Como eu poderia não confiar em alguém que eu deixo minha vida nas mãos praticamente todos os dias?

Confio em Stênio Alencar desde o primeiro dia, desde quando decidi metê-lo nessa furada. Não havia ninguém no mundo que pudesse ocupar esse lugar, que fizesse eu me sentir tão segura mesmo em uma clara situação de risco.

— Confio! Claro que confio. — disse firme, querendo demonstrar que não havia incertezas nessa afirmação.

— Então, faz o que eu te pedi e me espera, que eu já volto pra você. — sorriu.

E mesmo que tudo fosse apenas parte do nosso plano de parecer um casal de apaixonados, eu me deixei levar um pouco naquele sorriso. Não deveria, mas me deixei viver aquele momento.

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