capítulo XXXII

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Heloísa Sampaio

Hoje era a festa de comemoração do escritório, que mesmo após diversos pedidos de Stênio para que adiássemos, aconteceria a todo vapor em um salão de festas que Guida e eu alugamos.

O combinado era de que Creusa ficaria com Cecília no apartamento, além da presença de vigias redobrada enquanto estivéssemos fora. O delegado, obviamente, viria junto comigo para garantir a minha segurança. Pelo menos era o que ele acreditava ser sua motivação.

— Nossa, tá lotado isso aqui, Helô. — comentou assim que adentramos o enorme salão.

Como eu não estava podendo sair de casa por motivos óbvios, Guida cuidou de toda a organização da festa, então tudo também era surpresa pra mim. Sempre fazemos essa comemoração para garantir o networking tanto com outros escritórios da cidade, quanto com nossos clientes fiéis.

— Ficou lindo demais! A Guida arrasou. — elogiei, puxando o homem pelo braço até o balcão onde serviam as bebidas. — Vai querer beber o quê?

— Tô dirigindo, Helô.

Revirei os olhos, ainda sem acreditar que esse homem conseguia realmente ser incorruptível a todo momento. Não havia deslizes, ele era sempre o mais certinho, o mais regrado.

Depois de cumprimentar alguns clientes, fazer algumas fotos ao lado de Guida e fazer um breve discurso de início de festa, me sentei em uma mesa para descansar os pés devido ao salto alto que já estava me apertando.

— Você tá linda hoje. — Stênio soltou do nada, me olhando com um olhar que poderia me desestruturar completamente.

E talvez, só talvez, esse olhar também fosse capaz de conseguir de mim o que ele quisesse. A todo momento.

Naquela noite, eu optei por usar um vestido preto bem longo de um ombro só. Na parte lateral havia uma fenda que subia até quase atingir minha intimidade, me deixando com um ar mais sexy. Meu cabelo estava solto e cacheado, do jeito que eu me achava mais sedutora e bonita.

— Obrigada. — sorri, segurando sua mão junto da minha.

Não nos desgrudamos em nenhum momento na festa, em todos os lugares que eu ia, sempre o puxava junto comigo. Mesmo que existisse o pretexto de que ele tinha que garantir minha segurança, esse não era o motivo real de ficarmos juntos.

Nós ficamos perto porque queremos estar perto, porque a festa fica mais divertida se ele estiver parado do meu lado parecendo um segurança prestando atenção em tudo que eu faço.

O clima estava tão gostoso, tão leve. Mas como nem tudo é totalmente fácil, alguma coisa sempre tem que vir pra balançar tudo.

— Helô. — Guida apareceu do meu lado branca feito papel, a respiração acelerada mostrando que ela estava realmente nervosa.

— Que foi? Parece que viu um fantasma. — brinquei, sem entender de onde vinha todo aquele desespero da minha amiga.

— Você convidou o Ricardo?

Sua pergunta me desestabilizou por um momento, deixando minha visão até um pouco embaçada, sem entender de onde vinha esse questionamento.

— Eu? Não! — no desespero, passei meu olhar pelo salão, topando justamente com quem não deveria, fazendo o rapaz vir andando na nossa direção. — Não, não, não. Porra! — sussurrei pra mim mesma, tentando me recompor rapidamente.

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